Posts

Setembro Amarelo marca a campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio. Durante todo o mês, a iniciativa tem como objetivo chamar a atenção para a importância de discutir e promover ações a respeito do suicídio.

Setembro Amarelo é um mês dedicado à conscientização e prevenção do suicídio. É um período em que a importância de saber ouvir e praticar a empatia com as pessoas ganha destaque. Em um mundo que muitas vezes parece estar cada vez mais isolado e estressante, demonstrar cuidado e compreensão pelos sentimentos e desafios dos outros é fundamental.

Este mês, a Associação Brasileira de Psiquiatria – ABP, em parceria com o Conselho Federal de Medicina – CFM, realiza no Brasil a campanha Setembro Amarelo® desde 2014. O lema escolhido para a campanha deste ano é “Se precisar, peça ajuda!”.

A campanha busca disseminar informações e quebrar tabus em torno das questões relacionadas à saúde mental e o estigma direcionado a pessoas que sofrem de transtornos mentais e os profissionais que lidam com estes casos. A campanha visa incentivar o apoio às pessoas e prevenir casos de suicídio.

O Brasil é um dos países com as maiores taxas de diagnósticos de transtornos de ansiedade e depressão. Estes transtornos são os principais fatores de risco associados ao suicídio. Registramos aproximadamente 14 mil casos por ano, ou seja, em média 38 pessoas cometem suicídio por dia.

A importância do saber ouvir!

A empatia nos permite entrar no mundo emocional de alguém, compreender suas dores e lutas, e oferecer apoio genuíno. Saber ouvir é uma das formas mais poderosas de expressar empatia. Às vezes, tudo o que alguém precisa é ter alguém disposto a escutar, sem julgamento, sem soluções prontas, apenas um ombro amigo e um ouvido atento.

Neste Setembro Amarelo, lembro a vocês que nossas ações e palavras podem fazer uma diferença significativa na vida daqueles que estão enfrentando momentos difíceis. Ao praticar a empatia e estar disposto a ouvir, podemos ajudar a quebrar o estigma em torno da saúde mental e, mais importante ainda, salvar vidas.

Sou Joana Santiago – Psicóloga

O transtorno de personalidade narcisista é caracterizado por um padrão generalizado de sensação de superioridade (grandiosidade), necessidade de ser admirado e falta de empatia.

Transtorno de personalidade narcisista é um dos vários tipos de transtornos de personalidade. Trata-se de uma condição mental em que as pessoas têm um senso inflado de sua própria importância, uma profunda necessidade de atenção e admiração excessivas, relacionamentos conturbados e falta de empatia pelos outros. Mas por trás dessa máscara de extrema confiança está uma frágil autoestima que é vulnerável à menor crítica.

O transtorno de personalidade narcisista causa problemas em muitas áreas da vida, como relacionamentos, trabalho, escola ou assuntos financeiros. Pessoas narcisistas podem ser geralmente infelizes e desapontadas quando não recebem favores especiais ou admiração que acreditam que merecem. Eles podem achar seus relacionamentos insatisfatórios e outros podem não gostar de estar perto deles.

Não se sabe o que causa o transtorno de personalidade narcisista. Ele é resultado de um conjunto de fatores genéticos e ambientais que moldam as características do indivíduo até a idade adulta.  

Sabe-se que é mais frequente em homens e também em pessoas que sofreram abusos na infância ou tiveram relacionamentos problemáticos com pais e familiares.

Os sinais e sintomas do transtorno de personalidade narcisista variam de acordo com a sua gravidade. Veja alguns deles: 

Grandiosidade
A pessoa superestima suas próprias habilidades e exagera suas realizações (uma característica denominada grandiosidade). Ela acredita que é superior aos outros, original ou especial.

Fantasia de ser especial
A pessoa com esse transtorno se preocupa com fantasias de grandes realizações, de ser admirada por sua inteligência ou beleza avassaladora, de ter prestígio e influência ou de vivenciar um grande amor. Ela sente que deve se relacionar apenas com outros tão especiais e talentosos quanto ela mesma, não com pessoas comuns. Ela utiliza esse relacionamento com pessoas extraordinárias para sustentar e melhorar sua autoestima.

Necessidade de ser admirada
Uma vez que a pessoa com transtorno de personalidade narcisista precisa ser excessivamente admirada, sua autoestima depende de que os outros tenham uma opinião favorável sobre ela. Assim, sua autoestima é geralmente muito frágil. A pessoa com esse transtorno frequentemente observa para ver o que os outros pensam dela e avalia se está indo bem ou não.

Minimizam os próprios defeitos
Uma característica frequentemente encontrada é o hábito de minimizar os próprios defeitos, atitudes ou falhas. Assim, raramente admitem arrependimento ou demonstram qualquer remorso, mesmo reconhecendo o problema.

Falta de empatia ou empatia reduzida
A pessoa narcisista tem dificuldade para se colocar no lugar do outro. Consequentemente, não consegue compreender a magnitude do impacto das suas ações em outros indivíduos. Como, então, se desculpar por algo que você acredita não ser tão ruim assim? Essa é outra razão pela qual é difícil fazer com que a pessoa narcisista perceba e aceite os seus erros.

Comportamento de vítima
Não acham que estão erradas e se fazem de vítimas quando são confrontadas por suas atitudes. Mesmo que tenham sido o pivô da situação desagradável, elas têm dificuldade para assumir a responsabilidade por suas ações e tomar atitudes para remediar os seus erros. Tentam colocar a culpa em terceiros ou desviar o foco para o comportamento de outra pessoa para reduzir a atenção negativa.

Falta de empatia ou empatia reduzida
A pessoa narcisista tem dificuldade para se colocar no lugar do outro. Consequentemente, não consegue compreender a magnitude do impacto das suas ações em outros indivíduos. Como, então, se desculpar por algo que você acredita não ser tão ruim assim? Essa é outra razão pela qual é difícil fazer com que a pessoa narcisista perceba e aceite os seus erros.

Tipos de narcisismo

Nem todo narcisista apresenta os mesmos comportamentos. De acordo com uma pesquisa realizada pela Universidade de Nova York, há dois tipos de narcisismo: o grandioso e o vulnerável. 

Os narcisistas grandiosos costumam ser extrovertidos, dominantes e arrogantes. Também têm autoestima elevada, são confiantes e geralmente são felizes. 

Por outro lado, os vulneráveis são inseguros, tímidos e com baixa autoestima. Geralmente, são ansiosos, mais sensíveis às críticas e podem ter depressão. 

De qualquer forma, ambos os tipos são pessoas egoístas, que se sentem especiais e buscam por adulação e admiração dos outros. 

Causas do narcisismo

Primeiramente, é preciso ressaltar que é possível ter traços narcisistas e não ser um narcisista clinicamente diagnosticado.

Adolescentes, por exemplo, apresentam características narcisistas em razão do estágio do desenvolvimento cognitivo em que se encontram. Entretanto, isso não quer dizer que tenham ou irão desenvolver este transtorno de personalidade. O mesmo se aplica a pessoas com tendência a ser arrogantes e egocêntricas.

Ele é o resultado de uma combinação de fatores, como ambiente familiar desfavorável, convivência com uma pessoa com o diagnóstico de personalidade narcisista e componentes genéticos.

A necessidade de ser sempre o melhor para conseguir aprovação é mais presente em quem cresceu com pais excessivamente exigentes, podendo ser um gatilho para o desenvolvimento dessa condição. Por outro lado, pais que elogiam e favorecem o filho de maneira exagerada ao longo do seu desenvolvimento também podem contribuir para o surgimento da personalidade narcisista.

Crescer com um pai ou mãe narcisista pode causar problemas emocionais, como ansiedade, medo de errar e perfeccionismo exagerado, ou ser um gatilho para o desenvolvimento da condição. O filho replica os comportamentos dos pais sem ter consciência de quão nocivos eles são.

Quando procurar ajuda profissional

As pessoas com transtorno de personalidade narcisista podem não querer pensar que algo esteja errado. Então, é improvável que procurem tratamento. Se eles procuram tratamento, é mais provável que seja por sintomas de depressão, uso de drogas ou álcool, ou outro problema de saúde mental. Porém, insultos percebidos à autoestima podem dificultar a aceitação e o tratamento.

Se você reconhecer aspectos de sua personalidade que são comuns ao distúrbio da personalidade narcisista ou se estiver se sentindo sobrecarregado pela tristeza, considere entrar em contato com um psiquiatra ou psicólogo. Obter o tratamento certo pode ajudar a tornar sua vida mais gratificante e agradável.


Sou Joana Santiago – Psicóloga

Reconhecer que é prejudicial, trabalhar a autoestima e a autoconfiança são alguns dos passos para lidar melhor com a insegurança.

Na maioria das vezes, a insegurança está ligada a uma dificuldade da pessoa em acreditar em si e no seu potencial. Por isso, muitas vezes, existem crenças ligadas ao medo de não ser capaz, medo de não obter sucesso ou de ter a sua vulnerabilidade exposta de alguma maneira.

“Não sou tão bom quanto fulano”

“Não consigo me destacar no trabalho”

“Tenho medo de tomar a decisão errada”

“Será que não serei criticado por minha atitude?”

Frases como essas representam o sentimento de incapacidade e de não merecimento, que pode levar a pessoa insegura a desenvolver problemas relacionados a sua autoestima (como é vista pelos outros) e autoimagem (como ela própria se vê).

Todos nós podemos sentir insegurança em algum momento da vida e em intensidades diferentes. O que separa, no entanto, uma insegurança funcional (que te prepara para a situação), de uma insegurança disfuncional é o sofrimento emocional e prejuízo em geral que te causa.

Ou seja, o nível de sofrimento e a paralisação de desejos e projetos diante da insegurança é o que vai predizer a necessidade de buscar ajuda para lidar com os prejuízos que a acompanham.

A insegurança é um sentimento caracterizado pelo mal-estar generalizado, ansiedade ou nervosismo associado à percepção negativa de si mesmo. A pessoa insegura se enxerga como inexperiente, inábil, vulnerável e fraca. Ela acredita não ser capaz de encarar os desafios da vida com a cabeça erguida, recorrendo a mecanismos de defesa para mascarar a sua falta de segurança.

Essa autoimagem negativa acarreta muito sofrimento ao longo da vida. A pessoa insegura pode desistir de oportunidades bacanas ou de sonhos em virtude da insegurança. Também pode encontrar dificuldades para formar laços de amizade, se destacar profissionalmente e ter um relacionamento sério.

Esse sentimento destruidor de autoestima não possui fundamento. Todas as pessoas possuem atributos fortes e fracos, performando com excelência em certos campos de atuação e faltando com habilidade em outros.

Em contrapartida, é interessante pensarmos que a insegurança é algo inerente ao ser humano e, quando em níveis normais, pode ser muito útil, pois o ligeiro aumento no nível de ansiedade e a agitação fazem com que a pessoa automaticamente encontre meios e ferramentas para enfrentar a situação e seguir adiante. Portanto, nesse nível a insegurança e suas emoções decorrentes exercem um papel protetor. O problema está quando a ansiedade e agitação decorrentes dessa insegurança são muito elevados a ponto de prejudicar a pessoa.

Vejamos um exemplo simples: imagine que uma pessoa foi incumbida pelo chefe para conduzir um importante projeto na empresa, sendo uma grande oportunidade para aquela pessoa aumentar sua exposição e mostrar seu trabalho. Ela tem potencial técnico para executar a tarefa, porém sente-se demasiadamente insegura ao ponto de que sua ansiedade subiu para níveis muito superiores, fazendo com que ela não se sinta capaz de executar a tarefa.

O medo acaba tomando conta e a pessoa não consegue raciocinar para fazer um bom trabalho. Ou seja, a insegurança excessiva acabou atrapalhando a vida daquela pessoa.

Como lidar com a insegurança?

Uma dica importante para lidar com a insegurança emocional é procurar suporte psicológico. Com apoio profissional, é possível identificar fatores que colaboram com o desenvolvimento do problema.

Traumas de infância, vivências recorrentes e outras situações podem ser trabalhadas, visando superar as barreiras mentais que impedem seu desenvolvimento pessoal e profissional. Porém, existem outras medidas que ajudam nessa trajetória e podem ser feitas com apoio terapêutico:


1. Praticar o autoconhecimento

O autoconhecimento consiste em refletir e avaliar a história da sua vida, pontos fortes e fracos, maneiras de se relacionar com as pessoas e agir diante de diferentes situações, entre outros fatores. A partir disso, você terá a possibilidade de encontrar as inseguranças existentes, as principais causas e medos relacionados. Identificando as origens do problema, é mais fácil procurar soluções.

2. Elevar a autoestima

A insegurança emocional tem bastante relação com a autoestima, então é essencial trabalhá-la para combater o problema. Sabemos que essa não é uma tarefa simples, mas existem dicas que podem ajudar nesse caminho. Confira:

  • trabalhe uma postura mais positiva sobre você;
  • evite comparações com outras pessoas;
  • reduza o uso de redes sociais;
  • seja compassivo com seus erros;
  • avalie o que funciona na sua rotina;
  • não generalize suas experiências — novas oportunidades podem mudá-las.

3. Avaliar crenças limitantes e objetivos pessoais

Você sabe o que são crenças limitantes? Elas são questões que impedem você de realizar determinadas tarefas ou objetivos por não acreditar em si. Portanto, é necessário fazer reflexões para entender quais se aplicam em sua vida, relacionando-as com seus objetivos pessoais.

Dessa maneira, você pode trazer maior racionalidade para cada questão e combater as crenças limitantes, criando caminhos e estratégias específicas que ajudarão nas conquistas, mostrando que isso é realmente possível.

Agora que você sabe o que é insegurança e como lidar com o problema, tenha atenção aos sintomas e procure apoio profissional. Seguir essas dicas sozinho não é tarefa simples!  Isso ajudará a melhorar a autoestima e ter mais qualidade de vida.

Sou Joana Santiago – Psicóloga

Depois de dois anos dentro de casa por conta da pandemia, é natural que os jovens não estejam com a saúde mental em dia.

Depois de dois anos de uma pandemia intensa e de reclusão social, todos nós estamos retornando aos ambientes escolares e de trabalho. E voltam todos enfrentando as consequências do isolamento nas relações sociais e na saúde emocional nesse período, e com questões que precisam ser avaliadas e superadas, além da atenção às novas formas de ensino e trabalho que surgiram nos últimos anos.

O Brasil foi o país que manteve escolas fechadas por mais tempo durante a pandemia. E além de trazer mudanças significativas para a rotina de crianças, adolescentes e suas famílias, esse fato também chamou atenção para a importância de se falar sobre saúde mental dos mais novos. Tristeza, medo, angústia, crises de choro: mais da metade dos jovens brasileiros disse ter sentido um ou vários desses sintomas ao longo dos últimos 18 meses.

Os casos de transtornos mentais nesse período subiram, de acordo com um levantamento feito pela Unicef, e as sequelas nesses grupos podem reverberar por muitos anos. Por isso, a entidade faz um apelo para que governos, educadores e familiares criem uma cultura de escutá-los com mais empatia. 

Os mais novos foram prejudicados pelo tempo que ficaram longe da escola e dos espaços de convivência, e, no Brasil, muitos não tiveram nem a tecnologia como aliada para manter os estudos e a troca social em dia.

Crianças e adolescentes viram a renda familiar sendo diminuída, sentiram insegurança alimentar e o luto de perder alguém próximo. Passaram, então, a ter dificuldade de planejar o futuro.

Como acolher crianças e adolescentes

Vale dizer que a saúde mental dos jovens já era um problema global antes da pandemia. O suicídio é uma das principais causas de morte na adolescência no mundo. O isolamento só deixou essas questões mais a mostra.

Somos uma sociedade centrada no adulto, que dá pouco valor à fala da criança e do adolescente. Precisamos ouvi-las de forma mais empática e sem julgamentos. Precisamos mais do que nunca de acolhê-los.

Ansiedade e mudanças de comportamento

Entre os principais transtornos mentais, estudos apontam que a ansiedade tem sido mais recorrente entre crianças nesse período de pandemia.

Os principais sintomas das crianças ansiosas são, ainda, preocupações excessivas e expectativas descoladas da realidade, fixação em ideias negativas e dificuldade de memória e atenção.

Se os sintomas são persistentes e atrapalham a qualidade de vida da criança, o ideal é procurar ajuda.

Falar é difícil, mas ajuda

Muitos pais classificam certos comportamentos como naturais e decorrentes de fases da vida da criança ou jovem. Os desafios que os jovens encaram quando sentem necessidade de entender sua personalidade e individualidade para além da estrutura familiar, levam a uma internalização e a busca por mais contato com o grupo e menos com a família. Porém, o alerta para os pais deve soar quando há prejuízos grandes na interação, no sono, na alimentação ou um abuso de substâncias. 

Saber se doar e escutar a criança e o adolescente, é essencial para o equilíbrio de uma vida familiar mais saudável.

Sou Joana Santiago – Psicóloga

A internet e seus recursos afetam nosso humor e comportamento na atualidade
A internet é um recurso de grande importância na atualidade e que remodelou ações,  estilo de vida e comportamentos.

A presença das redes sociais é cada vez mais crescente em nossas vidas. Naturalmente, essa influência repercute em nossos comportamentos e até em mudanças de humor acentuadas.

O imediatismo, as questões do feedback e aceitação, entre “amigos” virtuais, bem como a problemática da privacidade online, faz com que as redes sociais possam afetar negativamente ou até positivamente seu dia-a-dia. Mas até que ponto essa influência é positiva e até recomendada?

Agora, vamos ser sinceros, ver seu post cheio de likes é muito legal. Muita gente sente o mesmo. Quando recebemos uma curtida, nosso cérebro gera uma descarga de dopamina, mesmo neurotransmissor produzido quando comemos chocolate, fazemos sexo ou ganhamos dinheiro, guardadas as devidas proporções. Na prática, Facebook e Instagram nos dão prazer. E, ao que parece, estamos ficando “viciados”.

De maneira geral, o que significa receber um like em uma foto ou conteúdo postado? O like atribui uma reação positiva do outro mediante uma expressão minha. Ou seja, pode ir ao encontro das necessidades de afeto, empatia, proteção, validação, compreensão, aceitação social. Ao olharmos sob esse prisma, seria errado ficarmos felizes quando recebemos likes? Não! Se sentir bem representa que as nossas necessidades estão sendo atendidas. E até aí corresponde a uma forma saudável de interagir com o mundo. 

Muitos casos de dependência começam pela ânsia de aceitação...

Os likes então podem ser saudáveis? Sim! Saia um pouco do mundo virtual e venha para a realidade. Não é mesmo muito bom nos sentirmos compreendidos quando estamos expressando uma ideia? E que tal recebermos elogios? Apesar de algumas pessoas ficarem constrangidas, a verdade é que receber uma afirmação positiva a nosso respeito faz um bem danado! É por isso que nós, psicólogos, estimulamos relacionamentos de troca e afeição – são importantes e saudáveis. 

Um contraponto é a “necessidade de likes” e de feedback positivo, esses poderão ter uma influência direta no seu humor, tornando-se aos poucos um viciado das redes sociais, mesmo que o negue ou então que não passe muitas horas nas redes sociais. Muitos casos de dependência começam por esta ânsia de aceitação. Conforme as pessoas se refugiam nas redes, elas perdem a habilidade de se relacionar com os outros. Você vê jovens que não se relacionam ao vivo, mas estão nos smartphones. Isso gera a incapacidade de ler a emoção dos outros e faz a pessoa se refugiar dentro da vida online, porque lá temos mais controle.

Se você é afetado por likes olhe para isso como uma forma de se conhecer. Olhe mais profundamente agora…Parece haver uma dependência disso aí no seu mundo interno? Ou seja, se você não receber tantos likes você fica mal? Ou, para se sentir bem, você parece precisar dos likes? Talvez caiba aí uma reflexão aberta e honesta de você com você mesmo: tem aí uma necessidade emocional não satisfeita em você. De onde vem isso? Você já se sentiu assim outras vezes? Quais as formas que você pode se atender além dos likes?

Antes de se julgar, entenda essa relação com os likes como a ponta de um iceberg… tem coisa aí embaixo que precisa ser vista. E, quando detectada, fica bem mais fácil de saber os caminhos necessários para você reparar. Talvez, você esteja achando que é só através dos likes que você será satisfeito. E eu quero te dizer que não! Os likes podem trazer satisfação a curto prazo, mas por ser um movimento superficial e virtual, não preenche direito aquilo que precisamos. Os movimentos de internet são rápidos e passageiros. Amanhã já tem um milhão de novos conteúdos e parece que você já ficou esquecido no meio de tanta coisa.

Talvez você esteja mesmo precisando ligar para aquele amigo, companheiro e olhar no olho. Ou uma conversa franca com seus pais…ou então, quem sabe você pode ser a sua companhia e aprovação? Existe também um acolhimento seguro num consultório terapêutico. Os estudos cada vez mais demonstram que uma reparação emocional ocorre com o olho no olho, toque, conexão. Não tem nada de errado com a internet, mas há outros meios de você buscar sua satisfação emocional. Meu conselho pra você hoje: Vai lá, experimenta e depois me conta aqui?!

Sou Joana Santiago – Psicóloga

A necessidade de conversar com os jovens sobre as dores que eles sentem é urgente. É importante saber lidar com frustrações e conflitos sem se machucar e sem machucar o outro.

A automutilação é o termo utilizado para designar a pessoa que pratica o ato de se cortar em alguma parte do corpo, para obter, de uma forma desesperada, um alívio de uma dor psíquica intensa. 

O comportamento é conhecido como “cutting”, que significa “corte” em inglês. Após o ato, surge o sentimento de vergonha, sendo preciso esconder os cortes para evitar um outro sentimento: a culpa por estar agindo assim. 

É um tema muito delicado nas conversas entre pais e filhos, principalmente pela falta de informação e preparo para explorar sentimentos relacionados a essa situação.

A adolescência e os primeiros anos da vida adulta são um período de grandes mudanças na vida. Trocar de escola, começar a faculdade, sair de casa e buscar emprego pode ser muito emocionante para alguns, mas outros são tomados pelo sentimento de apreensão e acabam ficando estressados.

O sinais da automutilação 

É um terrível engano acreditar que somente indivíduos adoecidos mentalmente podem provocar em si a automutilação ou autolesão.

Autolesão ou lesão autoprovocada intencionalmente é qualquer lesão intencional e direta dos tecidos do corpo provocada pela própria pessoa, mas sem que haja intenção de cometer suicídio. A forma mais comum de autolesão é a utilização de um objeto afiado para cortar a pele. No entanto, o termo descreve uma ampla diversidade de comportamentos, incluindo queimaduras, arranhões, bater em ou com partes do corpo, agravar lesões existentes, arrancar cabelos ou ingerir objetos ou substâncias tóxicas.

Pessoas que sofrem deste distúrbio, comumente se fecham no quarto, ficam trancados no banheiro em banhos de longo período, recusam-se a participar de atividades em conjunto com os familiares e colegas que sejam necessárias a utilização de roupas curtas. Frequentemente usam blusas de manga comprida e calças, mesmo se o clima estiver quente, com o intuito de esconder os cortes. 

É uma prática que acomete principalmente adolescentes dos 12 aos 17 anos de idade. Existem relatos de crianças com idades de 8 a 10 anos, e de adultos com este tipo de comportamento, no entanto, são em menor proporção.

As possíveis causas deste comportamento

Os educadores pedem socorro. Os pais não sabem como lidar com essa situação.  Mas afinal, o que leva os jovens a esse comportamento? Ou seria outra a pergunta: o que esse comportamento leva aos jovens?

No momento intenso da dor a solidão toma conta, o coração acelera, dores estomacais surgem, as pernas tremem e um turbilhão de pensamentos negativos perturbam a mente cansada, a ponto de realizarem o ato novamente, novamente e novamente… 

As emoções negativas perturbam, enlouquecem, e o que se vê é a única possibilidade de resolver os conflitos internos com os cortes. O triste é que parece uma droga viciante e de difícil controle, pois não há outra alternativa quando o organismo, como defesa, foca numa única dor, ou seja, a dor provocada pelos cortes, a dor psicológica consequentemente diminui, o que causa o alívio da dor emocional. 

A demora para buscar ajuda pode desencadear um Transtorno Depressivo maior, o Transtorno Obsessivo Compulsivo, mais conhecido como TOC, o Transtorno de Ansiedade Generalizada e, em alguns casos, o suicídio. 

Relação entre automutilação e depressão

De forma breve, a depressão é uma doença psicológica que incapacita a pessoa, reduzindo drasticamente seus parâmetros de sofrimento. Desse jeito, ela sofre em excesso por coisas que antes não provocavam tanta dor nela.

Então, a relação da depressão com a automutilação vem da redução do prazer e do excesso de pensamentos torturantes e autodepreciativos. Esses, em vários casos, levam a pessoa a querer transferir a sua dor emocional para o corpo, para sentir dor física, como meio de aliviar, de alguma forma, todos aqueles sentimentos e pensamentos ruins.

Onde buscar ajuda?

Para você que é pai, mãe ou professor de jovens, garanta que você esteja presente e situado na vida de seu filho/aluno o máximo possível. É nos detalhes do convívio que conseguimos identificar o que está acontecendo com a pessoa.

Entretanto, é importante saber os limites da privacidade e garantir que a sua relação seja respeitosa. Quando o adulto se mantém presente, mostrando ser um ponto de apoio confiável e seguro para o adolescente, os riscos de uma automutilação acabam diminuindo.

Além disso, monitore se esse adolescente passou por algum luto recente ou alguma situação que esteja demandando muito o lado emocional. Visto que o jovem ainda está em processo de construção da sua estrutura emocional, algo que para você pode parecer banal, para ele, pode estar gerando uma grande dor sentimental – com a qual ele não consegue lidar.

Com o tratamento adequado e a ajuda psicoterapêutica e/ou multidisciplinar, seu filho pode melhorar. O papel do psicólogo nesse caso é ajudar a compreender o que está acontecendo e encontrar outras possibilidades para o alívio da tensão emocional. 

Além do mais, auxiliar a lidar com situações difíceis positivamente, ajudar o indivíduo a ser autêntico, responsabilizar-se por seus atos e escolhas. Melhorar a autoestima, a tomada de decisões, e como consequência, os relacionamentos familiares, amorosos e sociais. 

E você, está passando por uma situação dessas em sua casa? Então, não deixe de procurar ajuda! 
Entre em contato.

Sou Joana Santiago – Psicóloga

O TAG é um dos motivos mais comuns de consultas médicas e a sua principal característica é a preocupação excessiva.

Nunca se falou tanto em ansiedade. Com a pandemia e o ritmo cada vez mais frenético das nossas vidas, a saúde emocional vai ficando de lado e as dificuldades aumentam. Assim, os casos de transtorno de ansiedade generalizada têm se tornado mais frequentes.

Sentir ansiedade, seja diante de momentos nunca vividos anteriormente, em um compromisso importante ou em uma espera por um sonho tão desejado é bem comum, mas, quando essa preocupação toma um tamanho exagerado é sinal de que algo está fora do controle. Ansiedade persistente e irreprimível merece atenção especial, pois ela pode ser Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG).

Mas o que é ansiedade generalizada?

O TAG é caracterizado pela ansiedade excessiva e preocupação exagerada com os eventos da vida cotidiana sem motivos óbvios. Pessoas com sintomas de transtorno de ansiedade generalizada tendem sempre a esperar um desastre e estão sempre extremamente preocupadas com saúde, dinheiro, família, trabalho ou escola.

Em pessoas com ansiedade generalizada, a preocupação geralmente é irreal ou desproporcional para a situação. A vida diária torna-se um constante estado de preocupação, medo e pânico. Eventualmente, a ansiedade domina o pensamento da pessoa, interferindo no funcionamento diário, incluindo o trabalho, a escola, as atividades sociais e os relacionamentos.

Principais sintomas:

O transtorno de ansiedade generalizada ocorre quando uma pessoa encontra dificuldade para controlar o medo, durante vários dias, por um período superior a seis meses. Além disso é preciso apresentar três ou mais sintomas da lista abaixo:

  • Preocupações e medos excessivos
  • Visão irreal de problemas
  • Inquietação ou sensação de estar sempre “nervoso”
  • Irritabilidade
  • Tensão muscular
  • Dores de cabeça
  • Sudorese
  • Dificuldade em manter a concentração
  • Náuseas ou queimação no estômago
  • Necessidade de ir ao banheiro com freqüência
  • Fadiga e sensação de cansaço constante
  • Dificuldade para dormir ou manter-se acordado
  • Surgimento de tremores e espasmos
  • Ficar facilmente assustado

Quais são as causas da ansiedade generalizada?

Não existe uma causa específica para a TAG, mas, sim, um conjunto de fatores que colabora para o seu aparecimento. Esses podem ser de origem genética, química (desequilíbrio hormonal no cérebro) ou dos estímulos do ambiente externo. A hereditariedade é um aspecto importante. Caso não haja possibilidade de hereditariedade, a ansiedade pode ter sido ocasionada por experiências que despertaram grande medo ou tristeza, como a morte de um parente, envolvimento em um acidente ou bullying na escola.

Como é feito o diagnóstico?

É importante não confundir o transtorno de ansiedade generalizada com os sentimentos comuns de medo e ansiedade. Para considerar um diagnóstico, os sintomas do transtorno de ansiedade generalizada devem estar presentes por, pelo menos, seis meses e causar desconforto ou prejudicar a rotina da pessoa e/ou seu relacionamento social, familiar e de trabalho.

O diagnóstico não deve ser feito com pressa, pois há risco de identificar errado os sintomas, o chamado “falso positivo”. A hipótese do TAG estar relacionado com outras doenças psiquiátricas – como depressão, transtorno obsessivo e transtorno de pânico – deve ser avaliada também.

Tem tratamento?

O transtorno de ansiedade generalizada tem tratamento e a escolha deve ser baseada na eficácia da terapia, segurança, efeitos colaterais e custo. Geralmente, o tratamento é feito combinando: Psicoterapia, a mais comum para o transtorno de ansiedade generalizada é a terapia cognitivo-comportamental, que se baseia em como a pessoa interpreta suas experiências. A terapia familiar também pode ser indicada quando houver necessidade de envolver pessoas do convívio próximo no tratamento.

Medicamentos, os mais utilizados são os ansiolíticos e antidepressivos da classe dos inibidores da recaptação de serotonina (IRS) e dos inibidores da recaptação de serotonina e noradrenalina (IRSN). Apenas médicos podem receitar esses medicamentos.

É importante procurar ajuda de um profissional o quanto antes para que não chegue, por exemplo, aos graus mais elevados. Se você já passou por situações parecidas, então é recomendada a procura com mais urgência, para que o tratamento seja iniciado o quanto antes.

Sou Joana Santiago – Psicóloga

Distúrbio que envolve impulsos recorrentes e irresistíveis de retirar pelos do corpo.

A tricotilomania é um tipo de transtorno compulsivo crônico, bem como o Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC), caracterizado pelo hábito de arrancar cabelos. Cerca de 2% da população tem essa condição, sendo que 90% dos pacientes são mulheres.

É um transtorno psicológico que tem como característica a mania incontrolável de arrancar fios de cabelo ou pêlos do corpo, como cílios, barba e sobrancelhas. O paciente com o problema, ao puxar os fios, é tomado por uma sensação de alívio e prazer imediatos. Ou seja, é uma ação feita por impulso que serve como uma libertação emocional.  

A doença pode ser motivada por diversos fatores, tanto emocionais quanto biológicos, e geralmente está associada à falta de controle dos impulsos, à ansiedade, estresse e ao transtorno obsessivo compulsivo (TOC). Em alguns casos, o transtorno pode evoluir para a Tricofagia, quando a pessoa, além de arrancar os fios, passa a comê-los.

O transtorno pode começar tanto na infância e adolescência quanto na fase adulta, e assim que for percebido é indicada a busca por tratamento. Apesar de não parecer uma condição debilitante à primeira vista, o hábito crônico de arrancar os cabelos pode levar as pessoas a se ausentarem do trabalho, cessarem interações sociais e desgostarem da aparência. 

Causas

Não existe uma causa única para a TTM. As pesquisas mostram que fatores genéticos, neurobiológicos e comportamentais podem estar envolvidos no aparecimento da desordem. O ligeiro aumento do número de casos observado numa mesma família sugere que possa ter caráter hereditário.

Estudos recentes levantam a possibilidade de que a tricotilomania ocorre por deficiência de alguns neurotransmissores relacionados com a impulsividade, entre eles, a serotonina, a noradrenalina e a dopamina.

Sintomas

O paciente com tricotilomania pode apresentar sintomas físicos, psicológicos e até comportamentais. Estar atento aos sintomas e sua intensidade são importantes para entender o problema e buscar por tratamento.

Veja alguns dos sintomas:

  • Falhas no couro cabeludo
  • Falha nas sobrancelhas, cílios ou outra parte do corpo com pelos
  • Se sentir aliviado ao arrancar um fio
  • Comportamento automático de arrancar os fios
  • Dificuldade de conseguir parar por completo de arrancar os fios
  • Ingerir os fios
  • Esconder a cabeça com lenços ou chapéus
  • Obstrução intestinal
  • Estresse
  • Ansiedade
  • Comportamento impulsivo

Embora a necessidade de arrancar os fios de cabelo resulte em alívio e em uma sensação de prazer, a pessoa passa a ter vergonha de suas ações quando os indicativos que possui essa condição (áreas no couro cabeludo sem cabelo) ficam claros. Ela teme ser descoberta e ser rotulada como “louca” ou “estranha”. 

No fundo, sabe que esse comportamento não é comum, mas não consegue combater a compulsão de puxar os fios. 

A variação de emoções é tamanha que a pessoa com esse transtorno vai ficando ansiosa, deprimida ou em pânico à medida que os sintomas se agravam. Ela trava uma luta frequente entre o desejo de arrancar os fios, o alívio após satisfazê-lo e o temor das consequências desse ato.

Sendo assim, essa condição também pode ocasionar a alopecia, condição de saúde de origem emocional que causa a queda de cabelo e o aparecimento de regiões calvas no couro cabeludo. Lesões e infecções de pele nas áreas afetadas são igualmente comuns. 

Diagnóstico

Tudo leva a crer que a tricotilomania seja um transtorno subdiagnosticado. Primeiro porque, por vergonha, culpa ou constrangimento, os pacientes demoram para procurar atendimento médico e, feito o diagnóstico, muitos nem sequer retornam para conversar sobre as possibilidades de tratamento. Segundo porque, até mesmo entre os profissionais de saúde, falta a informação necessária sobre a doença e suas características.

O diagnóstico baseia-se especialmente na avaliação clínica do paciente, considerando alguns critérios que levam em conta os sinais e sintomas da doença, tais como:

  • Comportamento recorrente de arrancar os cabelos, que resulta em perda capilar perceptível;
  • Sensação de tensão crescente, imediatamente antes de arrancar os cabelos ou quando o paciente tenta resistir ao impulso;
  • Prazer, satisfação ou alívio depois de arrancar os cabelos.

É importante também estabelecer o diagnóstico diferencial com outros transtornos mentais ou com possíveis moléstias dermatológicas que justifiquem as áreas de perda de cabelos que, em geral, são irregulares e ocorrem mais do lado da mão com lateralidade dominante.

Tricotilomania tem cura?

Quando o paciente reconhece o problema e procura por um tratamento especializado, as chances de cura aumentam. O tratamento é multidisciplinar, ou seja, envolve profissionais de diferentes especialidades (dermatologistas, psicólogos, psiquiatras, clínicos, por exemplo).

Embora o assunto ainda demande estudos clínicos e epidemiológicos, a combinação da terapia cognitivo-comportamental (TCC) com alguns medicamentos antidepressivos e estabilizadores do humor tem sido utilizada para controle do impulso e alívio dos sintomas da TTM.

A Terapia consiste em ajudar o paciente com os seguintes benefícios:

  1. Identificar disparadores do ato de arrancar os pelos;
  2. Compreender sua ansiedade
  3. Administrar os gatilhos para a ansiedade
  4. Administrar sentimentos que levam à arrancar os pelos ou cabelo
  5. Técnicas de autocontrole
  6. Estratégias para lidar com o impulso
  7. Desenvolvimento de novo repertório comportamental
  8. Diminuição dos sintomas

Basicamente, a proposta da terapia cognitivo-comportamental é ensinar o paciente a reconhecer pensamentos e sentimentos distorcidos e negativos (cognição) que funcionam como gatilhos e induzem o comportamento compulsivo e indesejável de arrancar os cabelos, a fim de substituí-los por hábitos novos e inofensivos. Essa técnica recebe o nome especial de “treinamento para a reversão de hábitos” (HRT, do inglês habit reversal training). Paralelamente, o paciente é estimulado a realizar exercícios de relaxamento que ajudam a reduzir a tensão e favorecem o controle dos impulsos e a modificação do comportamento.

Embora a ocorrência desse transtorno não pareça ser significativa, ele é, de fato, muito comum em graus variados. Por exemplo, adolescentes costumam experimentar sintomas mais leves, os quais podem ser tratados com a mudança de hábitos. Compartilhe-o com quem você acredita que pode se beneficiar desse conhecimento, especialmente pessoas próximas com ansiedade e/ou que vivenciam situações estressantes.

Sou Joana Santiago – Psicóloga

Marque esse um ano de pandemia tomando medidas para gerenciar melhor seu bem-estar mental e emocional. Veja como fazer.

Se passou um ano desde quando tivemos que lidar com os primeiros casos de covid. Se antes a doença parecia distante de você, hoje, infelizmente, todos nós conhecemos alguém que morreu ou que perdeu alguém pelo coronavírus. Por isso, é natural que se até 2020 você tenha conseguido “segurar as pontas” de todos os sentimentos que a pandemia desencadeou, talvez agora esteja mais difícil lidar com a rotina que antes você tinha se adaptado bem.

No entanto, a saúde mental das pessoas foi muito afetada. No ano passado, quase todos os pacientes falaram sobre o estresse e a ansiedade que surgiram com as primeiras ondas de bloqueio.

Algumas pessoas estavam preocupadas com o impacto emocional que a perda de entes queridos teria sobre si e sobre seus amigos e vizinhos. Muitos acharam difícil lidar com a dor e o isolamento, e outros acharam difícil lidar com a perda de emprego e a insegurança financeira.

Infelizmente, nosso país está em uma fase crítica de disseminação do vírus, dessa forma, não é interessante tentar negar ou fugir da realidade em que vivemos. Mesmo antes da pandemia, o ser humano sempre teve dificuldade de lidar com o real, principalmente em comparação com as fantasias que ele cria e que acaba se frustrando ao perceber a discrepância que é a vida. É por isso que o uso de substâncias, legais ou não, que afetam o sistema nervoso central, sempre foi debatido: em última instância existe uma necessidade de fuga da realidade. Mesmo que sem causar aglomerações, muitas pessoas estão percebendo o aumento do consumo de álcool ou outras drogas, e talvez, essa privação da liberdade esteja diretamente ligada a isso.

Outra dificuldade que parece estar aparecendo muito é para dormir. Como muitas pessoas transformaram seu quarto, que antes era espaço de descanso, em espaço de trabalho, é complicado para o cérebro fazer essa transição, ainda mais se você passar a maior parte do tempo em um mesmo cômodo da casa. Por isso, o ideal é ter um outro lugar para trabalhar, pode ser um outro quarto, mas que não seja o seu. 

Os adolescentes também foram muito afetados, mesmo que consigam manter a rotina de estudos online, que já é um desafio, a falta de contato social, e gasto de energia, dificulta uma rotina de sono que funcione. Se for possível criar tarefas dentro de casa, momentos voltados a atividades físicas, mas ainda assim, vale lembrar que o mundo se transformou desde a pandemia, então esse processo de adaptação vai mexer sim com a sua disposição, seu sono e sua energia.

Com as vacinas sendo produzidas aqui e distribuídas com mais regularidade e um novo normal aparentemente se aproximando aos trancos e barrancos ao longo deste ano, aceitando a importância desse momento e todas as transformações que nos foram impostas, nós perguntamos: o que podemos fazer para controlar melhor nosso emocional?

Redefinir a nossa vida

A maioria de nós experimentou algumas revelações sobre nossas vidas durante o curso da pandemia. Talvez percebamos que passamos horas demais no escritório, desnecessariamente. Para o distanciamento social em casa, talvez tenhamos aprendido que realmente nos beneficiamos de muito mais tempo juntos como a família, e que as contas bancárias emocionais que compartilhamos estão desfrutando de saldos maiores do que, talvez, já tiveram antes.

Por meio da união forçada, talvez tenhamos inadvertidamente descoberto que precisamos de mais tempo sozinhos, lendo, ouvindo música, meditando ou apenas sentados em silêncio.

Dedicar alguns minutos para meditar uma ou duas vezes ao dia pode ajudar muito a melhorar a saúde mental.

Recomendo que você avalie as lições que aprendeu ao longo da pandemia e as implemente, na medida do razoável, em sua nova vida normal.

Vá da inércia ao movimento

Todos nós sabemos que o movimento é um componente importante para nosso bem-estar físico, mas também fortalece nossa saúde emocional.

À medida que a pandemia se aproxima do segundo ano, muitos de nós nos tornamos cada vez mais inertes, permitindo que nossa energia ansiosa permaneça em nossos corpos. É crucial para se mover, quer você caminhe, corra, levante ou ande de bicicleta ergométrica. Saia ao ar livre e pegue o ar fresco todos os dias, faça o que estiver ao seu alcance!

Encontre o significado e aja

Muitos de meus clientes me dizem que atingiram uma crise existencial em relação ao significado de suas vidas. A oportunidade aqui é desenvolver vínculos e buscar atividades que façam algum sentido para você, mesmo que temporariamente. Aprimorar o vínculo com pessoas, religião, instituições e/ou colocar em prática algo que se sinta contribuindo para o outro é importante.

Obtenha ajuda

Se você está lutando para lidar com dias sombrios, procure um grupo de apoio online ou sessões de psicoterapia individuais.

Trate a saúde mental como a saúde física e trabalhe para tratar além de doenças emocionais, para manter o bem-estar emocional. Acredito que as pessoas estejam percebendo a importância e, principalmente, a diferença que é tratar a saúde mental, e tenho a esperança de que esse olhar permaneça daqui para frente. 

Você já sentiu solidão, esgotamento, ansiedade ou tristeza por causa da pandemia? Você está preocupado com os efeitos de longo prazo na saúde mental? Que perguntas você tem sobre como cuidar de sua saúde mental após um ano de tantas incertezas?

Sou Joana Santiago – Psicóloga

Volta às aulas presenciais exigirá cuidado com emocional de alunos e professores.

Ainda que o Brasil, num cenário otimista, supere logo a crise do coronavírus, teremos desafios a serem superados após o encerramento do distanciamento social.

Ansiedade, depressão, medo, angústia sobre a volta às aulas e a ruptura de relacionamentos seja por luto ou desemprego são algumas das cicatrizes que deverão ser superadas no dia a dia.

A incerteza sobre as idas e vindas do risco de contágio pela Covid-19, uma sensação que na H1N1 só foi minimizada com a vacina, e o receio com o colapso no sistema de saúde devem manter parte da população em um estado de quarentena permanente.

Entre as dificuldades no retorno escolar apontadas pela pesquisa do observatório PrEpidemi estão as preocupações com as medidas de proteção; insegurança com o retorno às aulas no atual cenário; desafios em utilizar adequadamente o ensino a distância; conexão adequada à internet como forma de acessar conteúdos; exposição dos estudantes ao vírus no trajeto de casa para a escola; suscetibilidade das famílias que moram na mesma casa ao vírus, entre outras.

A pesquisa foi realizada por meio de enquete pelas redes sociais. As perguntas analisaram o quadro de confiança e incertezas dos pais ou responsáveis pelas crianças e jovens envolvidos no processo. O questionário obteve 40.169 respostas em quatro dias. O momento de enfrentamento da pandemia é um processo delicado por envolver medidas que afetam significativamente a vida da população, aponta a pesquisa.

O estudo revela ainda que, na opinião dos pais, a preocupação das escolas não deve se restringir à aprendizagem do conteúdo específico de cada matéria em si: as instituições de ensino também devem valorizar a adoção adequada de medidas de proteção e atenção às emoções dos alunos desencadeadas pela pandemia. Esse é o momento de acolhimento para alunos, pais e professores!

É preciso trabalhar com calma, resgatando os aprendizados vividos pelo distanciamento físico e priorizando o material humano, para que essa reinauguração do ano letivo possa acontecer de maneira orgânica e plena.

Devido às incertezas sobre a vacina contra o coronavírus e ao medo de uma segunda onda da doença, como tem ocorrido na Europa, as instituições particulares vão manter o ensino híbrido. Ou seja, respeitarão a vontade dos pais. Quem quiser o ensino presencial para o filho, terá essa possibilidade. Os que desejaram a manutenção das aulas remotas, terão o suporte.

Os protocolos de segurança para a volta às aulas, que vem sendo discutido apontam medidas já adotadas em outras instituições e bastante conhecidas de todos, como o uso do álcool gel, a alternância de lugares para os alunos ocuparem nas salas de aula, o revezamento dos alunos que assistirão às aulas presenciais em dias alternados, entre outras medidas.

Segundo dados da Unesco, a primeira onda da pandemia interrompeu as atividades escolares em mais de 190 países, afetando 1,57 bilhão de pessoas, o equivalente a 90% dos estudantes do mundo. Mas, ao contrário do que aconteceu no Brasil, a maioria das nações retomou o ensino presencial até a metade de 2020, ainda que mantendo parte das atividades on-line e adotando protocolos restritivos. A experiência foi repleta de sobressaltos, mas mostrou que, com respeito a medidas de higiene, distanciamento social e controle de casos novos, a escola não produz surtos da doença como se temia. O rigor no cumprimento dos protocolos é essencial.

Em favor da volta às aulas, há a constatação óbvia de que os estudantes estão sofrendo prejuízos no processo de aprendizagem, sem mencionar os efeitos das restrições sociais na saúde mental de crianças e adolescentes. Manter escolas fechadas tem altos custos diretos e indiretos, que afetam tanto alunos e suas famílias quanto a sociedade como um todo, longe das escolas, as crianças e jovens se protegem da doença, mas não estão imunes a riscos associados à violência doméstica e até à falta de alimentação regular.

Embora haja uma divergência de opiniões em relação à retomada das aulas presenciais, uma coisa é certa: é necessário planejar esse retorno, preparar o professor e, também, o incluir como protagonista nesse processo. Portanto, quanto antes as escolas começarem a dialogar e preparar seu corpo docente (e toda a equipe escolar), mais tranquilo e seguro será o retorno para todos, porque é preciso tempo para a reestruturação ser empreendida. E por reestruturação não falo apenas da questão física, dos novos espaços e ambientes, refiro-me, especialmente, ao âmbito emocional, já que todos estiveram diante de uma situação completamente inesperada.

E você, como está se sentindo nessa retomada das aulas presenciais?

Sou Joana Santiago – Psicóloga