O carnaval tem uma função positiva e nos ajuda a vivenciar outros aspectos psicológicos.

O Carnaval no Brasil é muito mais do que uma simples festa, é uma experiência cultural única que atua profundamente no psicológico das pessoas.

Desde a antecipação dos preparativos até a energia contagiante dos desfiles e bailes, o Carnaval desperta uma variedade de emoções, desde a excitação até a liberação de tensões acumuladas. É um período em que as barreiras sociais parecem desaparecer, dando lugar a uma sensação de liberdade e pertencimento.

As pessoas se permitem expressar suas identidades de maneira mais intensa, seja através de fantasias coloridas ou simplesmente mergulhando na música e na dança. Essa celebração coletiva não só fortalece os laços comunitários, mas também oferece uma pausa bem-vinda na rotina, para aqueles que não gostam de tumulto, proporcionando um alívio temporário do estresse do dia a dia, simplesmente tirando os dias para relaxar.

Por outro lado, o Carnaval também revela aspectos interessantes do comportamento humano, como a busca pelo prazer imediato e a tendência ao escapismo. Durante esse período, muitos se entregam a excessos, buscando fugir das preocupações cotidianas e se permitindo viver o momento presente de forma intensa. No entanto, é importante lembrar que, assim como qualquer festividade, o Carnaval também pode trazer à tona questões emocionais e sociais mais profundas, como a solidão, a ansiedade e até mesmo conflitos identitários.

Portanto, é essencial abordar essa celebração com uma perspectiva de equilíbrio, aproveitando a alegria e a camaradagem que ela oferece, mas também reconhecendo as necessidades individuais de autocuidado e reflexão.

Não se esqueça: brincar ou relaxar no Carnaval é importante, mas também é fundamental manter a terapia em dia para cuidar da saúde mental e emocional. 

Sou Joana Santiago Psicóloga

Medicamento para sedar animais gera onda de overdoses nos EUA.


A natureza da dependência química

A dependência química é uma doença crônica que está presente em diferentes classes ou contextos sociais, direta ou indiretamente. Quando um indivíduo usa uma droga, em geral, está de alguma forma em busca da sensação de prazer. Esta sensação é determinada pelo sistema de recompensa que existe em todos os seres humanos, devido à grande liberação de neurotransmissores, como a dopamina. Para experimentar novamente a sensação, a pessoa usa a droga novamente.

Com base no que foi mencionado acima e no meu post anterior sobre Dependência Química, gostaria de compartilhar uma matéria que saiu em 29/09/23 no O Globo.com, que mostra vídeos de pessoas em estado “zumbi” e o aumento da onda de mortes por overdose nas ruas de São Francisco, Califórnia.

A matéria fala do uso da xilazina, um medicamento de uso veterinário, de baixo custo, usado para sedar animais como cavalos, bois e outros mamíferos. Traficantes têm misturado o fármaco a outras drogas letais, como o fentanil, nos Estados Unidos, visando aumentar os lucros. O governo americano classificou a xilazina como uma “ameaça emergente” à saúde pública, sendo o opioide 50 vezes mais forte que a heroína. O consumo indiscriminado de xilazina é mais difícil de ser tratado do que o de outras drogas, pois nunca foi aprovado para uso humano.

Desafios atuais e reflexões sobre dependência química

Ao contrário do que muitos ainda pensam, drogas não se restringem apenas a substâncias ilegais / ilícitas. Também são consideradas drogas substâncias lícitas, por exemplo: cigarro; álcool; as prescritas por médicos (como remédio para emagrecer, ou até mesmo antidepressivos); ou aquelas que podem ser compradas em mercados ou lojas (como solventes, cola de sapateiro, etc). Cada vez mais, usuários e dependentes descobrem uma nova droga, e a cada descoberta de uma substância que pode causar o prazer esperado, estes divulgam a outros, através do “boca a boca”, esta nova “descoberta”.

Vale muito nossa reflexão sobre o assunto que além de ser considerada uma questão de saúde pública tem o olhar da psicologia para que cada um, a seu modo, possa encontrar maneiras de colaborar na questão da prevenção ou reabilitação do uso de drogas; tendo a consciência, despida de preconceitos, de que a melhor forma de compreender o fenômeno é através de uma perspectiva sistêmica e não linear.

Levando sempre em conta a função dos sintomas, o que estes querem dizer e para onde estão apontando. Lembrando sempre que o indivíduo, no caso o usuário de droga, não é isolado, mas que pertence a vários sistemas; e que o tempo todo afeta e é afetado por estes. Desta forma, o fenômeno do uso de drogas é dinâmico, muito complexo e jamais pode ser visto isoladamente.

Vejo também a importância de adotarmos uma perspectiva social nesta reflexão e nos questionarmos sobre as razões de tantas pessoas buscarem as drogas. O que está ocorrendo no mundo que faz com que tantos precisem de um recurso para sentir prazer? Será que já não é possível lidar com as questões atuais e estamos tentando nos anestesiar? Uma reação de fuga da vida ou uma real busca pelo prazer? 

A dependência química é uma doença totalmente passível de tratamento, porém o primeiro passo é reconhecer tal necessidade.

Sou Joana Santiago – Psicóloga

Transtorno alimentar é uma condição de saúde mental que afeta os hábitos alimentares e a autoimagem.

Transtornos alimentares ou distúrbios alimentares são alterações nos hábitos alimentares associados a conflitos emocionais. Embora nem todos os casos sejam graves, essas condições podem afetar o funcionamento físico, psicológico e social na ausência de tratamento adequado.

Junto aos transtornos alimentares, ainda há a associação de pensamentos e emoções de angústia.

Se contabilizarmos todos os tipos de transtornos alimentares, é possível concluir que uma grande parcela da população convive com eles.

Um estudo científico publicado no International Journal of Eating Disorders, constatou que houve um aumento de 48% nas internações por conta dos transtornos alimentares na pandemia. 

Existe uma incidência maior em pessoas do sexo feminino, mas isso não quer dizer que homens também não sofrem com essa condição. 

Geralmente, os TAs são associados com preocupações acerca da comida, peso e forma do corpo.

Tudo isso pode ser intensificado com o padrão de corpo perfeito que é imposto nos dias atuais. Vale destacar que há algum tipo de preocupação das marcas em desconstruir esse padrão, mas nada ainda é definitivo.

Alguns dos principais sintomas dos transtornos alimentares são:

  • ansiedade;
  • baixa autoestima;
  • compulsão alimentar;
  • purgação por vômito;
  • uso de laxantes;
  • exercícios físicos compulsivos;
  • comer com restrição.

Tipos de distúrbios alimentares

Entre os principais tipos de distúrbios alimentares podemos encontrar:

  • Anorexia nervosa;
  • Bulimia;
  • Transtorno de Compulsão Alimentar (TCA);
  • Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica (TCAP);
  • Vigorexia.

Causas dos transtornos alimentares

Comer compulsivamente ou perder a fome a ponto desse comportamento comprometer seriamente a saúde pode ter uma série de causas.

A comida é refúgio para aquelas pessoas que apresentam dificuldade de verbalizar seus problemas, seja por medo ou por timidez. Problemas como depressão, ansiedade e situações de violência também podem desencadear quadros de transtorno alimentar.

Fortes impactos emocionais, como falecimento de um ente querido, separação, decepções amorosas ou perda de emprego, também podem desencadear problemas relacionados com transtornos alimentares.


O Manual de Diagnóstico e Estatística das Doenças Mentais (DSM) incluiu os transtornos alimentares em sua lista em 1994. De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) 4,7% da população brasileira apresenta algum tipo de transtorno deste tipo, como anorexia, bulimia e compulsão. Este problema atinge mais os jovens com idades entre 14 e 18 anos.

Como é feito o diagnóstico

O diagnóstico dos transtornos alimentares é feito pelo psicólogo ou médico psiquiatra.

São analisados os hábitos alimentares, as crenças pessoais e o impacto dos hábitos na saúde física do indivíduo.

No caso de crianças e adolescentes, as observações dos pais são fundamentais para chegar a uma conclusão. Pacientes nessas faixas etárias possuem dificuldade para compreender o significado de seus comportamentos e relatar o que está incomodando ao profissional.

A perda significativa e rápida de peso em crianças e adolescentes pode trazer graves consequências para a saúde. Por essa razão, assim que os pais identificarem algo atípico nos hábitos alimentares e na maneira como os filhos se referem a si mesmos, já podem consultar um profissional.

O diagnóstico precoce favorece o tratamento e reduz os riscos à saúde como um todo.

O tratamento

O tratamento é multidisciplinar, envolve Nutricionista, Endocrinologista, Psicólogo e Psiquiatra. A equipe precisa acompanhar o paciente e sua evolução constantemente.

Embora os sintomas dos transtornos alimentares sejam físicos, muitos deles são causados por problemas psicológicos, a partir de traumas e pensamentos negativos sobre o próprio corpo.

Por esse motivo, além do acompanhamento com médicos e nutricionistas, a psicoterapia é fundamental para a melhora de uma pessoa nessas condições.

O psicólogo é capaz de entender quais são os motivos pelos quais essas pessoas possuem baixa autoestima e, então, busca trabalhar essas questões, a fim de ressignificar esse sentimento e estimular a autoaceitação.


Sou Joana Santiago – Psicóloga

Setembro Amarelo marca a campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio. Durante todo o mês, a iniciativa tem como objetivo chamar a atenção para a importância de discutir e promover ações a respeito do suicídio.

Setembro Amarelo é um mês dedicado à conscientização e prevenção do suicídio. É um período em que a importância de saber ouvir e praticar a empatia com as pessoas ganha destaque. Em um mundo que muitas vezes parece estar cada vez mais isolado e estressante, demonstrar cuidado e compreensão pelos sentimentos e desafios dos outros é fundamental.

Este mês, a Associação Brasileira de Psiquiatria – ABP, em parceria com o Conselho Federal de Medicina – CFM, realiza no Brasil a campanha Setembro Amarelo® desde 2014. O lema escolhido para a campanha deste ano é “Se precisar, peça ajuda!”.

A campanha busca disseminar informações e quebrar tabus em torno das questões relacionadas à saúde mental e o estigma direcionado a pessoas que sofrem de transtornos mentais e os profissionais que lidam com estes casos. A campanha visa incentivar o apoio às pessoas e prevenir casos de suicídio.

O Brasil é um dos países com as maiores taxas de diagnósticos de transtornos de ansiedade e depressão. Estes transtornos são os principais fatores de risco associados ao suicídio. Registramos aproximadamente 14 mil casos por ano, ou seja, em média 38 pessoas cometem suicídio por dia.

A importância do saber ouvir!

A empatia nos permite entrar no mundo emocional de alguém, compreender suas dores e lutas, e oferecer apoio genuíno. Saber ouvir é uma das formas mais poderosas de expressar empatia. Às vezes, tudo o que alguém precisa é ter alguém disposto a escutar, sem julgamento, sem soluções prontas, apenas um ombro amigo e um ouvido atento.

Neste Setembro Amarelo, lembro a vocês que nossas ações e palavras podem fazer uma diferença significativa na vida daqueles que estão enfrentando momentos difíceis. Ao praticar a empatia e estar disposto a ouvir, podemos ajudar a quebrar o estigma em torno da saúde mental e, mais importante ainda, salvar vidas.

Sou Joana Santiago – Psicóloga

São diversas identidades na mesma pessoa, que numa simples conversa pode apresentar vozes diferentes, comportamentos variados, mudar de identidade ou de idade.

O Transtorno Dissociativo de Identidade é uma condição psiquiátrica em que um indivíduo apresenta traços de duas ou mais personalidades. As diferentes identidades dessa pessoa podem assumir o controle e reagir de maneiras completamente distintas nas mesmas situações. De forma geral, uma pessoa com esse transtorno tem lapsos profundos de memória, ou seja, momentos que lhe escapam e em que não sabe onde esteve; com quem e nem o que estava fazendo.

O programa do Fantástico entrevistou Giovanna Blasi, que mostrou pelo menos três diferentes identidades, uma delas, a Dandara, foi contra a gravação da entrevista: “Eu fui totalmente contra ela se expor, mas eu entendo o propósito dela”.

Não se tem uma resposta definitiva para a origem do problema, mas acredita-se que as múltiplas personalidades podem ser desencadeadas por situações traumáticas na infância, como abuso físico, sexual ou emocional. O transtorno pode ser uma forma de defesa do indivíduo para lidar com o trauma, separando as experiências e memórias dolorosas em diferentes identidades. Outros fatores, como vulnerabilidade genética, também podem desempenhar um papel na predisposição para o desenvolvimento do transtorno dissociativo de identidade.

O tratamento do transtorno dissociativo de identidade envolve uma abordagem multidisciplinar, com a participação de profissionais de saúde mental experientes. O objetivo principal do tratamento é promover a integração e a cooperação entre as diferentes identidades, reduzindo a fragmentação da personalidade e fortalecendo a capacidade do indivíduo de lidar com o trauma subjacente.

É importante ressaltar que o tratamento deve ser individualizado, adaptado às necessidades específicas de cada pessoa. O apoio contínuo da equipe de tratamento, o suporte social e o autocuidado são elementos essenciais para ajudar a pessoa a lidar com os desafios do transtorno dissociativo de identidade ao longo do tempo.

Veja a matéria completa no: https://globoplay.globo.com/v/11880016/

As causas que levam alguém a se tornar um dependente químico são diversas e nunca aparecem isoladamente. Desde um ambiente familiar frágil até a influência de amigos podem ser fatores determinantes na condição do indivíduo.

A dependência química é caracterizada pela necessidade e dependência de substâncias psicoativas, que podem incluir álcool, maconha, cocaína, medicamentos e calmantes. Essa condição é considerada um transtorno mental resultante do uso constante dessas drogas. Infelizmente, muitas vezes, os dependentes químicos são estigmatizados pela sociedade, sendo vistos como pessoas sem força de vontade, fracas e incapazes de abandonar o vício.

No entanto, é crucial compreender que a dependência química leva o indivíduo a perder o controle sobre o uso dessas substâncias, resultando em um declínio gradual de sua saúde emocional, física e psicológica. Diante dessa situação, é fundamental buscar ajuda profissional e apoio adequado para iniciar o processo de recuperação.

O que é a dependência química?

A dependência química foi demarcada e catalogada na Classificação Internacional de Doenças (CID) da Organização Mundial da Saúde (OMS) da seguinte forma:

Segundo o DMS-V (Manual Diagnóstico e Estatístico De Transtornos Mentais), a dependência se baseia em um padrão de uso de uma substância que provoca sofrimento ou prejuízo clínico e que impede o usuário de realizar atividades cotidianas e antes prazerosas, em detrimento do seu uso.

Esse padrão passa pelas fases de tolerância e abstinência, caracterizando um ciclo vicioso em que, apesar do malefício evidente da substância, o usuário acaba se tornando escravo de seus efeitos.

O uso das substâncias não é mais uma questão a ser decidida pelo usuário, ele é um mero fantoche de seu vício. Existem fatores bioquímicos envolvidos, que fazem com que a droga seja o principal combustível para a existência do indivíduo.

Prevenir é a melhor escolha

Evitar entrar no ciclo de tentativa de usar drogas é o melhor a ser feito.
Se estamos falando sobre uma pessoa que se encontra no quadro de dependência química e quer prevenir novas recaídas, sugere-se que o paciente mantenha o acompanhamento de profissionais especializados e o apoio de pessoas queridas, que podem ser amigos, familiares.

Como conviver com o prognóstico?

A dependência química geralmente representa um impacto profundo em diversos aspectos da vida do indivíduo e também daqueles que estão ao seu redor.
Dada a sua complexidade, é interessante que os programas de tratamento sejam realmente múltiplos, para atender às diversas necessidades do paciente (aspectos sociais, psicológicos, profissionais), sendo mais eficaz na alteração dos padrões de comportamentos que o levam ao uso da substância, assim como seus processos cognitivos e seu funcionamento social.

Para manter-se livre das drogas, o indivíduo terá que realizar uma série de mudanças em seu estilo de vida.
É recomendado que a pessoa evite locais e situações que sejam associados ao uso da droga, para reaprender sobre outras fontes de prazer (que não as que estejam relacionadas ao consumo).

Geralmente, pessoas com problemas de dependência afastam-se de todas as formas de lazer que tinham antes, hobbies, relacionamentos, etc. É importante retornar à vida anterior ou desenvolver novas formas de lazer. Essa pode ser uma das tarefas mais difíceis no processo de recuperação, mas é possível realizá-la.

Se você é dependente químico ou conhece alguém que está passando pelo processo de superação do vício, convide a pessoa para participar de atividades sociais divertidas e saudáveis, para que ele realmente perceba que pode ser feliz sem o uso da substância!

Qual é a real importância de buscar ajuda de um psicólogo na dependência química?

É importante que o indivíduo com dependência química procure ajuda de psicólogos quando ocorrem situações nas quais a substância está influenciando negativamente a saúde física e/ou rotina, funções acadêmicas e/ou profissionais e as relações interpessoais.

Os critérios do “Manual Estatístico e Mental de Transtornos Mentais”, da Associação Americana de Psiquiatria, e “Classificação Internacional de Doenças”, da Organização Mundial da Saúde (OMS), são os mais comumente empregados para o diagnóstico dos transtornos relacionados ao uso de substâncias, e esse diagnóstico, primeiramente, só pode ser feito por um conjunto de laudos de profissionais qualificados (médico, psiquiatra, psicólogo).

Vários questionários de autopreenchimento (tais como ASSIST, CAGE, AUDIT) e testes sanguíneos também têm sido empregados, em contexto clínico, com tais fins, mas não podem ser considerados como substitutos de uma cuidadosa entrevista clínica.

Falar sobre o assunto é importante e fazer isso em um ambiente seguro e profissional é de extrema importância.

Tratamento específico para dependência química

O tipo de ajuda mais adequado para cada pessoa depende de suas características pessoais, da quantidade e padrão de uso de substâncias e se o mesmo apresenta problemas de ordem emocional, física ou interpessoal decorrentes desse uso, o que, como mencionado, é muito comum de acontecer.

A avaliação do paciente pode envolver diversos profissionais da saúde, como médicos clínicos e psiquiatras, psicólogos, educadores físicos, assistentes sociais e enfermeiros.

Quando diagnosticada, a dependência química deve contar com acompanhamento a médio-longo prazo para assegurar o sucesso do tratamento, que varia de acordo com a progressão e gravidade da doença.

Uma das indicações é da Terapia Cognitivo Comportamental, por ser uma abordagem terapêutica estruturada, diretiva, com metas claras e definidas pelo psicólogo e paciente, focada no momento presente e utilizada para tratar diversos comportamentos disfuncionais.

Dependência química tem cura?

Não podemos afirmar que há uma cura para a dependência química. A dependência química é uma doença crônica, assim como diabetes e hipertensão. Porém, essa doença é totalmente passível de tratamento.

Vale ressaltar que além de cessar o consumo, um tratamento eficaz é aquele que consegue auxiliar o indivíduo a retomar o funcionamento produtivo na família, no trabalho, na sociedade e no trabalho.

Sou Joana Santiago – Psicóloga

Diante da tragédia que aconteceu na escola Estadual Thomazia Montoro na última segunda-feira, como fica a cabeça das pessoas envolvidas e principalmente dos pais.

A escola deve ser um local seguro para socializar e cultivar a formação intelectual, moral e ética do aluno. Por isso, presume-se que esse lugar seja munido de proteção e segurança. Mas o atual cenário brasileiro, com o acontecido na última segunda-feira, nos dá uma realidade de desrespeito e violência. 

Atualmente situações de violência ganham cada vez mais destaque nas mídias e pesquisas, nas agressões nem sempre são físicas. Casos de violência psicológica são bem mais comuns e menosprezados, pois constantemente são julgados como brincadeira.

O aumento da violência nas escolas, faz com que seja criada uma atmosfera de medo e vulnerabilidade, tanto para professores quanto para alunos e pais. Vítimas presentes nesse índice são propensas a desenvolverem problemas sérios de saúde tanto físicos quanto mentais.

Causas e consequências da violência em âmbito escolar

Assim como ocorre em nossa sociedade, a escola não está protegida e isenta de violência social. Inclusive, acaba sendo um espelho da nossa realidade.

A reproduções de ambientes violentos, como por exemplo: presença de discussões familiares, ausência dos pais ou responsáveis, falta de afeto, desemprego, pobreza, falta das políticas públicas, violência presentes nos meios de comunicação, violência sexual, falta de empatia, entre outros, são formas que encontram de manifestar, uma vez que as crianças reproduzem o que veem ou o que lhes é ensinado, pois o agressor por vezes vem de convívios familiares perturbados e/ou desestruturados, e é frequente que tenha sido submetido à violência doméstica. Com isso, acaba reproduzindo na escola o uso de forças e da intimidação, sob a qual é sujeitado em seu meio familiar.

Por outro lado, quando os alunos não se sentem representados, não gostam das aulas e/ou presenciam abusos de poder por parte dos docentes e do setor pedagógico, tendem a encontrar maneiras de implicar com os mesmos, fazendo com que os professores se sintam constantemente atacados por parte dos estudantes, levando ao desânimo e até mesmo problemas psicológicos, já que vivem em constante estado de alerta, com medo de serem alvos.  

A violência dentro do contexto escolar se manifesta entre os estudantes pelas agressões físicas, verbais, materiais, cyberbullying, social e psicológica, essas comumente são ações que perpetuam o bullying.

Como combater a violência na escola

A primeira forma de combater a violência na escola é envolvendo os alunos para pensarem sobre esse fato. Assim, colocar questões como abaixo, pode ajudar os alunos a entenderem o tema e refletir melhor.

  1. O que é violência?
  2. Quais os tipos de agressão?
  3. Em que contextos históricos temos violência?
  4. Quais desses tipos de violência ocorrem no país, na cidade e na escola?
  5. Existem casos em que a violência é tida como legítima?
  6. Por meio de quais instituições dá para combatê-la?
  7. Como as artes e o esporte ajudam a lidar com a violência?
  8. Quais leis nos protegem?

Além de motivar o pensamento crítico, o jovem também tem a chance de intervir sobre as manifestações que o afetam. É nessa hora que entra um segundo ponto que deve ser feito em todas as fases da vida: como mediar conflitos.

Dá para explorar ainda ações que fomentem o protagonismo estudantil, com o objetivo de ensinar como gerir as muitas situações de forma democrática e justa. Alguns exemplos são:

  • Assembleias que envolvem os pais, alunos e docentes;
  • Criar um grêmio estudantil;
  • Fazer campanhas de conscientização;
  • Manifestação pública em redes sociais.

Papel dos pais no combate à violência na escola

A negligência dos pais e responsáveis pode ter uma certa influência na conduta do discente, tendo em vista que a família é a base da educação. Sendo assim, se a família não age de forma paralela com a escola, o aluno não entende que seus atos têm uma consequência real.

No caso em que os pais suspeitam que seu filho é agredido ou vítima de bullying, não lhe diga que resolva seus próprios problemas. É extremamente positivo que estabeleça um canal de comunicação de confiança com seu filho para que ele se sinta à vontade em falar contigo sobre tudo de bom ou de mal que esteja vivendo.

Se seu filho é uma vítima, fale com ele, e se comprometa em ajudá-lo a resolver este problema. Diga-lhe que ele não é culpado desta situação. Não o faça sentir-se culpado nem o abandone. Tente sempre algo mais.

Junto ao seu filho, fale do assunto. Faça-o sentir-se protegido, sem estimular a dependência. Envolva quanta gente seja possível e siga esses conselhos:

1- Investigue em detalhe o que está ocorrendo. Escute seu filho e não o interrompa. Deixe que desabafe sua dor.

2- Coloque-se em contato com o professor do seu filho, com a direção do colégio e com o coordenador de estudos para alertá-los sobre o que ocorre, e peça sua cooperação na investigação e na resolução do acontecido.

3- Não estimule seu filho que seja agressivo ou se vingue. Pioraria mais a situação.

4- Discuta alternativas seguras para responder aos agressores e pratique respostas com seu filho.

5- Caso a agressão continue, prepare-se para colocar-se em contato com um advogado.

6- Dependendo do grau de ansiedade e de medo que esteja envolvido o seu filho, busque um psicólogo para ajudá-lo a superar este trauma. Mas jamais se esqueça que a melhor ajuda, nesses casos, é a da família.

7- Mantenha a calma e não demonstre tanta preocupação. Demonstre determinação e otimismo.



Quando seu filho é o agressor é muito difícil para muitos pais reconhecerem algo negativo na conduta de seus filhos, por isso é muito importante, quando se detecta o caso, que eles trabalhem diretamente com a escola para resolver este problema, de uma forma imediata, já que normalmente o problema de uma má conduta pode crescer como uma bola de neve. O que jamais devem fazer os pais do agressor é usar de violência para resolver o problema. Podem ser acusados de maus tratos ao seu filho.

Melhor seguir alguns conselhos:

1- Investigue o porquê do seu filho ser um agressor.

2- Fale com os professores, peça-lhes ajuda, e escute todas as críticas sobre seu filho.

3- Aproxime-se mais dos amigos do seu filho e observe que atividades realizam.

4- Estabeleça um canal de comunicação e confiança com seu filho. As crianças necessitam sentir que seus pais os escutam.

5- Tome cuidado para que não culpe aos demais pela má conduta do seu filho.

6- Colabore com o colégio dando seguimento ao caso e registrando as melhoras.

7- Canalize a conduta agressiva de seu filho até algum esporte de competição, por exemplo.

8- Deixe claro ao seu filho que a conduta de agressão não é permitida na família.

9- Deixe claro o que ocorrerá se a agressão continuar.

10- Ensine-o a praticar boas condutas.

11- Não ignore a situação. Mantenha a calma e procure saber como ajudar o seu filho.

12- Incentive seu filho a manifestar suas insatisfações e frustrações sem agressão.

13- Demonstre ao seu filho que continua amando-o tanto quanto antes, mas que desaprova seu comportamento.

14- Anime-o para que reconheça seu erro e que peça perdão à vítima. Elogie suas boas ações.

Se você estiver vivenciando a presença dos primeiros sintomas no seu filho(a) ou amigo, entre eles: desânimo, choro repentino, sensação de pânico ou até mesmo autodepreciação, depressão, ansiedade, mudanças de comportamento, aflição e tristeza, procure ajuda profissional.

Sou Joana Santiago – Psicóloga

O espaço terapêutico precisa ser agradável e acolhedor, transmitindo uma sensação agradável às pessoas que estão no local.


O intuito da terapia é tratar problemas emocionais, comportamentais e psicológicos. No tratamento, o psicólogo ajuda o paciente a refletir sobre seus problemas, encontrando novos meios de lidar com eles. Com isso, o indivíduo pode promover mudanças profundas no seu modo de pensar, e melhorar sua vida significativamente.

Para que uma relação terapêutica seja satisfatória, o profissional deve adotar uma imagem não-punitiva e  aceitar as individualidades de cada paciente. Isso porque quem busca a terapia normalmente está sofrendo por algum motivo, e muito possivelmente está recebendo algum tipo de punição em algum contexto da sua vida.

A aceitação incondicional por parte do terapeuta mostra ao paciente que ele pode ser ele mesmo, falar o que precisa sem ser punido. Isso resulta em uma relação de confiança, e faz com que cada vez mais os comportamentos punidos apareçam.

A proximidade da relação terapêutica possui vários propósitos: Proporciona um local seguro para os pacientes relevarem a si mesmos, oferecendo-lhes a experiência de serem aceitos e compreendidos após uma profunda exposição, ensina aptidões sociais e por fim ensina que a intimidade é possivelmente alcançável. Uma vez atingido esse objetivo, podem-se construir relacionamentos semelhantes fora da terapia.

A importância da relação terapêutica na prática clínica:

. Promove autoconhecimento

Um dos benefícios da terapia é dar ao paciente a capacidade de compreender melhor a si mesmo, bem como seus valores e objetivos pessoais. A terapia permite que o indivíduo possa dominar e administrar melhor os seus sentimentos.

No tratamento terapêutico, o autoconhecimento é estimulado na identificação de falhas contínuas na vida da pessoa. Desse modo, ela fica mais preparada para lidar com ideias negativas e emoções adversas. O autoconhecimento ainda promove o fortalecimento da autoestima.

. Ajuda a encontrar motivação

A motivação funciona como um impulso para atingir uma finalidade. Parte sempre de dentro da pessoa e, sem ela, torna-se extremamente difícil conquistar um objetivo pessoal ou profissional. A falta de motivação pode estar relacionada à depressão, dentre outros problemas.

O suporte profissional em uma terapia ajuda a levar à tona o que origina a falta de motivação do paciente. Uma pessoa desmotivada tem problemas recorrentes na sua vida pessoal e profissional, já que se sente inibida a executar certas ações. Por meio de tratamento, pode-se ajudar o paciente a impulsionar seus próprios motivos.

. Melhora os relacionamentos interpessoais

Para ter uma vida plena e satisfatória é muito importante saber se relacionar bem com o próximo. As relações interpessoais fazem parte do cotidiano do ser humano e podem ser observadas em interações do dia a dia, como as estabelecidas no ambiente de trabalho com colegas, em casa com a família ou no contato com amigos.

A terapia promove o desenvolvimento de habilidades sociais com o intuito de melhorar os relacionamentos interpessoais. O tratamento é útil para os que têm dificuldades em se relacionar com outras pessoas, o que consequentemente evita o isolamento social.


Sou Joana Santiago – Psicóloga

As doenças psicossomáticas ou emocionais atingem a saúde mental e a física simultaneamente.

Você já deve ter ouvido falar que, quando não estamos bem emocionalmente, nosso corpo começa a responder com sintomas físicos.
Acredite: é verdade. Elas são como sinais para avisar que algo não está certo conosco, uma forma do corpo e a mente pedirem uma pausa.

O estresse, a raiva, a tristeza, a preocupação e o nervosismo são algumas das emoções que causam essas doenças. Os pensamentos também são responsáveis, em parte, por seu surgimento. Afinal, é através deles que nós alimentamos sentimentos e emoções.

A mente e o corpo estão mais interligados do que imaginamos. É importante prestar atenção no seu comportamento, hábitos e palavras, especialmente os que se manifestam inconscientemente, bem como nas emoções por trás deles.

O que são doenças psicossomáticas?

Também conhecida como somatização ou transtorno somatoforme, as doenças psicossomáticas são desordens emocionais ou psiquiátricas que afetam também o funcionamento dos órgãos do corpo. Esses desajustes provocam múltiplas queixas físicas, e que podem surgir em diferentes partes do corpo.

O termo somatização é utilizado para definir doenças que se manifestam sem nenhuma origem orgânica: não há nenhum fator em que o próprio corpo esteja desenvolvendo a condição por meio de uma infecção ou inflamação, por exemplo. Dessa forma, é identificado que o sintoma físico é apenas reflexo de uma saúde emocional abalada.

Ou seja, quando não cuidamos bem da saúde da mente, pode ocorrer uma sobrecarga no estado emocional, desencadeando problemas de pele e estômago, entre outros. Além disso, as doenças psicossomáticas podem reduzir drasticamente a produtividade e ainda causar desmotivação.

O termo psicossomático surgiu justamente para designar doenças desse tipo e nos mostrar que está tudo interligado. Não é possível cuidar apenas de uma coisa só: mente e corpo funcionam em conjunto.

As principais doenças psicossomáticas

As doenças psicossomáticas podem se manifestar fisicamente em quase todos os órgãos, além de piorar condições de saúde existentes. Algumas são bastante conhecidas, pois acometem uma grande quantidade de pessoas. As patologias mais comuns:

  1. Cabeça: dor de cabeça, enxaqueca ou cefaléia, visão turva, alterações no equilíbrio e na motricidade;
  2. Pele: alergias, coceira, acne, ardência ou formigamentos;
  3. Garganta: infecções mais constantes e sensação de nó na garganta;
  4. Coração e circulação: dores no peito, palpitações, pressão alta e aumento das chances de infarto;
  5. Pulmões: falta de ar e sensações de sufocamento;
  6. Estômago: náusea, azia, gastrites e úlceras gástricas;
  7. Intestino: diarreia ou prisão de ventre;
  8. Rins e bexiga: sensação de dor ou dificuldade para urinar que se assemelham a doenças urológicas;
  9. Órgãos sexuais: impotência sexual, diminuição do apetite sexual, dificuldade para engravidar e alterações no ciclo menstrual;
  10. Músculos e articulações: tensão, formigamentos e dores musculares inexplicáveis.

Causas das doenças psicossomáticas

Não há uma regra, mas os fatores psicológicos podem ser um dos motivos para alguém desenvolver uma dessas doenças. 

Mas em geral, mudanças significativas que passamos em nossa vidas podem influenciar nisso, conheça algumas:

  • Problemas profissionais: seja por excesso de trabalho ou pela falta dele, o lado profissional mexe muito com o psicológico de todos nós. Além disso, a transição de carreira ou problemas no trabalho são comuns nesses casos;
  • Traumas e eventos marcantes: problemas familiares, perda de entes queridos e traumas de infância podem nos deixar mais ansiosos e desmotivados com a vida;
  • Violência psicológica: abuso e conflitos nos amorosos, bullying na escola e violência doméstica, também são fatores a serem considerados;
  • Ansiedade e tristeza: muitas pessoas não controlam esses sentimentos e buscam se isolar ao invés de tratar o problema.

Além desses pontos, é importante prestar atenção no histórico familiar de transtornos psicossomáticos ou relacionados à ansiedade e depressão. 

De fato, outros fatores sociais também precisam ser avaliados quando sintomas físicos aparecem. Por exemplo, pressões de trabalho, dificuldades financeiras, desemprego, histórico de prisões e processos judiciais 

Portanto, muitos são os fatores que fornecem contexto para os sintomas somáticos.

Como identificar uma doença psicossomática

Se você não obtiver nenhum diagnóstico após consultar um médico e realizar os exames necessários para descobrir a origem do desconforto físico, é provável que a doença seja de origem emocional ou psicológica. Um psicólogo pode confirmar um diagnóstico após algumas consultas assim como definir um tratamento.

Se já existe algum elemento que está causando incômodo em sua vida, fica mais fácil identificar a causa dos sintomas. Caso contrário, talvez seja necessário refletir sobre o seu modo de vida e as suas emoções.

Como posso me prevenir das doenças psicossomáticas?

Existem algumas práticas que você pode fazer para que você passe bem longe de uma somatização.
Primeiramente, cuide da sua saúde emocional: quando zelamos por nossa mente e entendemos o que pode nos fazer mal, fica muito mais claro como lidar com diversas situações. Por exemplo: é interessante procurar uma terapia com uma abordagem terapêutica que agrade você e lhe faça bem. Conversar com profissionais capacitados sobre nossos problemas cotidianos pode evitar diversos problemas futuros e traz mais leveza e qualidade de vida.

Coloque-se em primeiro lugar: algumas vezes, deixamos de cuidar de nós mesmos por inúmeros fatores. Quando você pratica o autoconhecimento, consegue identificar sobretudo suas fraquezas. Assim, fica mais fácil trabalhá-las e lidar com as situações cotidianas. Isso faz com que você se sinta mais tranquilo consigo mesmo.

Dedique mais tempo para a sua saúde mental: Há um remédio muito simples para a saúde mental perturbada: o autocuidado, ou seja, dar atenção a você mesmo. Faça o que você gosta, converse com quem você ama e escolha apenas o que lhe faz bem. Ser verdadeiro consigo mesmo é um método de prevenção excelente contra transtornos mentais e perturbações emocionais.

Por fim, saiba que as doenças psicossomáticas podem atingir qualquer pessoa e não há nenhum critério para isso. Por isso, independentemente de como seja o seu dia a dia, lembre-se do quão importante é cuidar da saúde em um panorama geral, não focando em apenas um ponto ou outro. A psicoterapia promove o autoconhecimento, o bem-estar, a saúde mental e o amor-próprio tudo junto!

Agora que você já sabe um pouco mais sobre o que são essas doenças e como é possível se prevenir, vamos colocar em prática?

Sou Joana Santiago – Psicóloga

No relacionamento abusivo não há respeito e compartilhamento da vida, há uma tentativa de controle através da manipulação emocional.

Mais uma vez o programa de televisão BBB 23 da Globo levanta a discussão de um assunto polêmico que afeta as pessoas, e que as partes envolvidas não percebem o que realmente está acontecendo.

Relacionamentos abusivos. Quando esse assunto surge em conversas, em geral, é através de especulações para desvendar a motivação do cônjuge que não consegue deixar o parceiro abusivo.

Afinal, não é uma situação agradável, então qual é a razão para as pessoas continuarem em relacionamentos abusivos?

A pessoa em um relacionamento abusivo pode não compreender as suas próprias razões para permanecer ao lado do cônjuge. Ela tem consciência de que não está sendo bem tratada, mas não consegue terminar a relação, mesmo quando outras pessoas tentam convencê-la a deixar o parceiro.

Assim, quem está de fora tende a achar a situação um absurdo e conclui que a pessoa gosta daquele tipo de relacionamento ou de parceiro. Esse pensamento infelizmente acaba corroborando para a estigmatização de vítimas de relações tóxicas, dificultando ainda mais a sua saída desses relacionamentos.

Um relacionamento abusivo pode acontecer com qualquer pessoa. Pessoas lindas, divertidas, de bem com a vida, instruídas, saudáveis… Mulheres fortes e bem resolvidas. Sim, você poderá encontrar todos esses atributos em uma vítima de relação abusiva.

Começamos com esse ponto porque a quebra do estereótipo é a premissa dessa conversa. Precisamos dissociar a violência doméstica de cenários e ações quase pejorativas.

1. Excesso de “amor”

Pode parecer paradoxal, mas é algo comum nos relatos de relacionamentos abusivos. O abusador tem um certo padrão de comportamento. E, nesse padrão, a capacidade de sedução aparece em destaque.

O abusador pode ser um sujeito extremamente romântico, gentil, vorazmente apaixonado. Ele é capaz de erguer um impressionante pedestal e colocar sua escolhida no topo, alimentando a autoestima feminina de modo singular.

Manifestações exageradas, “provas de amor” e grandes declarações são lindas, todos sabemos disso! Mas saiba enxergar quando elas são espontâneas e quando estão ali para desviar nossa atenção.

2. Ele quer que você mude

Outra característica de um relacionamento abusivo é a imposição, sutil ou não, de mudanças no comportamento.

Não estamos falando de críticas construtivas, que emergem em diálogos francos. É claro que a pessoa que vive com você pode lhe sugerir novos hábitos, lhe instigar a explorar novos gostos. Isso é aprendizado, crescimento, evolução!

Diante de uma proposta de mudança, pergunte-se, sempre, o que ela/ele faria por você. O quanto ela/ele reflete seus valores, suas buscas, sua identidade. Não se encaixa no ideal do outro a qualquer custo. Se você precisa mudar tanto, a ponto de se anular, é porque você não é a pessoa que seu parceiro procura. Nem ele é a pessoa que você poderá chamar de parceiro.

3. O relacionamento abusivo é uma teia

Essa é uma das metáforas mais recorrentes em relatos de relacionamentos abusivos. É interessante pensarmos sobre ela, pois, de fato, a compreensão da teia nos aproxima da experiência de quem se vê enredada por laços quase invisíveis, mas que paralisam.

Tudo isso para assumirmos que, sim, teias são difíceis de serem detectadas. Perdoe-se, se cair na armadilha e lembre-se de que você é humano. E, se cair, peça ajuda para se levantar.

4. Superproteção pode ser sinal de relacionamento abusivo

Essa é uma das linhas da teia. A superproteção pode parecer um cuidado bonito, generoso. No início soará como um zelo, que reflete carinho e preocupação.

É com o tempo que a superproteção mostra seu lado nefasto. A atitude solícita se transforma numa arma de chantagem ou depreciação. De repente, o préstimo é usado pelo abusador como prova da incapacidade da vítima, demonstração de sua inépcia em realizar tarefas simples ou saber desviar de perigos.

É importante manter independência financeira, não abandonar preferências e amizades por juízo alheio. Quem cuida, respeita. E quem ama, admira.

5. Agressão verbal e violência psicológica

O relacionamento abusivo é uma gangorra. Ora o agressor é gentil, encantador, um apaixonado. Essa face positiva é que torna o jogo emocional complexo. Afinal, quando a humilhação parte daquele que tanto ama, ela ganha ares de razão.

As agressões e violência moral de um relacionamento abusivo podem surgir em forma de xingamentos. Mas nem sempre elas são tão claras. Comentários sutis são ainda mais poderosos, porque minam as defesas e perturbam a interpretação objetiva.

Portanto, fique alerta se notar que o parceiro:
. faz pouco caso de suas conquistas;
. ridiculariza suas opiniões e gostos;
. afirma que apenas ele pode lhe amar e aceitar, do jeito que é;
. pede que você se afaste de amigos ou familiares;
. faz você se sentir culpada pelas reações agressivas dele;
. grita ou desconta a raiva em objetos;
. alega que teve uma atitude desequilibrada porque estava estressado ou bêbado;
. manifesta ciúmes com muita frequência e por bobagens;
. vigia seus hábitos, conversas e redes sociais;
. controla sua vida financeira;
. proíbe que use alguma roupa ou ande com determinada companhia;
. vive pedindo desculpas, dizendo que vai mudar, mas não altera o padrão de comportamento;
. faz você acreditar que é responsável por ele (sua “salvadora”);
. diz que você está “louca” quando o coloca em xeque ou o contraria, fazendo com que você questione a própria sanidade e capacidade de analisar as situações;
. consegue impor suas vontades, inclusive forçando o sexo;
. lhe deixa insegura, com medo, constantemente infeliz e com a autoestima ferida.

6. Ameaças e chantagens

As ameaças no relacionamento abusivo são parte da violência física ou emocional. As insinuações de danos à vítima podem ser de ordem psicológica, apelando para a culpa, vergonha, abandono. Chantagens emocionais são extremamente perigosas e paralisantes. Mas a ameaça pode ser física, chegando ao cúmulo de frases como “se não for minha, não será de mais ninguém”.

Quanto mais frágil a identidade da vítima, mais o relacionamento abusivo conquista território. A violência física pode ser o ápice, a evidência incontestável, mesmo não sendo a única que machuca e traumatiza.

Busque ajuda

Se você se identificou com alguns dos sinais, está na hora de repensar a sua relação. É preciso entender onde o relacionamento começa e onde você começa, ou seja, dê valor a sua saúde psicológica, emocional e física. 

Procure tratamento psicológico para entender melhor o que fazer e como lidar com as circunstâncias. É possível aprender a gerenciar a situação e entender os padrões e gatilhos, além de lidar com os traumas deixados pelo relacionamento tóxico.


Há casos em que a terapia de casal pode ser eficiente para as partes aprenderem a lidar com a situação. Porém, na relação abusiva, é comum que o agressor não queira ceder seu “poder” sobre o outro, e, nesses casos, a solução é manter distância emocional e fisicamente.

Não tenha receio de procurar ajuda. É um ato de coragem.
Sou Joana Santiago – Psicóloga