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Além de dar apoio emocional, familiares formam uma rede de cuidado essencial na recuperação do paciente oncológico.

Quando uma pessoa descobre o diagnóstico de câncer é normal que ela passe a ser o centro das atenções e dos cuidados da família. Nesse momento, alguns parentes mais próximos, como cônjuge, filhos, pais ou irmãos podem assumir o papel de cuidador da pessoa com câncer e, ao desenvolver este papel, pode acontecer de deixar de lado os próprios cuidados e necessidades. Além disso, cuidar de uma pessoa doente pode causar alguns desgastes físicos e emocionais no cuidador também.

Nesse contexto, gostaria de falar da importância do apoio psicológico e dos grupos de apoio para os doentes e familiares de pacientes com diagnóstico de câncer.
Você sabia que um acompanhamento psicológico também pode intervir em caráter preventivo desde o diagnóstico de câncer? Investigando como o indivíduo entende o estado de doença, suas crenças sobre ela e o tratamento, o profissional da área de psicologia poderá analisar como estas percepções podem afetar os resultados do tratamento, intervindo precocemente, aumentando as expectativas de recuperação psicológica e emocional do paciente e da família.

É papel do psicólogo auxiliar a família em sua reestruturação emocional nesse momento. Ele poderá desenvolver com os membros da família estratégias de enfrentamento adaptativas de como lidar com a situação e com o paciente, proporcionando contribuir positivamente com o tratamento.

Como o acompanhamento psicológico e os grupos de apoio ajudam o paciente e familiares?

O acompanhamento psicológico durante o tratamento do câncer ajuda na adaptação da nova realidade do paciente e seus familiares, buscando meios de conviver com a doença da melhor forma, até que, caso seja possível, possa retornar à condição de vida anterior ao câncer, com todos os novos significados e reflexões que cada momento desta caminhada traz.  Ninguém sai igual de um câncer, as formas e histórias são as mais variadas. Além disso, a psico-oncologia proporciona o bem-estar emocional, maior conhecimento da doença e alivia a carga negativa ainda associada ao câncer.

Com os avanços da medicina, o câncer deixou de ser uma sentença de morte. Hoje, o tratamento de pessoas diagnosticadas com neoplasias (tumores) elevou significativamente as chances de remissão da doença. No entanto, é preciso combater o estigma com apoio e informação.

Nem sempre é fácil compreender tudo o que está acontecendo ou lidar com as transformações que ocorrem no corpo e na rotina em função do câncer. Por isso, é importante cuidar dessas questões, para combater a doença da melhor maneira possível e amenizar os impactos causados pelo adoecimento.

Onde encontrar apoio?

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o acompanhamento psicológico deve valer-se para todos os pacientes. É possível encontrar psicólogos que trabalham com pacientes oncológicos em hospitais, clínicas ou consultórios particulares. Com toda esta gama, também há variação de formatos de atendimento que podem ser remotos, presenciais, individuais ou em grupo. Existem também grupos ligados a instituições religiosas e na internet, mas o ideal é que o hospital te auxilie nessa escolha.

Não existe uma abordagem correta ou errada de enfrentar o câncer e o seu tratamento, mas a psicologia deverá estar atenta às diferentes manifestações diante da nova realidade para agir, quando necessário, auxiliando os envolvidos a encarar a situação, mantendo a qualidade de vida e promovendo a saúde tanto do paciente com câncer quanto de seus familiares. O importante é que o paciente encontre aquele que o traz mais conforto para combater a doença. 

Vencer o câncer é mais fácil quando se está cercado de amor.

Sou Joana Santiago – Psicóloga

A Psico-Oncologia trata dos aspectos emocionais dos pacientes com câncer e de sua rede de apoio.

Receber o diagnóstico de câncer nunca é fácil e sempre vem associado com uma forte carga emocional, que envolve a tríade paciente-família-equipe. O processo oncológico sempre vem associado à morte e ao sofrimento físico, comumente relacionado à dor e degradação, o que passou a simbolizar para as pessoas uma patologia que traz um intenso abalo emocional e físico que acaba por afetar toda a estrutura familiar. Rotulada como uma doença dolorosa e mortal, o paciente comumente vivencia no tratamento, geralmente longo, perdas e sintomas variados, ocasionando prejuízos, muitas vezes irreparáveis.

O paciente com câncer, em virtude de sua vulnerabilidade, não traz uma demanda apenas biológica, traz também uma demanda psicológica e social, uma vez que receber o diagnóstico de câncer pode acarretar mecanismos de isolamento e de negação da doença, ou até mesmo uma forte resistência em iniciar o tratamento.

Como isso é feito? Oferecendo suporte emocional para que o paciente possa expressar seu sofrimento, compreender as dificuldades do momento vivido, perceber as situações que lhe mobilizam emocionalmente e instrumentalizá-lo para lidar da melhor maneira possível com as alterações e limitações impostas pela doença e pelos tratamentos.

A Psico-Oncologia trata dos aspectos emocionais dos pacientes com câncer e de sua rede de apoio. O seu principal objetivo é buscar a melhor forma de intervenção para reduzir o sofrimento do paciente durante o processo do adoecimento e de prestar suporte a familiares e pessoas próximas.

Neste caso, a psicologia não trabalha com fatores que desencadeiam a doença e sim com os aspectos a ela relacionados e com a subjetividade do sujeito buscando identificar os aspectos psicológicos que se manifestam frente a suas fantasias, medos, desejos, emoções, crenças, frustrações, etc., e que tenham relação com a enfermidade. Entre os objetivos está a valorização dos aspectos subjetivos intrínsecos muitas vezes negligenciados ao longo da vida e que, uma vez despertados, contribuem para o fortalecimento da autonomia e resiliência no enfrentamento.

A Psico-Oncologia vem desenvolvendo diferentes técnicas de manejo aos pacientes para que utilizem seus recursos psíquicos no enfrentamento da doença. Com os familiares ou cuidadores é preciso apoio para que estes atuem como participantes de todo o tratamento, proporcionando estratégias de autocuidado e fortalecimento, visando também a manutenção de sua própria saúde física e mental.

Durante o tratamento, a angústia e a ansiedade estão presentes e por este motivo é recomendado que tanto paciente como os familiares procurem ajuda ou orientação de um profissional de psicologia, pois sabe-se que o tratamento é muito penoso, além dos efeitos físicos, comprometendo a autoestima, a imagem corporal e a identidade. Esse sofrimento é agravado por significados relacionados à culpa, punição, deteriorização, dor e morte.

O psicólogo é o profissional que atende à necessidade de escuta ao paciente, sem julgamentos nem interpretações prévias, considerando a vulnerabilidade e fragilidade diante de um adoecer ainda permeado de fantasias que dificultam a compreensão do julgamento da realidade e as possibilidades de um bom enfrentamento, contribuindo para estabilidade emocional e encorajamento do paciente para se adaptar a melhor forma de conviver com a nova realidade de vida.

Sou Joana Santiago – Psicóloga