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A situação atual de pandemia mais home office tem chamado a atenção pela complexidade no equilíbrio da rotina e na saúde mental.

Nesses últimos meses tenho ouvido muitos relatos sobre uma sensação de estresse extremo, que se reflete em não ter paciência com filhos, cônjuges, colegas, prestadores de serviço etc.  Além disso, posso me atrever a dizer que, cada vez mais, tem sido difícil ser produtivo e que dormir bem se tornou um desafio… pode até ser que você consiga pegar no sono, mas a sensação de cansaço continua.

Faço um alerta: se esses sintomas persistem, algo está errado e pode ser que você esteja próximo de uma situação de estresse crônico, e é preciso investigar uma possível Síndrome de Burnout ou Síndrome do Esgotamento Profissional.

Essa é uma das enfermidades que vem chamando a minha atenção neste momento, devido ao seu crescimento a partir da mudança abrupta do novo estilo de trabalho que, inicialmente, foi romantizado. Da noite para o dia, passamos ao home office ou teletrabalho, com expediente em casa, tarefas domésticas e família disputando espaço com as responsabilidades profissionais.

A Organização Mundial da Saúde (OMS), que oficializou o burnout como doença crônica ano passado, o define como uma síndrome que resulta de um estresse crônico no local de trabalho, que não foi gerenciado com sucesso.

A síndrome pode ser identificada a partir de três dimensões: 

  • Sentimentos de exaustão ou esgotamento de energia
  • Aumento do distanciamento mental do próprio trabalho ou sentimentos de negativismo ou cinismo relacionados ao próprio trabalho
  • Redução da eficácia profissional

Detectar o burnout é mais complexo do que parece. Não existem exames de sangue e de imagem ou testes de resistência física para flagrá-lo. O diagnóstico vem de uma escuta atenta do paciente e de uma avaliação minuciosa de suas condições de trabalho. Isso é determinante para não confundi-lo com outras desordens mentais.

Prevenção passa por cuidados simples e pelo respeito de limites

A prevenção pode se dar por práticas simples e prazerosas, desde que você também assuma esse compromisso com o seu autocuidado. E lembre-se: organização, planejamento, engajamento, disciplina e regularidade são fundamentais para você garantir longevidade e sustentabilidade com sua saúde como um todo.

Procurar atividades fora do trabalho, cuidar da alimentação e praticar exercícios para evitar o problema. Ao mesmo tempo, as empresas devem adotar estratégias de respeito aos limites dos seus colaboradores e precisam ter cuidado para não criar um ambiente onde impera pressão e as ameaças de demissões. 

Os líderes devem fomentar uma cultura corporativa sadia e se manterem atentos para qualquer sinal de adoecimento dentro das suas equipes, criando condições para que seus funcionários tenham prazer em sua rotina.

Vivemos um tempo de confusão entre o que é casa e o que é trabalho. A insegurança quanto à continuidade do emprego também pode favorecer relacionamentos abusivos. Esse é um momento em que as empresas devem ficar ainda mais atentas para evitar que seus talentos adoeçam e futuros problemas na justiça.

Sou Joana Santiago -Psicóloga

O cérebro não consegue mais raciocinar, solucionar problemas e visualizar coisas boas. Ele precisa, de fato, descansar!

Talvez uma das maiores dificuldades atuais seja aliar saúde e alto desempenho profissional. Afinal, com o ritmo frenético de atividades realizadas, a sobrecarga passa a fazer parte da rotina e é aí que os problemas começam.

As horas de expediente nunca parecem dar conta de todos os problemas que precisam ser resolvidos. Fora do trabalho, você procura ser o marido ou a esposa modelo, o pai ou a mãe do ano, o amigo ou a amiga de todas as horas.

Ah! E ainda tem que resolver todas as suas questões pessoais….ufa, não há ser humano que consiga dar conta disso tudo sem, ao final do dia, estar com aquela sensação de que precisa de férias imediatas para hibernar!

Mente cansada

O cansaço mental é um processo de desgaste, que ocorre, principalmente, em função do estresse e do excesso de informações que o nosso cérebro recebe. Em tempos de redes sociais, notificações e multi-telas, o ser humano vive soterrado de informações que invadem os sentidos diariamente e, nem sempre, são informações imprescindíveis.

Mesmo que não sejam importantes, essas informações desgastam a nossa atenção por termos que lidar com vários estímulos diários. Então, é notório o aumento de casos de estresse e transtornos de ansiedade em função do modo de vida que o ser humano está tendo, sempre sobrecarregado.

Uma hipótese é a de que esse processo de desgaste está ligado, sobretudo, ao nosso estoque de energia mental. Ao longo do dia, nos baseamos em um limite de recursos que nos fazem ter o que chamamos de “força de vontade” e “autocontrole”. Ou seja, disponibilizamos determinada energia para realizar nossas tarefas e metas. Quando esgotamos esse recurso, nos sentimos cansados.

Se temos energia disponível para realizarmos as tarefas, qual o motivo de nos sentimos tão exaustos no fim do dia? A resposta pode estar na tensão que é criada quando, sobrecarregados, perdemos o interesse em realizar as atividades.

Mas você sabe a diferença entre cansaço mental, fadiga e Burnout?

Esses termos estão aparecendo regularmente e, às vezes, indistintamente. No entanto, eles não significam a mesma coisa. Pensamos em aproveitar a oportunidade para definir cada um em relação ao local de trabalho, pois eles impactam nossa saúde mental de maneiras diferentes. Pode ser difícil diferenciar cansaço, fadiga e esgotamento, mas um bom indicador é a rapidez com que a recuperação leva. 

Uma boa noite de sono, uma refeição nutritiva e um banho quente costumam aliviar o cansaço. Férias de uma a duas semanas ou licença do trabalho com foco em desligar, desestressar e recarregar podem aliviar o cansaço. A fadiga requer um esforço mais consistente para lidar com o estilo de vida subjacente, os fatores de bem-estar e pode levar vários meses para ser superada. 

O Burnout é mais difícil de tratar, pois depende da intensidade e da duração do burnout, da qualidade da recuperação e da situação geral da pessoa que o vivencia. Para alguns, um plano conjunto elaborado entre eles e seu gerente pode ser o suficiente para começar a se sentir no topo das coisas novamente. Outros podem precisar mudar completamente de empresa ou carreira e começar do zero. Alguns podem precisar de aconselhamento adicional ou para desenvolver novos mecanismos de enfrentamento, como uma prática regular de meditação, uma rotina de relaxamento e até mesmo novos hobbies. 

Respeite os sinais do seu corpo

Tanto a fadiga quanto o esgotamento podem terminar em uma sensação de exaustão física e mental; a fadiga pode ser causada por uma variedade de fatores, desde o estilo de vida até o ambiente, enquanto o esgotamento é causado por períodos prolongados de estresse emocional e frustração. Já no caso de Burnout, você precisa de ajuda terapêutica psicológica. Só ela apresenta muitos benefícios e proporciona ferramentas eficazes para compreender a natureza destes males.

Entender sobre o que acaba com a nossa energia mental importa, pois quando estamos mentalmente exaustos, tendemos a estar mais dispersos e descuidados. Ainda, quanto mais aprendermos sobre a fadiga, mais chances temos de construir uma rotina equilibrada e prazerosa, inclusive no trabalho.

Sou Joana Santiago – Psicóloga

Um gatilho é algo que dispara uma fita de memória ou flashback transportando você de volta ao evento traumático.

O termo gatilho se popularizou nos últimos anos e ganhou força na web com a tradução literal do inglês TRIGGERS, onde “memes” apresentam personagens expostos a situações emocionais extremas com a reação de raiva, de pânico ou de irritabilidade. Talvez até já tenha se deparado com a frase “apaga, isso me dá gatilho!”, que provavelmente foi utilizada fora de contexto. O meme pode até ser bom, mas fez com que a expressão perdesse sua importância.

Gatilho em psicologia é um estímulo como um cheiro, som ou visão que desencadeia sentimentos de trauma. As pessoas geralmente usam esse termo ao descrever o estresse pós-traumático.

Sentir algum tipo de incômodo por causa de um estímulo e bem diferente de reviver memórias dolorosas, emoções intensas ligadas ao trauma. A pessoa pode sentir como se tivesse vivendo parte desse trauma e essa pode ser uma experiência devastadora.

O QUE É UM GATILHO?

Um gatilho é um lembrete de um trauma passado. Esse lembrete pode fazer com que a pessoa sinta uma grande tristeza, ansiedade ou pânico. Também pode fazer com que alguém tenha flashbacks. Um flashback é uma memória vívida, geralmente negativa, que pode aparecer sem aviso. Pode fazer com que alguém perca o controle do ambiente e “reviva” um evento traumático.

Os gatilhos podem assumir várias formas. Eles podem ser um local físico ou o aniversário do evento traumático. Uma pessoa também pode ser desencadeada por processos internos, como estresse.

Às vezes, os gatilhos são previsíveis. Por exemplo, um policial pode ter flashbacks enquanto assiste a um filme violento. Em outros casos, os gatilhos são menos intuitivos. Uma pessoa que sentiu o cheiro de incenso durante uma agressão sexual pode ter um ataque de pânico ao sentir o cheiro do mesmo incenso em uma loja.

Algumas pessoas usam “gatilho” no contexto de outras questões de saúde mental, como abuso de substâncias ou ansiedade . Nesses casos, um gatilho pode ser uma dica que indica um aumento dos sintomas. Por exemplo, uma pessoa que está se recuperando de anorexia pode ser desencadeada por fotos de celebridades muito magras. Quando a pessoa vê essas fotos, ela pode sentir o desejo de passar fome novamente.

TIPOS DE GATILHOS

Os gatilhos variam amplamente de pessoa para pessoa e podem ser internos ou externos. Abaixo estão alguns exemplos dos diferentes tipos de eventos que podem ser considerados gatilhos em termos de problemas de saúde mental.

Interno:

Vêm de dentro da pessoa. Pode ser uma memória, uma sensação física ou uma emoção. Por exemplo, digamos que você esteja se exercitando e seu coração comece a bater forte. Essa sensação pode lembrá-lo de uma época em que estava fugindo de um parceiro abusivo. Isso seria considerado um gatilho interno. Outros gatilhos internos comuns incluem:

  • Dor
  • Tensão muscular
  • Memórias ligadas a um evento traumático
  • Raiva
  • Tristeza
  • Solidão
  • Ansiedade
  • Sentindo-se oprimido, vulnerável, abandonado ou fora de controle

Externo:

Vêm do ambiente. Eles podem ser uma pessoa, um lugar ou uma situação específica. A quarentena que estamos vivenciando, pode ser um gatilho para transtornos mentais. Abaixo está uma lista de coisas comuns que podem fazer com que uma pessoa se sinta desencadeada:

  • Datas significativas (como feriados ou aniversários)
  • Uma hora específica do dia
  • Indo para um local específico que os lembra da experiência
  • Um filme, programa de televisão ou artigo de notícias que lembra você da experiência
  • Certos sons que lembram você da experiência (um veterano militar pode ser acionado por ruídos altos que soam como tiros)
  • Cheiros associados à experiência, como fumaça
  • Uma pessoa conectada à experiência
  • Mudanças nos relacionamentos ou término de um relacionamento
  • Discutir com um amigo, cônjuge ou parceiro

COMO OS GATILHOS SÃO FORMADOS?

O funcionamento exato do cérebro por trás dos gatilhos não é totalmente compreendido. No entanto, existem várias teorias sobre como os gatilhos funcionam.

Quando uma pessoa está em uma situação ameaçadora, ela pode se envolver em uma resposta de luta ou fuga. O organismo entra em estado de alerta máximo, priorizando todos os seus recursos para reagir à situação. Funções que não são necessárias para a sobrevivência, como a digestão, são colocadas em espera.

Uma das funções negligenciadas durante uma situação de luta ou fuga é a formação da memória de curto prazo. Em alguns casos, o cérebro de uma pessoa pode armazenar mal o evento traumático em seu armazenamento de memória. Em vez de ser armazenada como um evento passado, a situação é rotulada como uma ameaça ainda presente. Quando uma pessoa é lembrada do trauma, seu corpo age como se o evento estivesse acontecendo, retornando ao modo de luta ou fuga.

Outra teoria é que os gatilhos são poderosos porque frequentemente envolvem os sentidos. As informações sensoriais (imagens, sons e, principalmente, cheiros) desempenham um grande papel na memória. Quanto mais informações sensoriais são armazenadas, mais fácil é recuperar a memória.

Durante um evento traumático, o cérebro geralmente insere os estímulos sensoriais na memória. Mesmo quando uma pessoa encontra os mesmos estímulos em outro contexto, ela associa os gatilhos ao trauma. Em alguns casos, um gatilho sensorial pode causar uma reação emocional antes que a pessoa perceba por que está chateada.

A formação de hábitos também desempenha um papel importante no desencadeamento. As pessoas tendem a fazer as mesmas coisas da mesma maneira. Seguir os mesmos padrões evita que o cérebro tenha que tomar decisões.

Por exemplo, digamos que uma pessoa sempre fuma enquanto dirige. Quando uma pessoa entra no carro, seu cérebro espera que ela siga a mesma rotina e acenda um cigarro. Assim, dirigir pode desencadear o desejo de fumar, mesmo que a pessoa deseje parar de fumar. Alguém pode ser acionado mesmo que não faça uma conexão consciente entre seu comportamento e o que o cerca.

OBTENDO AJUDA PARA GATILHOS

Os avisos de gatilho são úteis em alguns casos. Mas evitar os próprios gatilhos não tratará os problemas de saúde mental subjacentes. Se os gatilhos interferirem na vida diária de alguém, é preciso de ajuda profissional!

Na terapia, as pessoas podem processar as emoções relacionadas ao seu passado. Alguns podem aprender técnicas de relaxamento para lidar com ataques de pânico. Outros podem aprender como evitar comportamentos prejudiciais. Com tempo e trabalho, uma pessoa pode enfrentar seus gatilhos com muito menos sofrimento.

Sou Joana Santiago – Psicóloga

A pandemia matou a crença em muitos setores de que home office não funciona. Mas como vamos lidar com os efeitos psicológicos desse isolamento em casa/trabalho.

A maioria das empresas exigiu que os funcionários trabalhassem em casa para impedir a propagação do Covid-19. Embora os benefícios imediatos para a saúde de evitar espaços de trabalho comuns sejam óbvios diante de uma pandemia assustadora, é importante considerar as consequências para a saúde mental que podem advir do trabalho remoto.

De fato, a situação está deixando muitas pessoas se sentindo estressadas, solitárias, exaustas e, a grande maioria, sobrecarregadas.

Síndrome do home office

O home office gera estresse e inquietação significativos devido à confusão de fronteiras entre o trabalho e a vida pessoal. Um funcionário em casa muitas vezes está dividindo o tempo entre a tarefa de trabalho que precisa ser concluída, interrupções freqüentes do cônjuge e dos filhos, um cachorro que precisa passear e o reparo da casa, questão que surge de repente, por exemplo.

Dificuldades no home office:

  • Dificuldade em estabelecer uma estrutura e um horário razoáveis para o trabalho em casa, com períodos diferentes designados para o trabalho, a família e o relaxamento.
  • Falta de rotina, resultando em horas de trabalho prolongadas em casa, que avançam facilmente no tempo pessoal.

Além do estresse da síndrome do escritório em casa, existem os desafios únicos colocados pela atual pandemia viral, incluindo:

  • Incerteza geral sobre o impacto final do COVID-19 na saúde pessoal e familiar, na renda e nos planos de curto prazo.
  • Sentimentos de solidão promovidos pelo confinamento ordenado pelo governo e perda de relações sociais com colegas no escritório ou com amigos e outros membros da família.

Um primeiro passo fundamental para esse bem-estar, a antítese da síndrome do home office, é a atenção às necessidades fisiológicas, ou seja, reservar um tempo para comer nutritivamente (não apenas lanche); dormir o suficiente, de preferência sete a oito horas; e exercitar-se diariamente. Em 1943, o psicólogo Abraham Maslow criou um modelo que define uma hierarquia de necessidades humanas – com comida, água, abrigo, sono e segurança sendo os mais básicos. Até que esses princípios sejam cumpridos, disse Maslow, um indivíduo não pode alcançar a auto-atualização – encontrando verdadeiro significado no trabalho e na vida. 

Comer, dormir e se exercitar também ajudam a estabelecer limites, dividindo o dia em “fases” entre o tempo de trabalho e a vida pessoal. Sem essas “fases”, o trabalhador em casa está mais apto a pular os itens essenciais por causa de expectativas irreais de trabalho, foco excessivo e obsessão pelo desempenho no trabalho. O exercício tem a vantagem de ser um ótimo alívio do estresse e um contrapeso às longas e sedentárias horas de trabalho de uma cadeira em frente ao computador.

Como monitorar a saúde mental em home office

Nesse cenário de isolamento social, algumas empresas criaram programas que mostram a importância de manter uma rotina para seus funcionários. Como mudanças de benefícios e maior flexibilidade de tarefas e horários. Outras optaram por fornecer cadeiras e protetores de tela, por exemplo, para minimizar os impactos do trabalho remoto. Vale-transporte, locação de carros e custeio a cursos presenciais estão sendo substituídos por vale-alimentação, auxílio à internet e terapia online. Muitas dessas iniciativas estão ligadas a prevenção.

É o que aponta um levantamento realizado pelo PageGroup, consultoria em recrutamento executivo especializado. De acordo com dados coletados pelos consultores do grupo, metade das companhias já efetuou a troca no pacote de benefícios dos trabalhadores ou está em processo de substituição.

Após esses dias de home office, os funcionários começam a se preocupar com o retorno ao escritório. E as empresas começam a viver a fase 4, lidar com estresse pós-traumático de alguns funcionários que perderam parentes por Covid-19.

É de extrema importância que as empresas, além de elaborarem um plano estratégico para o retorno, também apresentarem estratégias para acompanhar a saúde mental dos funcionários na pós pandemia. Os líderes têm que estar muito mais próximos de suas equipes nesse momento.

De acordo com a revista Você S/A, pesquisas indicam que “poderemos ter casos de depressão e estresse pós-traumático por três anos”. Diante do fato de que antes mesmo da pandemia, a perda da produtividade nesta década ligada à explosão de casos de depressão no mundo já era apontada por organizações como a OMS (Organização Mundial da Saúde) e o Fórum Econômico Mundial, a atenção à saúde mental é cada vez mais importante. “Vivemos num sistema que causa muito sofrimento psíquico, a pandemia disparou uma série de questões que já estavam aí”, diz o psicanalista Francisco Nogueira, membro do Instituto Sedes Sapientiae e fundador da consultoria de desenvolvimento humano Relações Simplificadas.

Uma coisa é certa: neste momento de incerteza, a saúde mental do trabalhador deve ser uma prioridade para os empregadores.

Joana Santiago – Psicóloga

Doenças que afetam a memória

As doenças da memória podem variar de leve a grave, mas todas resultam de algum tipo de dano neurológico nas estruturas do cérebro, dificultando o armazenamento, a retenção e a lembrança das memórias. Podem ser progressivas, como a doença de Alzheimer, ou imediatas, como as resultantes de um traumatismo craniano. Essa última pode acometer qualquer pessoa em qualquer idade, mas é durante o envelhecimento que os sintomas de esquecimento podem se agravar.

Muitos dos episódios de falta de memória estão associados às questões do dia a dia, como o grande fluxo de informações e a dificuldade para reter todas elas no cérebro, mas o esquecimento também pode ser ocasionado por síndromes e doenças que podem e devem ser diagnosticadas precocemente.

Várias dessas doenças são irreversíveis e tudo o que se pode fazer é atuar para que a evolução não seja tão dramática. Por isso, é muito importante que a pessoa possa ser acompanhada por profissionais capacitados para dar todo o suporte que a doença exige. 

Veja algumas doenças mais comuns que causam falhas na memória:

Déficit de memória associado à idade

Este não é propriamente uma doença, mas pode acometer qualquer pessoa durante o envelhecimento. Pode surgir por volta dos 40 a 50 anos de idade e é marcado por pequeno prejuízo de atenção, perda leve de concentração e vaga dificuldade em armazenar dados recentes.

Este déficit de memória também muito atribuído ao aumento da carga de estresse que o indivíduo pode acumular ao longo do dia, diante de grande acúmulo de informações ou elevado grau de preocupação com o trabalho, por exemplo.

A perda normal de memória relacionada à idade não impede uma vida plena e produtiva. Por exemplo, você pode ocasionalmente esquecer o nome de uma pessoa, mas lembrá-lo mais tarde. Você pode até perder seus óculos algumas vezes. Ou talvez você precise fazer listas com mais frequência do que no passado para lembrar de compromissos ou tarefas.

Essas mudanças na memória são geralmente gerenciáveis e não prejudicam sua capacidade de trabalhar, viver de forma independente ou manter uma vida social.

Síndrome demencial

A palavra “demência” é um termo genérico usado para descrever um conjunto de sintomas, incluindo comprometimento da memória, raciocínio, julgamento, linguagem e outras habilidades de pensamento. A demência geralmente começa gradualmente, piora com o tempo e prejudica as habilidades de uma pessoa no trabalho, nas interações sociais e nos relacionamentos.

É considerada uma doença quando prejudica o paciente de forma que o impede de manter certas funções sociais, pessoais e profissionais. Não está necessariamente ligada ao envelhecimento, mas tende a acometer pessoas com mais de 60 anos, mas podendo nunca ocorrer mesmo em idosos acima dos 90.

A Síndrome demencial é caracterizada por perdas graves da memória recente que ocasionam deslizes no trabalho, esquecimento do nome de familiares próximos, principalmente mais novos, como netos – e lapsos no dia a dia, como deixar de pagar uma conta por não lembrar.

Doença de Alzheimer

A doença de Alzheimer é considerada uma das mais devastadoras da memória. Menos de 5% da população com 50 anos têm a doença, porém ela acomete quase a metade dos idosos com mais de 90 anos. É causada pela redução do número de neurônios no cérebro e pelo acúmulo de uma proteína denominada beta-amiloide. Como é degenerativa, a função intelectual vai sendo perdida gradualmente, começando com leves esquecimentos – números de telefone, recados do dia a dia – a graves perdas de memória, como deixar de comer e de se vestir. O Alzheimer causa graves perdas sociais e um paciente em estágio avançado da doença fica praticamente incapaz de manter certas funções sociais.

Parkinson associado à demência

A doença de Parkinson não causa necessariamente demência, pois sua condição neurológica degenerativa e progressiva compromete a coordenação dos músculos corporais e do movimento, causando tremores, rigidez muscular e lentidão.

Porém, cerca de um terço das pessoas com Parkinson podem desenvolver algum tipo de demência na fase tardia da vida. Ela ocorre porque a doença de Parkinson faz surgir depósitos microscópicos em células nervosas do cérebro denominados corpos de Lewy, associados à demência em algumas pacientes.

A atuação desses depósitos microscópicos pode causar esquecimento, lentidão de pensamento, letargia e incapacidades mentais para raciocínio, tomada de decisão, planejamento e confronto de situações novas.

Doenças de memória reversíveis

Algumas doenças que são classificadas como causadoras de perda de memória podem ter seus sintomas revertidos se o diagnóstico for precoce. Entre elas, perdas causadas por tumores cerebrais, alteração nos níveis de açúcar, sódio e cálcio no sangue, deficiência de vitamina B12, hipotireoidismo, neurolues ou neurossífilis e hidrocefalia de pressão intermitente podem ser tratados.

Porque a nossa memória falha e como podemos tratar

A maioria de nós, ocasionalmente ou com mais frequência, teve a experiência desagradável de esquecer algo. Esses episódios de perda de memória podem causar irritação e frustração, bem como o medo de estar perdendo-a e começando a desenvolver a doença de Alzheimer.

Embora a doença de Alzheimer  e outros tipos de demência sejam responsáveis por muitos casos de perda de memória, a boa notícia é que existem outros fatores não permanentes que também podem causar perda de memória. Melhor ainda, alguns deles são facilmente revertidos.

Então, o que nos faz esquecer? O que nos impede de armazenar mentalmente a informação ou ser capaz de recuperá-la? Aqui estão algumas das muitas razões pelas quais não conseguimos lembrar.

Causas emocionais

Como nossa mente e corpo estão conectados e afetam um ao outro, nossas emoções e pensamentos podem impactar nosso cérebro. A energia necessária para lidar com certos sentimentos ou estresse na vida pode atrapalhar o armazenamento, ou a lembrança de detalhes e horários. Frequentemente, esses gatilhos emocionais da perda de memória podem ser melhorados com apoio, aconselhamento, mudanças no estilo de vida e até mesmo estando cientes e limitando a exposição a coisas que aumentam o estresse.

Estresse e ansiedade

A ansiedade é a principal causa de perda da memória, principalmente em jovens, pois momentos de estresse causam a ativação de muitos neurônios e regiões do cérebro, o que o torna mais confuso e dificulta sua atividade mesmo que para uma tarefa simples, como se lembrar de algo. Por esse motivo, é comum haver uma perda de memória repentina, ou um lapso, em situações como uma apresentação oral, uma prova ou após uma acontecimento estressante, por exemplo. 

Rebaixamento de atenção 

É muito comum associar o deficit de atenção com os problemas de memória. Apesar de ambos significarem problemas distintos, eles têm, sim, uma relação em comum.

O que chama a atenção para esse elo entre o deficit de atenção e os problemas de memória está na parte física de onde eles são originados. Mas isso é possível? Sim, pois tanto um quanto outro são resultados de uma disfunção na área do córtex cerebral, conhecida como Lobo Pré-frontal.

No caso de um funcionamento comprometido é inegável que a pessoa comece a enfrentar dificuldades com memória, concentração, impulsividade, entre outros.

A ligação entre o deficit de atenção e os problemas de memória também é feita porque uma das consequências do primeiro caso pode ser o comprometimento da memorização, por exemplo.

Contudo, é importante saber que existe a possibilidade de cada um acontecer de maneira independente do outro. Portanto, o problema de memória pode ocorrer sem a existência do deficit de atenção ou vice-versa. É válido ressaltar, portanto, a diferença que existe entre eles, para que todos fiquem bem informados.

O transtorno de deficit de atenção com hiperatividade (TDAH) é um transtorno que se caracteriza por comportamentos notáveis a partir da infância, a saber: distração, hiperatividade, desorganização e esquecimento. O TDAH ocorre mais na população masculina.

O problema de memória, por sua vez, tem causas diversas e pode estar relacionado a vários fatores. Ele também é reversível ou irreversível.

Depressão

A depressão pode enfraquecer a mente e causar tanto desinteresse em seu ambiente que a memória, a concentração e a consciência sofrem. Sua mente e emoções podem ser tão desgastantes que você simplesmente não consegue prestar muita atenção ao que está acontecendo. Consequentemente, é difícil lembrar de algo que você não estava prestando atenção. A depressão também pode causar problemas com o sono saudável, o que pode dificultar a lembrança das informações. É um transtorno tratável e, muitas vezes, a pessoa percebe rapidamente a melhora da capacidade de memorização.

Falta de vitamina B12

A vitamina B12 é uma vitamina muito importante. Em casos mais extremos, os déficits de vitamina B12 causaram sintomas que foram confundidos com demência. Pessoas com desnutrição, alcoólatras ou pessoas que tenham alterações na capacidade de absorção do estômago – como na cirurgia bariátrica – pois é uma vitamina que adquirimos através da alimentação equilibrada e, preferencialmente, com carne. A falta desta vitamina altera o funcionamento cerebral, e prejudica a memória e o raciocínio. Ao receber vitamina B12 adequada, esses sintomas podem melhorar.

Uso de remédios para ansiedade

Alguns medicamentos podem provocar um efeito de confusão mental e prejudicar a memória, sendo mais comum em quem usa sedativos frequentemente ou pode ser efeito colateral de remédios de vários tipos, como anticonvulsivantes, neurolépticos e alguns medicamentos para labirintite. Estes efeitos variam de pessoa para pessoa, portanto é sempre importante relatar ao médico os remédios usados caso haja suspeita de alteração da memória.

Álcool ou outras drogas

Beber álcool ou usar outras drogas pode prejudicar a memória, tanto a curto como a longo prazo. Desde apagões no mesmo dia até um risco aumentado de demência anos depois, essas substâncias podem prejudicar significativamente sua memória, entre muitas outras coisas. O excesso de álcool também pode causar a síndrome de Wernicke-Korsakoff, que se tratada imediatamente, pode ser parcialmente revertida em algumas pessoas.

Dormir menos de 6 horas

A alteração do ciclo do sono pode prejudicar a memória, pois a falta de um descanso diário, que deve ser, em média, de 6 a 8 horas por dia, dificulta a manutenção da atenção e do foco, além de prejudicar o raciocínio. 

Demência de Alzheimer

A doença de Alzheimer é uma doença degenerativa do cérebro, que acontece em idosos, que prejudica a memória e, à medida que progride, interfere na capacidade de raciocínio, compreensão e de controlar o comportamento.

Existem outros tipos de demência que também podem causar alterações da memória, principalmente no idoso, como a demência vascular, demência de Parkinson ou demência por corpúsculo de Lewy, por exemplo, que devem ser diferenciados pelo médico.

Como melhorar a memória naturalmente

A maioria das causas de perda de memória são preveníveis ou reversíveis, com hábitos de vida saudável como meditação, técnicas de relaxamento, treino da memória e alimentação equilibrada, você ajuda a melhorar a sua memória e a sua concentração.

Estresse prolongado no trabalho
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Muitas pessoas sofrem com aquele cansaço excessivo no trabalho, outras sentem que já estão nos seus limites na atividade que exercem, o que gera um estresse prolongado e afeta a vida em outras esferas. Estes fatos citados, na maioria dos casos, são sintomas da “Síndrome de Burnout”, que consiste no esgotamento profissional e está presente na vida de muitos brasileiros. Pesquisas feitas pela Isma-BR (International Stress Management Association no Brasil), apontam que mais de 30% dos profissionais no país são atingidos pela síndrome.
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Os workaholics são potenciais vítimas deste esgotamento, pois estão sempre buscando a perfeição, tem um nível de exigência sobre si muito alto e vivem para o trabalho. Além disso, qualquer profissional pode sofrer com a síndrome, porém as profissões mais afetadas estão relacionadas com atividades que têm maior impacto na vida de outros, como profissionais da saúde em geral, advogados, jornalistas, policiais, professores e outros.
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A síndrome de burnout tem tratamento

 As pessoas que sofrem com a síndrome podem sentir uma fadiga extrema, estresse e cansaço constante, além de ter distúrbios do sono, dor de cabeça, falta de apetite, depressão, entre outros sintomas que afetam diretamente o bem estar geral. Por isso é importante tratar a síndrome para ajustar seu ciclo social e ter qualidade de vida.
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 A psicoterapia é uma das áreas de ação que mais dá resultados em pacientes que sofrem do esgotamento profissional. Um profissional especialista vai recomendar que a pessoa reorganize sua vida, refaça suas rotinas e tenha uma vida agradável, com práticas de atividades físicas regulares, relaxamento e alimentação balanceada, além de buscar um contato maior com amigos e pessoas próximas, e praticar hobbies. O que indica maior equilíbrio nos diferentes aspectos da vida.

Algumas dicas iniciais para você evitar e até superar a Síndrome de Burnout são:

DESCONECTAR | Não fique ligado e sempre disponível ao trabalho 24 horas por dia.

OBSERVE OS SINAIS | Nosso corpo avisa muitas coisas, as dores constantes podem ser sinais de que algo não está legal.

ORGANIZAR A VIDA | Ao manter uma rotina e organização fica mais fácil de lidar com a síndrome.

RELAXAR | Planeje algumas horas de descanso. Programe-se para o momento de relaxar, isso ajuda.

NADA DE DROGAS | Fique longe de remédios para dormir, esse tipo de substância pode interferir nas atividades cerebrais, a menos que seja prescrita por um médico.

O esgotamento profissional é coisa séria e pode desencadear uma série de outros sofrimentos para a pessoa em questão. Agora que você já sabe um pouco mais sobre a síndrome e seu tratamento, fique atento aos sinais e em caso de dúvidas, entre em contato com um psicólogo ou médico para avaliar os sintomas.