Existia uma época em que as redes sociais eram usadas exclusivamente para a conexão entre amigos ou recuperar contato com antigos conhecidos. Hoje, além de compartilhar momentos pessoais, encontra-se uma busca por conexão com pessoas que compartilham dos mesmos interesses ou possuem conhecimento sobre um determinado assunto. Esse é o caso dos influenciadores digitais. Em uma busca por conexão de valores e informação, os influencers têm obtido cada vez mais força sobre a opinião do público.
Hoje existe uma preocupação constante dos pais, profissionais de saúde e educadores a respeito do impacto das redes sociais e dos influenciadores digitais na vida de jovens e crianças. Afinal, os adolescentes passam horas e horas com celular na mão, seguindo e interagindo com desconhecidos.
Existem muitos creators que podem ter relevância positiva no desenvolvimento pleno dos jovens, porém o cuidado e a atenção sempre são bons conselhos.
Segundo uma pesquisa do site Youpir, 64% dos jovens já foram impactados por influenciadores digitais, isso porque as relações virtuais são passíveis de modificações. Diante disso, os blogueiros podem “maquiar” a realidade trazendo ao jovem um espelho para ser seguido, entretanto, com um estilo de vida falso. Dessa forma, constata-se o aumento da depressão ou ansiedade, provocado pela falha na tentativa de alcançar o desejo da vida perfeita de digital influencer.
Influenciadores digitais
Também chamados de digital influencers, os influenciadores são pessoas com destaque significativo em uma ou mais redes sociais que, por fins comerciais ou não, buscam influenciar uma determinada parcela da população por meio de conteúdo e posicionamentos.
A atividade não é nova, mas ganhou grande visibilidade devido à facilidade de criação nas redes sociais e seu grande potencial de exposição. Já em 1760, no que alguns definem como primeira fase de influencers, a marca de porcelana inglesa Wedgwood já contava com a rainha Charlotte como garota-propaganda.
Desde então, os influencers cresceram em número. Seu poder provém do convencimento não só em relação ao consumo, mas também às atitudes. Atualmente, qualquer um pode ser um influenciador, não precisa ser rainha nem ao menos celebridade do cinema. Basta ter um número significativo de seguidores leais e uma boa taxa de engajamento. E é por isso que ficou muito mais fácil sonhar com essa vida, você não precisa já ser famoso, não precisa ter a beleza perfeita, não precisa ser rico e nem de muitos anos de estudo para chegar lá!
Dessa forma, muitos jovens e crianças sonham em ser influenciadores em redes como YouTube ou TikTok na esperança de conseguirem atenção. O que as crianças e adolescentes podem não estar considerando é todo o trabalho necessário para produzir o conteúdo e construir seguidores. Eles acham que podem dizer: ‘Ei pessoal, bem-vindos ao meu canal’ e ganharão milhões. Não é tão simples assim!
Quais impactos os influenciadores têm na vida dos adolescentes?
Existem muitos influenciadores que podem gerar conteúdos e aprendizados positivos, porém alguns comportamentos precisam ser acompanhados de perto. Fatores como busca constante por likes, atenção e visibilidade podem trazer problemas psicológicos, por exemplo. A necessidade de pertencimento público a um determinado grupo pode gerar falta de aceitação consigo mesmo, baixa autoestima e atitudes alheias à realidade individual.
Por fim, os familiares e educadores também precisam ficar atentos à cultura do cancelamento. Ela pode causar impacto no emocional e na saúde dos indivíduos cancelados, principalmente quando se trata de adolescentes. Cabe aos educadores e familiares observarem e desincentivarem esse tipo de comportamento dentro e fora do ambiente digital.
O que podemos fazer?
Por meio de uma educação socioemocional, os jovens aprimoram o pensamento crítico necessário para que façam julgamentos claros sobre atitudes positivas e negativas em rede. Com isso, eles também se tornam menos propensos a atitudes prejudiciais como desafios e desinformação. Dentre as formas de estimular o pensamento crítico desde cedo se encontram o incentivo ao hábito da leitura e ao questionamento, assim como a criação de espaços para argumentação e debates.
Os iniciadores de conversa ideais para pais e responsáveis incluem:
- Você entende que o que você está vendo online nem sempre é verdade?
- O influenciador ganha dinheiro se tiver mais visualizações, mais curtidas ou mais cliques?
- O estilo de vida do influenciador reflete a vida real?
- Quanto tempo você acha que o influenciador gastou para fazer aquele vídeo?
- Qual é o propósito do vídeo? Por que eles estão falando sobre esse assunto?
- Como você se sente ao observar o influenciador? (ansioso, medo de perder, inspirado, etc.)
- Como você pode escolher influenciadores a serem observados e que fazem você se sentir positivo?
A comunicação é a chave para um aprendizado eficiente e, nessa hora, os responsáveis e educadores precisam estar cada vez mais próximos dos jovens. O diálogo e uma atenção cuidadosa são fundamentais. Nesse contexto, aconselho a seguir os mesmos influenciadores das e dos adolescentes, não só para observar como, mas para entender e, com objetivo de melhorar o diálogo, se apropriar da mesma linguagem.
Sou Joana Santiago – Psicóloga