A Chegada de um bebê e brigas
A Chegada de um bebê e brigas

Noites sem dormir, seios doloridos, rotina virada do lado avesso. Frequentemente ouvimos falar sobre esses e outros efeitos de ter um bebê, mas não se ouve muito sobre relacionamentos. Mais especificamente, muitos dos meus clientes vêm a mim com angústia sobre o estado de seu casamento depois de ter filhos. Eles se sentem irritados com seus parceiros, estão lutando com mais frequência e estão desconectados. 

O primeiro ano de vida de um filho é a prova de fogo para a maioria dos casais. Por mais que os pais tenham estudado sobre o assunto e até feito um curso para se preparar para a chegada do bebê, nenhum casal está 100% pronto para os conflitos que poderão surgir no relacionamento. A rotina muda e surgem novas responsabilidades, tarefas e um estilo de vida que deixa de ser a dois e passa a ser em grupo. É normal que o casamento sofra um abalo – tanto que esse impacto tem até nome:

BABY CLASH É A DESIGNAÇÃO DESSE FENÔMENO, ALGO QUE PODERÁ SER TRADUZIDO POR “CHOQUE DO BEBÊ”.

Ninguém avisou que haveria tanta discórdia. No entanto, é incrivelmente comum, estudos que sugerem que 67% dos casais casados experimentam um declínio acentuado na satisfação do relacionamento após o nascimento de um filho. Eu faço referência a essa estatística, não para criar mais medo, mas para normalizar esse fenômeno.

Relacionamentos, mesmo os saudáveis e fortes, são afetados após o nascimento de um filho.

Enquanto as razões específicas para um declínio na satisfação conjugal são únicas para cada casal, existem alguns culpados em comum. Abaixo estão os 8 mais comuns que vejo na minha prática:

1. Privação do sono

Há uma razão pela qual a privação do sono é usada como uma forma de tortura. A falta de um sono com qualidade está ligada à depressão, ansiedade, irritabilidade, humor negativo e dificuldade para controlar a raiva e a hostilidade. Coloque duas pessoas privadas de sono na mesma sala e o conflito quase certamente se seguirá. Para não mencionar que, quando você está cansada, a última coisa que você pensa é ter tempo para cuidar do seu relacionamento.

2. Falta de tempo

Quando você tem um filho pequeno, há pouco tempo para cuidar de si mesma ou do seu relacionamento. Antes dos filhos você não percebe que você tem tempo para cuidar da saúde do seu relacionamento (conversam sobre o seu dia no trabalho abraçados na cama antes de dormir, sentados juntos durante uma refeição, por exemplo). Depois da chegada do bebê você certamente sente a ausência desse tempo e cuidado. 

3. Falta de intimidade

Após o nascimento de um bebê, a maioria dos casais é menos íntima física e emocionalmente um do outro. Eles também fazem sexo com menos frequência. A falta de tempo, a falta de sono e, muitas vezes, a falta de desejo, seja qual for o motivo, a falta de conexão inicial contribuem para uma diminuição na satisfação do relacionamento.

4. Relacionamentos se tornam Logísticos e Transacionais

Quando o tempo é limitado e a energia é curta, muitos casais pensam que o relacionamento deles se torna o que chamo de quem, como e o quê. Quem vai se levantar com o bebê para a próxima alimentação? Como vamos utilizar o transporte público com um carrinho de bebê? O que precisamos preparar para a creche? A comunicação restringe-se ao gerenciamento da ginástica logística e transacional do cuidado com a criança.

5. Ressentimento reina

Quando a comunicação não é habitual, é frequentemente uma receita para hostilidade e ressentimento. Quando ouço casais brigando sobre quem teve mais sono, de quem é a vez de alimentar o bebê, que tem que tomar um banho, fico preocupada com a produção de sinais de desprezo e críticas, ambos tóxicos, para a saúde dos relacionamentos.

6. Estresse

Tornar-se mãe ou pai envolve muitas conversas difíceis e grandes decisões. Quer trate de falar sobre finanças, descobrir cuidados infantis ou fazer escolhas sobre os cuidados médicos do seu filho, tomar decisões estressantes pode contribuir para o conflito, ainda mais com pessoas que estão com pensamentos divergentes sobre o mesmo assunto.

7. Mudanças de identidade

Tornar-se mãe ou pai envolve lidar com sua própria mudança de identidade, mas também requer um ajuste à identidade do seu parceiro como pai / mãe. Isso inevitavelmente envolve alguns obstáculos e dificuldades, pois você pode não gostar de aspectos da identidade de pai de seu parceiro ou pode ter problemas para se acostumar com a mudança.

8. Trabalho Emocional

O trabalho emocional refere-se ao trabalho invisível (e não remunerado) de cuidar de seus sentimentos, bem como gerenciar os sentimentos dos outros. É a carga mental de administrar casas, de lembrar datas e compromissos importantes, de lembrar aniversários, de pedir comida antes que a geladeira esteja vazia. Na minha experiência, o trabalho emocional é o culpado por grande parte da discórdia que vejo em casais com filhos pequenos e sobrecarregando bastante as mulheres que tendem a se preocuparem mais com a questão da pressão social.

Enfim

Há muitas razões pelas quais seu relacionamento fica debilitado depois de ter um bebê, mas também há muitas maneiras de compensar, arranjando um tempinho pra namorar assim que o bebê dormir, sem muitas cobranças, ter contato físico e emocional é muito importante para o manter a base familiar que é o casal. Saídas a dois, como eram feitas antes é muito importante, se tiver com quem deixar o bebê não deixe de passear um pouco, nem que seja só por uma horinha. E o mais importante, encontrar programas que se adaptem com a nova rotina do casal. Saber que tudo na vida tem o lado bom e ruim e encontrar o seu equilíbrio.

Curtiu essas dicas? Elas foram frutos muitos estudos de casos de meus pacientes e também de experiência própria com a chegada da minha princesa. 

Aproveite para compartilhar este texto! Ajude a manter os relacionamentos fortes e saudáveis.