A PSICOLOGIA E O CARNAVAL

O carnaval tem o importante papel de permitir ao indivíduo experimentar o relaxamento das formalidades e tensões, numa ruptura com a vida cotidiana. Funciona como uma válvula de escape em rotinas estressantes que nos possibilita esquecer das amarras, dos preconceitos e dos papéis que assumimos no dia a dia.

A PSICOLOGIA E O CARNAVAL

A PSICOLOGIA E O CARNAVAL

O Brasil é famoso internacionalmente como “O país do Carnaval”. Muito gingado, mulheres bonitas e samba no pé são os aspectos mais comentados sobre nós. Esses estereótipos parecem soar para muitos como características do nosso cotidiano. Entretanto, as cobranças, prazos, trabalho, “a moral e os bons costumes” fazem parte do cotidiano na maior parte do ano dos brasileiros. 

No carnaval acontece um fenômeno diferente. É uma época do ano em que muitos esperam ansiosamente para se permitirem ser outros. Munidos de suas fantasias, se permitem fazer o que querem sem julgamentos de valor e livres de cobranças. É como uma licença poética do comportamento, um escapismo. 

Fantasiados estamos protegidos dos julgamentos e possíveis críticas. É exatamente nesta festa democrática que grande parte da população se liberta, sem se preocupar com a censura. Alguns especialistas afirmam que este período é importante para ajudar a vivenciar outros aspectos psicológicos. É a hora em que o indivíduo se permite extravasar e ser diferente do que é nos outros dias do ano. Para Freud, é nesse momento que o ID, uma instância psicológica que cada indivíduo possui, é tomado pelos impulsos do prazer e conduzido pelos desejos, não mais pelas consequências.

“O carnaval tem uma função positiva e nos ajuda a vivenciar outros aspectos psicológicos.”

Com a chegada da quarta-feira de cinzas é hora de voltarmos à vida real. Durante o resto do ano os momentos de lazer vividos neste período ficarão guardados na memória dos foliões, que já começam a esperar, ansiosos, pelo próximo ano, para deixarem a fantasia tomar conta.

É importante que os excessos sejam evitados. Perder totalmente o controle traz consequências, nem sempre agradáveis. Mas, do ponto de vista psíquico, o carnaval tem uma função positiva e nos ajuda a vivenciar outros aspectos psicológicos.

Segundo a abordagem junguiana, nós possuímos vários pólos opostos dentro de nós: amor/ódio, vida/morte, confiança/traição, puerilidade/sabedoria, profano/sagrado, entre outros. Apesar de opostos, um lado precisa do outro para existir. A totalidade do ser só é possível quando reconhecemos esses lados e trabalhamos para uma integração saudável entre eles. Tentar eliminar um pólo em detrimento de outro não é benéfico e nos distancia da realização e do bem-estar.

O Carnaval pode ser muito proveitoso, é o momento de relaxarmos e vivenciarmos um lado nosso que não permitimos na maior parte do ano, de se divertir com o inadequado, extravasar a alegria e retornar mais leves para a realidade. Também é tempo de fazer amigos, trabalhar a tolerância, criticar as mazelas do país e praticar a solidariedade.

Espero que todos tenham curtido bastante o carnaval, e com muitas recordações boas!