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Marque esse um ano de pandemia tomando medidas para gerenciar melhor seu bem-estar mental e emocional. Veja como fazer.

Se passou um ano desde quando tivemos que lidar com os primeiros casos de covid. Se antes a doença parecia distante de você, hoje, infelizmente, todos nós conhecemos alguém que morreu ou que perdeu alguém pelo coronavírus. Por isso, é natural que se até 2020 você tenha conseguido “segurar as pontas” de todos os sentimentos que a pandemia desencadeou, talvez agora esteja mais difícil lidar com a rotina que antes você tinha se adaptado bem.

No entanto, a saúde mental das pessoas foi muito afetada. No ano passado, quase todos os pacientes falaram sobre o estresse e a ansiedade que surgiram com as primeiras ondas de bloqueio.

Algumas pessoas estavam preocupadas com o impacto emocional que a perda de entes queridos teria sobre si e sobre seus amigos e vizinhos. Muitos acharam difícil lidar com a dor e o isolamento, e outros acharam difícil lidar com a perda de emprego e a insegurança financeira.

Infelizmente, nosso país está em uma fase crítica de disseminação do vírus, dessa forma, não é interessante tentar negar ou fugir da realidade em que vivemos. Mesmo antes da pandemia, o ser humano sempre teve dificuldade de lidar com o real, principalmente em comparação com as fantasias que ele cria e que acaba se frustrando ao perceber a discrepância que é a vida. É por isso que o uso de substâncias, legais ou não, que afetam o sistema nervoso central, sempre foi debatido: em última instância existe uma necessidade de fuga da realidade. Mesmo que sem causar aglomerações, muitas pessoas estão percebendo o aumento do consumo de álcool ou outras drogas, e talvez, essa privação da liberdade esteja diretamente ligada a isso.

Outra dificuldade que parece estar aparecendo muito é para dormir. Como muitas pessoas transformaram seu quarto, que antes era espaço de descanso, em espaço de trabalho, é complicado para o cérebro fazer essa transição, ainda mais se você passar a maior parte do tempo em um mesmo cômodo da casa. Por isso, o ideal é ter um outro lugar para trabalhar, pode ser um outro quarto, mas que não seja o seu. 

Os adolescentes também foram muito afetados, mesmo que consigam manter a rotina de estudos online, que já é um desafio, a falta de contato social, e gasto de energia, dificulta uma rotina de sono que funcione. Se for possível criar tarefas dentro de casa, momentos voltados a atividades físicas, mas ainda assim, vale lembrar que o mundo se transformou desde a pandemia, então esse processo de adaptação vai mexer sim com a sua disposição, seu sono e sua energia.

Com as vacinas sendo produzidas aqui e distribuídas com mais regularidade e um novo normal aparentemente se aproximando aos trancos e barrancos ao longo deste ano, aceitando a importância desse momento e todas as transformações que nos foram impostas, nós perguntamos: o que podemos fazer para controlar melhor nosso emocional?

Redefinir a nossa vida

A maioria de nós experimentou algumas revelações sobre nossas vidas durante o curso da pandemia. Talvez percebamos que passamos horas demais no escritório, desnecessariamente. Para o distanciamento social em casa, talvez tenhamos aprendido que realmente nos beneficiamos de muito mais tempo juntos como a família, e que as contas bancárias emocionais que compartilhamos estão desfrutando de saldos maiores do que, talvez, já tiveram antes.

Por meio da união forçada, talvez tenhamos inadvertidamente descoberto que precisamos de mais tempo sozinhos, lendo, ouvindo música, meditando ou apenas sentados em silêncio.

Dedicar alguns minutos para meditar uma ou duas vezes ao dia pode ajudar muito a melhorar a saúde mental.

Recomendo que você avalie as lições que aprendeu ao longo da pandemia e as implemente, na medida do razoável, em sua nova vida normal.

Vá da inércia ao movimento

Todos nós sabemos que o movimento é um componente importante para nosso bem-estar físico, mas também fortalece nossa saúde emocional.

À medida que a pandemia se aproxima do segundo ano, muitos de nós nos tornamos cada vez mais inertes, permitindo que nossa energia ansiosa permaneça em nossos corpos. É crucial para se mover, quer você caminhe, corra, levante ou ande de bicicleta ergométrica. Saia ao ar livre e pegue o ar fresco todos os dias, faça o que estiver ao seu alcance!

Encontre o significado e aja

Muitos de meus clientes me dizem que atingiram uma crise existencial em relação ao significado de suas vidas. A oportunidade aqui é desenvolver vínculos e buscar atividades que façam algum sentido para você, mesmo que temporariamente. Aprimorar o vínculo com pessoas, religião, instituições e/ou colocar em prática algo que se sinta contribuindo para o outro é importante.

Obtenha ajuda

Se você está lutando para lidar com dias sombrios, procure um grupo de apoio online ou sessões de psicoterapia individuais.

Trate a saúde mental como a saúde física e trabalhe para tratar além de doenças emocionais, para manter o bem-estar emocional. Acredito que as pessoas estejam percebendo a importância e, principalmente, a diferença que é tratar a saúde mental, e tenho a esperança de que esse olhar permaneça daqui para frente. 

Você já sentiu solidão, esgotamento, ansiedade ou tristeza por causa da pandemia? Você está preocupado com os efeitos de longo prazo na saúde mental? Que perguntas você tem sobre como cuidar de sua saúde mental após um ano de tantas incertezas?

Sou Joana Santiago – Psicóloga

A diferença entre estar sozinho e se sentir sozinho

Recentemente assisti o filme Bohemian Rhapsody e um ponto me chamou a atenção: a solidão. Vários momentos da vida do cantor me fizeram refletir sobre ser solitário e estar sozinho, mesmo rodeado de tanta gente.

Com o filme e matérias que surgiram na época ficou fácil lembrar do Freddie Mercury e como ele era em seus últimos anos: visionário e contido, raramente visto em público, reclinado ao luxo com seus gatos e suas jóias. Mesmo antes do peso da doença, ele dava a impressão de um homem que estava satisfeito. Nas raras entrevistas que ele deu, não havia introspecção no estilo Radiohead, mas sim parecia estar afetado por uma tristeza.

Em uma entrevista ao jornalista e escritor David Wigg em 1984, ele disse:

“Podemos ser amados por milhares de pessoas e ainda assim sermos a pessoa mais solitária. E a frustração disso me faz sentir ainda pior, porque é difícil entenderem que podemos estar sozinhos…  A maior parte das pessoas pergunta como pode o Freddie Mercury estar sozinho? Ele tem dinheiro, tem carros e motoristas, ele tem tudo. Pode parecer que temos tudo e no entanto não termos nada. Me sinto a pessoa mais solitária do mundo.”

Para alguns teóricos, especialmente da linha existencialista o ser só é uma condição original de todo ser humano, mas o sentir-se só é uma condição temporal. Assim quando uma pessoa entende que estar sozinha não é uma opção, mas uma imposição da vida, ela entra em um estado emocional de sofrimento, porque quando ela olha para dentro de si ela não se encontra, pelo contrário ela se depara com um vazio existencial.

E quando isso acontece, mesmo que essa pessoa esteja rodeada de pessoas ela, ainda assim, se sentirá sozinha, pois esse “preenchimento” que se vê ausente não se encontra nos outros encontra-se em si mesmo.

A diferença entre sentir-se sozinho e estar sozinho está na maturidade de reconhecer-se como um ser de relação, não em uma relação de dependência, mas de liberdade, isto é, entender que o outro não é o único responsável pela sua felicidade. É a disponibilidade de vivenciar cada momento de uma forma singular. É sentir-se em paz consigo mesmo não com a paz que o outro te “oferece”.

E como se alcança essa maturidade?

Simplesmente se conhecendo, permitindo e “experienciando” a vida. Não existe segredo, o que deve existir é disposição para se conhecer e descobrir tudo aquilo que você pode vir a ser!

Portanto, é necessário saber enfrentar, gerir e aceitar a solidão. Eu separei aqui algumas orientações que podem te ajudar a enfrentar a solidão não desejada de maneira inteligente, de uma forma que favoreça o seu crescimento pessoal:

Entre num grupo – Pode ser um grupo ligado às artes ou ao esporte, ou um grupo comunitário. Entrar num grupo imediatamente leva a uma integração num conjunto de pessoas que dividem interesses comuns. É uma iniciativa que poderá lhe trazer o sentimento de pertencimento. A integração num grupo e o convívio com outras pessoas estimula a criatividade, poderá ser algo que faça você desejar o dia seguinte, ajudando a combater a solidão.

Faça voluntariado – Tornar-se voluntário numa causa em que acredita poderá trazer vários benefícios. Conhecer outras pessoas, fazer parte de um grupo, criar novas experiências. Praticar e sentir o altruísmo poderá trazer outro sentido à sua vida, o que contribuirá para aumentar a sua felicidade e o seu bem-estar, diminuindo a solidão. Trabalhar com os outros mais desfavorecidos pode fazer você olhar para a sua vida e para as possibilidades que tem com outros olhos.

Invista nas suas relações sociais – Certamente tem pessoas na sua vida que talvez não conheça bem, que ainda sejam apenas conhecidos, mas que sempre teve curiosidade de conhecer melhor. Você também poderá investir nas suas relações familiares e torná-las mais profundas e íntimas. Ligue mais aos seus amigos! Invista nas suas relações! Convide os seus amigos para sair! Organize jantares de amigos que tragam mais dois amigos, dinamizando os encontros sociais e tornando-os fontes de novidade constante.

Adote um animal de estimação – Os cães e os gatos, em especial podem trazer vários benefícios e um deles é a prevenção da solidão. Cuidar de um animal reúne princípios de altruísmo e de companheirismo. Passear um cão leva a comportamentos espontâneos de pessoas que passeiam e que afagam o animal e podem iniciar uma conversa com você, sejam eles pessoas com ou sem animal de estimação. Os animais permitem dar amor incondicional, que poderá ser um extraordinário trunfo para vencer a solidão.

Faça psicoterapia – Com inúmeras vantagens, a  psicoterapia permite criar uma relação de confiança e de exposição da sua intimidade com alguém que o ouve com atenção plena e com verdadeira empatia. Estes elementos são muito reconfortantes para uma pessoa que sofre de solidão. Além de promover este conforto, a psicoterapia fornece a você uma série de estratégias para sair da solidão e reencontrar o seu bem-estar. E, caso precise de ajuda profissional, estou à disposição para acompanhá-lo nessa trajetória.

Como vê, existem muitas formas de combater a solidão.
Espero que este artigo possa ter lhe ajudado!