Escutar, acolher e validar as emoções dos nossos filhos é um ato de amor que constrói segurança emocional e previne sofrimentos silenciosos.

O Setembro Amarelo é um convite para olharmos com mais cuidado para a saúde mental em todas as fases da vida — inclusive na infância. Muitas vezes, acreditamos que crianças não sofrem de maneira profunda ou que suas dores “passam rápido”. Mas a verdade é que o comportamento e o aprendizado infantil estão diretamente ligados às emoções. Alegria e segurança favorecem atitudes positivas, enquanto frustração, ansiedade e medo, quando não compreendidos, podem gerar isolamento, agressividade ou queda no desempenho escolar.

Crianças emocionalmente seguras exploram mais o ambiente, se relacionam melhor e demonstram maior curiosidade pelo aprendizado. Já a frustração e a raiva, quando não acolhidas, podem se manifestar em birras ou dificuldades de convivência. Ansiedade e medo prejudicam a concentração, a adaptação escolar e até a autoestima. Por isso, é fundamental que pais estejam atentos às reações emocionais dos filhos, ajudando-os a dar nome ao que sentem e oferecendo apoio para que aprendam a lidar com seus desafios de forma mais equilibrada.

O papel da família nesse processo é insubstituível. Acolher, escutar e validar são gestos que transmitem à criança a mensagem de que suas emoções importam e que ela não está sozinha. Brincadeiras, desenhos e conversas abertas podem ser caminhos para que expressem seus sentimentos de maneira saudável. Rotinas seguras e previsíveis também ajudam a reduzir a ansiedade, proporcionando uma sensação de estabilidade. Mais do que resolver os problemas, estar presente e disponível para ouvir já é uma forma poderosa de proteção emocional.

A escola, claro, também tem grande importância nesse percurso. Professores, quando atentos, podem ajudar a traduzir emoções e incentivar a convivência saudável entre os colegas. Porém, é no lar que a criança encontra seu primeiro e mais forte modelo: os pais. Eles são o espelho do manejo emocional — quando mostram que sabem lidar com suas próprias frustrações e medos, ensinam, pelo exemplo, que sentir é natural e que pedir ajuda é um ato de coragem.

Vale lembrar: nem sempre dificuldades emocionais desaparecem sozinhas. Mudanças repentinas de comportamento, isolamento frequente, medos excessivos ou queda brusca no desempenho escolar podem ser sinais de alerta para procurar ajuda profissional. Identificar cedo esses sinais faz toda a diferença no desenvolvimento emocional e na prevenção do sofrimento.

Neste Setembro Amarelo, o convite é simples e profundo: fortalecer os vínculos dentro de casa. Conversar, acolher e validar emoções são atitudes que constroem segurança emocional e mostram às crianças e adolescentes que não precisam enfrentar a dor sozinhos. Cuidar das emoções é um ato de amor — e pode salvar vidas.

Sou Joana Santiago Psicóloga