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Palavra de origem inglesa que designa atos de agressão e intimidação repetitivos contra um indivíduo que não é aceito por um grupo, geralmente na escola.

Muito mais do que brincadeiras, piadinhas e apelidos considerados normais nas relações entre crianças e adolescentes na fase escolar, o bullying consiste em uma forma de violência física e psicológica que acontece intencional e repetitivamente, e que pode desencadear graves transtornos na vítima.

O termo tem sua origem na palavra inglesa “bully”, que significa “valentão” ou “brigão”. No Brasil, é utilizado para designar ações violentas contínuas e conscientes contra uma pessoa tida como mais fraca e indefesa.

De acordo com a Lei Antibullying (Lei 13.185/15), essa intimidação sistemática pode se dar por meio de agressões físicas, expressões depreciativas, ameaças, perseguição, chantagem, isolamento social etc. Em geral, tais práticas aparecem quando existem diferenças tratadas de maneira discriminatória, bem como disputa de poder entre os estudantes.

Como acontece o bullying

O bullying acontece de diversas maneiras: pode ser expresso por apelidos vexatórios e sistematicamente utilizados, pela perseguição à vítima, pela humilhação diante de um público, pela exposição por suas características físicas ou psicológicas, chegando, em muitos casos, a agressões físicas que podem provocar lesões corporais.

Uma matéria publicada na revista Super Interessante, fala que, até a década de 1970, a sociedade não via o bullying como um problema, mas como uma fase normal do desenvolvimento infantil. Infelizmente, algumas pessoas ainda mantêm a mentalidade retrógrada de encarar o bullying como uma brincadeira ou um comportamento social normal, em que uns são dominados por serem mais fracos e outros são dominantes por serem mais fortes. Esse comportamento negligente de algumas famílias e, às vezes, até de profissionais da educação pode provocar na vítima a sensação de impotência e a crença de que o erro está nela, que não consegue defender-se sozinha.

As crianças e adolescentes que praticam o bullying procuram alvos fáceis, normalmente crianças menores e sem comportamento agressivo. Não podemos simplesmente julgar e condenar esse tipo de comportamento quando se trata de menores de idade, pois geralmente ele se revela em pessoas que passam por problemas emocionais e psicológicos que, muitas vezes, originam-se no ambiente familiar.

Quais são os principais tipos de bullying?

Como dito, o problema pode se manifestar de inúmeras formas. Vale ressaltar que, na maioria das vezes, há uma associação ou uma simultaneidade entre os atos que caracterizam os diferentes tipos de bullying. Abaixo, listei os principais para você conhecer.

Físico

Esse tipo de abuso é revelado por meio de ataques físicos, como chutes, tapas, socos, empurrões, bloqueios de passagem e outras atitudes cujo toque confunde-se com força bruta. Importante dizer que, muitas vezes, tais atitudes são encaradas como “brincadeiras entre colegas”, o que não é verdade, uma vez que violência nada tem a ver com descontração.

Social

A prática de bullying social consiste em excluir, ignorar ou isolar de maneira sistemática determinado estudante. O isolamento social faz com que a vítima se torne gradualmente mais retraída e não queira mais frequentar a escola, visto que acredita que não tem valor e não é desejada em nenhum ambiente. Não podemos confundir este comportamento com a cultura do cancelamento, que será o próximo tema abordado.

Psicológico

O bullying psicológico é caracterizado por manipulações, perseguições, chantagens, ameaças e discriminações que as vítimas sofrem em virtude de sua cor de pele, aparência, religião, gênero, orientação sexual, situação socioeconômica ou outras razões. Ele é tão sério que pode desencadear quadros graves de fobia social, ansiedade e depressão em quem sofre essas agressões.

Verbal

O verbal aparece nos xingamentos, nas piadas ou nos rótulos. Em casos assim, determinado estudante, por ser considerado “fora do padrão” e não “pertencente” ao grupo, é perseguido pelos seus colegas por meio de apelidos vexatórios. As consequências são igualmente danosas: as vítimas podem se tornar adultos extremamente inseguros, dependentes, com dificuldades de estabelecer relações e com a saúde mental comprometida.

Material

Esconder, rasgar, danificar, sujar ou destruir objetos da vítima são formas de intimidação classificadas como bullying material. O agressor acredita que, dessa maneira, ele se mostra superior, corajoso e perigoso não só para o colega agredido, como para todos os demais.

Cyberbullying

Escondidos atrás de uma tela e protegidos pelo anonimato, os agressores atacam outros estudantes com fofocas, “memes”, imagens ou vídeos humilhantes exibidos em sites e redes sociais. Esse tipo de bullying configura uma invasão de privacidade e causa sofrimento, temor e constrangimento. O cyberbullying surge paralelamente ao desenvolvimento da internet, ou seja, é mais recente. Lamentavelmente, os casos vêm crescendo de modo exponencial.

Consequências do bullying

O bullying pode trazer diversas consequências em suas vítimas. Normalmente, as agressões e a exclusão do grupo levam o indivíduo que sofre a um quadro de isolamento social. Devido aos maus tratos e ao sentimento de não pertencimento ao grupo, a vítima vê-se como alguém estranho, diferente e que não pertence àquele local. Ao não conseguir escapar das situações e não encontrar apoio entre os amigos (muitas vezes as vítimas não conseguem desenvolver laços afetivos no seu ambiente social por conta das agressões) e os familiares (normalmente elas não comentam o que se passa com a família por medo), o quadro de isolamento começa a causar danos psicológicos que podem levar à depressão, ao transtorno de ansiedade, à síndrome do pânico e a outros distúrbios psiquiátricos, além de gerar traumas que acompanharão a vítima por toda a sua vida se não tratados adequadamente.

Algumas vítimas do bullying que desenvolvem distúrbios psiquiátricos ou que se encontram momentaneamente abaladas psicologicamente podem procurar válvulas de escape, como as drogas e o álcool, na fase em que as agressões estão ocorrendo ou na fase adulta para lidar com os traumas deixados. Também pode acontecer de o indivíduo desenvolver um comportamento violento e repetir as agressões que sofreu com outras pessoas. Nos casos extremos, a vítima encontra no suicídio a única saída para lidar com o seu sofrimento.

Como identificar o alvo do bullying

As vítimas mais comuns do bullying são pessoas que não se enquadram no padrão aceito como normal para a sociedade, que é repetido e intensificado dentro do universo adolescente. 

É necessário que as famílias e os profissionais da educação estejam atentos ao comportamento das crianças e dos adolescentes para que identifiquem as possíveis vítimas de bullying. Se a criança ou adolescente começar a apresentar um quadro de isolamento, introspecção e agressividade, os familiares devem investigar para saber a causa. Se os profissionais da educação perceberem as agressões, devem agir de maneira a encerrar a prática do bullying sem expor a vítima e oferecer a ela apoio emocional.

Como solucionar esse problema social

Os melhores meios de combate ao bullying são a conscientização e o diálogo. Conversas dos pais com seus filhos, campanhas de conscientização nas escolas e diálogo dos profissionais da educação com os estudantes são as melhores formas para acabar com essa prática.

Quando identificado o bullying é necessário que se converse com as vítimas para oferecê-las apoio emocional e também com os agressores, a fim de descobrir o motivo das agressões e conscientizá-los dos danos que eles podem causar ao outro.

A família dos agressores também deve agir para que o quadro de agressão não se repita e, em hipótese alguma, deve-se utilizar da violência para coibir a prática do bullying, pois o efeito pode ser oposto ao desejado. Os pais devem estar atentos aos jovens e sempre manter o diálogo e a comunicação com eles para evitar que ocorra qualquer tipo de situação de agressão sistemática.

Tanto o agressor quanto a vítima precisam de apoio e acompanhamento de um psicólogo – o primeiro, para que seja possível compreender a origem de seus comportamentos e para que ele possa reconhecer a gravidade de seus atos; o segundo, para que resgate e fortaleça sua autoestima.

É fundamental destacar a educação socioemocional como uma importante aliada no combate ao bullying e na diminuição dos conflitos no ambiente escolar. Se você quiser ter acesso a mais informações sobre esse tema, deixe seu comentário aqui no blog ou entre em contato comigo.

Sou Joana Santiago – Psicóloga