
Falar sobre feminicídio não é apenas falar de estatísticas.
É falar de histórias interrompidas, de vidas que não deveriam ter sido perdidas e de uma cultura que, muitas vezes, sustenta a violência sem perceber.
Como psicóloga, vejo o impacto emocional dessa realidade na vida de tantas mulheres.
Mas hoje, mais do que acolher essa dor, preciso fazer um convite importante — especialmente aos homens.
Por isso, quando falamos de prevenção, não estamos falando apenas de leis ou números: estamos falando de consciência social.
Muitos acreditam que feminicídio é um episódio extremo e distante. Mas a verdade é que ele começa muito antes: no silêncio diante de uma piada machista, na minimização de um comportamento abusivo, na crença de que “não é problema meu”, na falta de intervenção quando um amigo passa dos limites, na normalização do controle e do ciúme como prova de amor.
A violência que tira vidas é construída por comportamentos que passam despercebidos todos os dias.
E é por isso que vocês, homens, têm um papel essencial. Não como culpados individuais, mas como agentes de transformação dentro dos espaços onde outros homens escutam vocês.
Educar outros homens é um ato de coragem. Interromper piadas, questionar atitudes, acolher mulheres que pedem ajuda, observar sinais de abuso, orientar filhos e adolescentes — tudo isso salva vidas.
Quando vocês se posicionam, a cultura muda.
Quando vocês escutam, a consciência se amplia.
Quando vocês se responsabilizam, a violência perde força.
Porque o silêncio também destrói. E a responsabilidade de construir um mundo mais seguro para as mulheres não é somente delas — é, profundamente, de vocês também, em nome de suas mulheres e de todas!
Se você é homem, reflita sobre o que reproduz, sobre o que ignora, sobre o que permite e sobre o que pode transformar. As mudanças começam em gestos simples, mas consistentes.
E para as mulheres que vivem essa dor ou o medo de chegar a ela, eu quero dizer: você não precisa enfrentar isso sozinha. Procure ajuda. Fale.
Você tem o direito de viver uma vida tranquila, respeitada e segura. Existe ajuda, existe acolhimento e existe caminho.
Eu sigo aqui, com escuta, respeito e responsabilidade.
Sou Joana Santiago – Psicóloga
