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A necessidade de conversar com os jovens sobre as dores que eles sentem é urgente. É importante saber lidar com frustrações e conflitos sem se machucar e sem machucar o outro.

A automutilação é o termo utilizado para designar a pessoa que pratica o ato de se cortar em alguma parte do corpo, para obter, de uma forma desesperada, um alívio de uma dor psíquica intensa. 

O comportamento é conhecido como “cutting”, que significa “corte” em inglês. Após o ato, surge o sentimento de vergonha, sendo preciso esconder os cortes para evitar um outro sentimento: a culpa por estar agindo assim. 

É um tema muito delicado nas conversas entre pais e filhos, principalmente pela falta de informação e preparo para explorar sentimentos relacionados a essa situação.

A adolescência e os primeiros anos da vida adulta são um período de grandes mudanças na vida. Trocar de escola, começar a faculdade, sair de casa e buscar emprego pode ser muito emocionante para alguns, mas outros são tomados pelo sentimento de apreensão e acabam ficando estressados.

O sinais da automutilação 

É um terrível engano acreditar que somente indivíduos adoecidos mentalmente podem provocar em si a automutilação ou autolesão.

Autolesão ou lesão autoprovocada intencionalmente é qualquer lesão intencional e direta dos tecidos do corpo provocada pela própria pessoa, mas sem que haja intenção de cometer suicídio. A forma mais comum de autolesão é a utilização de um objeto afiado para cortar a pele. No entanto, o termo descreve uma ampla diversidade de comportamentos, incluindo queimaduras, arranhões, bater em ou com partes do corpo, agravar lesões existentes, arrancar cabelos ou ingerir objetos ou substâncias tóxicas.

Pessoas que sofrem deste distúrbio, comumente se fecham no quarto, ficam trancados no banheiro em banhos de longo período, recusam-se a participar de atividades em conjunto com os familiares e colegas que sejam necessárias a utilização de roupas curtas. Frequentemente usam blusas de manga comprida e calças, mesmo se o clima estiver quente, com o intuito de esconder os cortes. 

É uma prática que acomete principalmente adolescentes dos 12 aos 17 anos de idade. Existem relatos de crianças com idades de 8 a 10 anos, e de adultos com este tipo de comportamento, no entanto, são em menor proporção.

As possíveis causas deste comportamento

Os educadores pedem socorro. Os pais não sabem como lidar com essa situação.  Mas afinal, o que leva os jovens a esse comportamento? Ou seria outra a pergunta: o que esse comportamento leva aos jovens?

No momento intenso da dor a solidão toma conta, o coração acelera, dores estomacais surgem, as pernas tremem e um turbilhão de pensamentos negativos perturbam a mente cansada, a ponto de realizarem o ato novamente, novamente e novamente… 

As emoções negativas perturbam, enlouquecem, e o que se vê é a única possibilidade de resolver os conflitos internos com os cortes. O triste é que parece uma droga viciante e de difícil controle, pois não há outra alternativa quando o organismo, como defesa, foca numa única dor, ou seja, a dor provocada pelos cortes, a dor psicológica consequentemente diminui, o que causa o alívio da dor emocional. 

A demora para buscar ajuda pode desencadear um Transtorno Depressivo maior, o Transtorno Obsessivo Compulsivo, mais conhecido como TOC, o Transtorno de Ansiedade Generalizada e, em alguns casos, o suicídio. 

Relação entre automutilação e depressão

De forma breve, a depressão é uma doença psicológica que incapacita a pessoa, reduzindo drasticamente seus parâmetros de sofrimento. Desse jeito, ela sofre em excesso por coisas que antes não provocavam tanta dor nela.

Então, a relação da depressão com a automutilação vem da redução do prazer e do excesso de pensamentos torturantes e autodepreciativos. Esses, em vários casos, levam a pessoa a querer transferir a sua dor emocional para o corpo, para sentir dor física, como meio de aliviar, de alguma forma, todos aqueles sentimentos e pensamentos ruins.

Onde buscar ajuda?

Para você que é pai, mãe ou professor de jovens, garanta que você esteja presente e situado na vida de seu filho/aluno o máximo possível. É nos detalhes do convívio que conseguimos identificar o que está acontecendo com a pessoa.

Entretanto, é importante saber os limites da privacidade e garantir que a sua relação seja respeitosa. Quando o adulto se mantém presente, mostrando ser um ponto de apoio confiável e seguro para o adolescente, os riscos de uma automutilação acabam diminuindo.

Além disso, monitore se esse adolescente passou por algum luto recente ou alguma situação que esteja demandando muito o lado emocional. Visto que o jovem ainda está em processo de construção da sua estrutura emocional, algo que para você pode parecer banal, para ele, pode estar gerando uma grande dor sentimental – com a qual ele não consegue lidar.

Com o tratamento adequado e a ajuda psicoterapêutica e/ou multidisciplinar, seu filho pode melhorar. O papel do psicólogo nesse caso é ajudar a compreender o que está acontecendo e encontrar outras possibilidades para o alívio da tensão emocional. 

Além do mais, auxiliar a lidar com situações difíceis positivamente, ajudar o indivíduo a ser autêntico, responsabilizar-se por seus atos e escolhas. Melhorar a autoestima, a tomada de decisões, e como consequência, os relacionamentos familiares, amorosos e sociais. 

E você, está passando por uma situação dessas em sua casa? Então, não deixe de procurar ajuda! 
Entre em contato.

Sou Joana Santiago – Psicóloga