Os efeitos da empatia e solidariedade na quarentena
O COVID-19 é uma realidade para nós agora e nosso País parece estar deslizando rapidamente para um daqueles roteiros de filmes distópicos com ruas vazias, máscaras faciais, luvas cirúrgicas e auto-isolamento, o novo “normal”. Quarentena passou a fazer parte do nosso vocabulário cotidiano nessa última semana. Como tudo que é novo, experimentar o distanciamento e o isolamento social provocado pela pandemia da COVID-19, o novo coronavírus, nos fez aprender.
Reaprendemos, assim, a viver como sociedade. E compreendemos que, por sermos interdependentes, nossas ações pelo planeta, bem como pelo nosso vizinho, invariavelmente refletem em nós.
Quem entendeu a gravidade do momento logo despertou para a importância ainda maior da empatia e solidariedade. Conforme os índices alarmantes trazidos pela mídia, o poder devastador do vírus faz crescer o medo a cada dia, torna mais urgente a necessidade de ajudar os mais fragilizados: no caso, o chamado grupo de risco. O momento dramático despertou em inúmeras pessoas a vontade e a urgência de minimizar o drama alheio, prestando favores aparentemente corriqueiros, mas cuja diferença talvez só possa ser mensurada por gerações que ainda nem nasceram. Ir à farmácia, à padaria e ao supermercado é um risco muito grande para os idosos. E na onda solidária da pandemia, viralizaram nas redes sociais imagens de bilhetes deixados em elevadores de prédios, por vizinhos dispostos a fazer as compras para os velhinhos, a fim destes evitarem o deslocamento.
Como recriar vínculos, rever valores e despertar para a coletividade
O principal de uma pandemia como o novo coronavírus é que ela não discrimina. Ricos e pobres ficam nivelados diante da iminência da morte. E isso nos humaniza. A dor sentida e reconhecida no outro nos devolve para a nossa realidade: somos, sim, seres humanos vulneráveis e, portanto, somos iguais.
O coronavÍrus está acelerando o processo de resgate dos valores humanos e de um senso marcante de coletividade, onde para que eu sobreviva terei de cuidar de mim e do outro também. Vivemos nos últimos tempos com a defesa psicológica ataque/fuga. O COVID-19 não nos dá esse tempo de disputa. Vamos nos tornar mais empáticos por necessidade.
Cada pessoa reage conforme suas condições psíquicas. Há aquele grupo que estoca alimentos, por exemplo, o que evidencia um comportamento paranoico, provavelmente desenvolvido por uma espécie de histeria coletiva. Não se trata de julgar essas pessoas, mas considerar que a sociedade é heterogênea, o que se reflete nos comportamentos.
Neste momento temos que mirar em exemplos de cooperação e a quebra do individualismo, que infelizmente permeia a sociedade. Hoje a humanidade está se igualando, aprendendo que não importa raça, credo ou classe social. Um dos aprendizados que vamos extrair dessa pandemia é essa reavaliação de valores e a necessidade de doação em prol do outro.