A saúde mental, que já era um dos principais temas debatidos na sociedade moderna, se tornou um tópico ainda mais destacado em meio à pandemia do novo coronavírus e ganha mais força neste mês de prevenção ao suicídio.
Problemas decorrentes da Covid-19, como mortes causadas pela doença, afastamento social, desemprego e incertezas, potencializam sensações de medo, pânico, tristeza, insegurança, ansiedade e depressão.
Quem luta contra os vários fatores que podem levar ao suicídio precisa, antes de tudo, riscar do dicionário verbos como “julgar”, “moralizar” e “reprimir”. A compreensão, o diálogo e a capacidade de ouvir, principalmente ao jovem e ao idoso, podem representar um divisor de águas, não só na relação entre quem tenta ajudar e quem precisa de ajuda, mas também no autoconhecimento daquele que vivencia transtornos, como ansiedade, depressão, síndrome do pânico, entre outros.
É possível prevenir
Suicídio é o ato de tirar a própria vida intencionalmente. Também fazem parte deste comportamento os pensamentos suicidas, planos e tentativas de morte, assim como os transtornos relacionados ao problema.
O suicídio pode ser evitado em mais de 90% dos casos. O Setembro Amarelo é uma campanha criada com o intuito de informar as pessoas sobre o suicídio, uma prática normalmente motivada pela depressão e que deve ter destaque nas mídias durante o ano todo.
É preciso falar sempre!
É comum que os pais evitem falar sobre suicídio com os filhos, na tentativa de minimizar a importância percebida pelo adolescente de um determinado problema que observam, ou mesmo pelo fato de os filhos não darem abertura suficiente para que o assunto seja discutido.
E não são só as crianças e adolescentes que não conversam sobre o assunto: pessoas de qualquer idade podem ter um bloqueio de falar sobre algo tão importante, como se abordar o assunto fosse deixá-lo em evidência na cabeça de quem está depressivo.
Porém, a conversa pode abrir novas perspectivas e até alertar a outra pessoa para tomar medidas mais drásticas para solucionar a situação.
Por isso é tão fundamental que a sociedade como um todo, mantenha as relações e conexões, ainda que virtuais. Perceber nas conversas com outras pessoas, se alguém ao seu redor pode estar sofrendo e/ou em risco para tentativas de suicídio. Esteja atenta aos menores sinais, disposta e preparada para discutir o tema e encaminhar a pessoa para um tratamento que trará um novo olhar sobre a vida e a vontade de prosseguir.
Somente compreendendo a magnitude da campanha, conseguiremos, de fato, mudar vidas todos os dias.
Uma pesquisa realizada e publicada pelo Pine Rest Christian Mental Health Services, um hospital psiquiátrico e de saúde comportamental, localizado em Michigan, nos Estados Unidos, revelou que o número de suicídios aumentou em 32% durante a quarentena pela pandemia de coronavírus.
Segundo Organização Mundial da Saúde, cerca de 800 mil pessoas anualmente em todo o mundo cometem suicídio. Porém, durante o ano de 2020, provavelmente esse número será maior nas estatísticas. Esse provável aumento é explicado pela insegurança e sentimento de vulnerabilidade vividos durante a pandemia, somados a instabilidade econômica, que aumentou o número de casos de depressãono mundo.
No Brasil, a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), a partir de um estudo com 1.460 pessoas em 23 estados do país, apontou um crescimento de 90,5% de casos de depressão, além de um crescimento em casos de ansiedade, de 8,7% para 14,9% e estresse de 6,9% para 9,7%.
Vários fatores podem predispor à depressão e, em última instância, ao suicídio. A começar pelo medo disseminado, tanto nas mídias quanto nas conversas casuais do dia-a-dia. É normal do ser humano sentir medo, principalmente diante de uma situação jamais vivida antes. Soma-se a isso o fato de não existir um tratamento preconizado ou uma vacina, sendo a única forma de prevenção o isolamento social. Além disso, podem surgir estigmas sociais, de vizinhos, amigos ou até mesmo familiares. Por isso, é esperado que ocorram maiores taxas de suicídio durante esse período em que vivemos agora.
Procure ajuda
É preciso buscar ajuda psicológica logo no início de algum transtorno, ao invés de esperar chegar a uma situação crítica. Porém, normalmente o paciente por estar fragilizado, muitas vezes não se dá conta da gravidade do que está sentindo e isso pode requerer a atenção e ajuda dos familiares que estão ao redor.
Estamos apenas começando a ver esses danos psicológicos se desenvolverem na pandemia, mas a necessidade de cuidados de saúde mental provavelmente se estenderá por muito tempo no futuro. Isso reflete a importância de conversarmos sobre o tema não somente no mês de setembro, mas em todos os momentos do ano.
https://joanasantiago.com.br/wp-content/uploads/2020/09/02.09-destaque.jpg334513Joana Santiagohttps://joanasantiago.com.br/wp-content/uploads/2016/04/JOANA-SANTIAGO-LOGO-300x120.jpgJoana Santiago2020-09-03 10:04:452020-09-03 10:04:46Pensamentos suicidas no período da quarentena
O suicídio é uma tentativa desesperada de escapar do sofrimento que se tornou insuportável. Cega por sentimentos de auto-aversão, desesperança e isolamento. Uma pessoa suicida não vê outra maneira de encontrar alívio, exceto através da morte. Mas, apesar do desejo de que a dor acabe, a maioria das pessoas suicidas está profundamente em conflito quanto ao fim de suas próprias vidas. Eles desejam que haja uma alternativa ao suicídio, mas eles simplesmente não conseguem ver um.
A maioria dos indivíduos suicidas dá sinais de alerta ou intenções. A melhor maneira de prevenir o suicídio é reconhecer esses sinais de alerta e saber como responder se você os detectar. Se você acredita que um amigo ou membro da família é suicida, pode desempenhar um papel importante na prevenção de suicídios, apontando as alternativas, mostrando que você se importa e envolvendo um médico ou psicólogo.
Sinais de alerta de suicídio
Os principais sinais de alerta para o suicídio incluem falar sobre se matar ou se machucar, falar ou escrever muito sobre a morte ou o morrer e procurar coisas que poderiam ser usadas em uma tentativa de suicídio, como armas e drogas. Esses sinais são ainda mais perigosos se a pessoa tiver um distúrbio de humor, como depressão ou transtorno bipolar, sofre de dependência de álcool, já tentou suicídio ou tem antecedentes familiares de suicídio.
Um sinal de alerta mais sutil, mas igualmente perigoso, é a falta de esperança. Estudos descobriram que a desesperança é um forte preditor de suicídio. As pessoas que se sentem desesperadas podem falar sobre sentimentos “insuportáveis”, prever um futuro sombrio e afirmar que não têm nada pelo que esperar.
Outros sinais de alerta que apontam para um quadro mental suicida incluem mudanças dramáticas de humor ou mudanças repentinas de personalidade, exemplo de bem-comportado para rebelde. Uma pessoa suicida também pode perder o interesse nas atividades diárias, negligenciar sua aparência e mostrar grandes mudanças nos hábitos de comer ou dormir.
Os sinais de aviso de suicídio incluem:
Conversa sobre suicídio – Qualquer conversa sobre suicídio, morte ou auto-mutilação, como “Eu gostaria de não ter nascido”, “Se eu te encontrar de novo …” e “Eu estaria melhor morto”.
Busca por meios letais – buscando acesso a armas, pílulas, facas ou outros objetos que possam ser usados em uma tentativa de suicídio.
Preocupação com a morte – Foco incomum na morte ou na violência. Escrever poemas ou histórias sobre a morte.
Falta de esperança para o futuro – sentimentos de desamparo, desesperança e estar preso (“Não há saída”). Crença de que as coisas nunca vão melhorar ou mudar.
Auto-aversão – sentimentos de inutilidade, culpa, vergonha e ódio de si mesmo. Sentindo-se como um fardo (“Todo mundo ficaria melhor sem mim”).
Dizer adeus – visitas, chamadas incomuns ou inesperadas para familiares e amigos. Dizer adeus às pessoas como se elas não fossem mais vistas.
Retirada de outras pessoas – Retirada de amigos e familiares. Aumentando o isolamento social. Desejo de ser deixado sozinho.
Comportamento autodestrutivo – Aumento do uso de álcool ou drogas, direção imprudente, sexo inseguro. Assumindo riscos desnecessários como se tivessem um “desejo de morte”.Súbita sensação de calma – Uma súbita sensação de calma e felicidade após ficar extremamente deprimida pode significar que a pessoa tomou uma decisão de tentar suicídio.
Leve a sério qualquer conversa ou comportamento suicida. Não é apenas um sinal de alerta de que a pessoa está pensando em suicídio – é um pedido de ajuda.
Ao falar com uma pessoa suicida:
O que fazer:
Seja você mesmo. Deixe a pessoa saber que você se importa, que ela não está sozinha. As palavras certas geralmente não são importantes. Se você estiver preocupado, sua voz e maneiras mostrarão isso.
Ouça. Deixe a pessoa suicida descarregar o desespero, desabafar a raiva. Não importa o quão negativa a conversa pareça, o fato de estar ocorrendo é um sinal positivo.
Seja compreensivo, não julgue, seja paciente, calmo e aceite. Seu amigo ou membro da família está fazendo a coisa certa falando sobre seus sentimentos.
Ofereça esperança. Tranquilize a pessoa de que a ajuda está disponível e que os sentimentos suicidas são temporários. Informe a pessoa de que sua vida é importante para você.
O que não fazer:
Discutir com a pessoa suicida. Evite dizer coisas como: “Você tem muito pelo que viver”, “Seu suicídio machucará sua família” ou “Olhe pelo lado positivo”.
Ficar chocado diante da pessoa, e fazer uma palestra sobre o valor da vida ou dizer que o suicídio está errado.
Prometer confidencialidade. Recuse-se a jurar segredo. Há uma vida em risco e você pode precisar falar com um profissional de saúde mental para manter a pessoa suicida em segurança. Se você promete manter suas discussões em segredo, pode ter que quebrar sua palavra.
Ofereça maneiras de resolver seus problemas, ou dar conselhos, ou fazê-los sentir que precisam justificar seus sentimentos suicidas. Não se trata de quão ruim é o problema, mas de como está prejudicando seu amigo ou ente querido.
Se você está tendo dificuldades para lidar com o suicídio de um amigo ou parente, é melhor conversar com outra pessoa em quem você confia e procure ajuda profissional. Estou aqui para ajudá-lo.
https://joanasantiago.com.br/wp-content/uploads/2019/09/30-destaque.jpg334513Joana Santiagohttps://joanasantiago.com.br/wp-content/uploads/2016/04/JOANA-SANTIAGO-LOGO-300x120.jpgJoana Santiago2019-09-30 00:00:002019-09-29 23:35:14Quando o suicida está ao seu lado
Apesar de ser um problema de saúde pública, com tendência de crescimento nos próximos anos, pois acompanha a expansão de doenças como a depressão, o suicídio ainda é um tabu no Brasil. Dificuldade de obter dados, preconceito e medo de estimular a prática da fala, são fatores que dificultam a discussão e a prevenção.
Suicídio em nossa sociedade.
Ao longo dos séculos, por razões morais e religiosas, o suicídio foi considerado um dos piores pecados, talvez o pior que um ser humano pudesse cometer. Esse tabu, que tem raízes profundas em nossa cultura, se transformou em um problema e ocultou uma triste realidade: que pode afetar qualquer pessoa a qualquer momento da vida, independentemente do status socioeconômico, idade, raça, sexo ou religião. E também está intimamente ligado a transtornos mentais que tiram a liberdade de escolha de um indivíduo.
Transtornos mentais, como depressão, transtornos bipolares e de personalidade, dependência química e esquizofrenia, que quando somados e não diagnosticados ou tratados inadequadamente, representam aproximadamente 80% dos casos. As situações estressantes da vida, para esses indivíduos já fragilizados, como dificuldades financeiras e ou emocionais, também são um fator significativo e podem desencadear o suicídio.
Problema de saúde pública
Os números em si devem ser suficientes para convencer alguém de que a questão não deve ser vista como um tabu, mas considerada como realmente é: um sério problema de saúde pública. Só para se ter uma idéia de sua magnitude, de 2007 a 2016, foram registrados 106.374 mortes por suicídio no Brasil. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, 804.000 pessoas no mundo morreram dessa maneira. No Brasil, é a quarta maior causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos, sendo a terceira para homens nesse grupo e, entre as mulheres, a oitava. O suicídio também tem inúmeras repercussões, como o forte impacto que essa morte causa na vida de outras pessoas.
Campanhas de prevenção
Levando tudo isso em consideração, a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) está fazendo todo o possível para fornecer informações aos médicos, outros profissionais de saúde e para população. Apoiando campanhas como “Setembro Amarelo”, propondo que, durante a semana de 10 de setembro, tenhamos campanhas e ações para a prevenção do suicídio.
Esse ano, famosos como: Ana Maria Braga, Evaristo Costa, Juliana Paes, Fábio Porchat e outros desativaram suas contas do Instagram por um dia, 10 de setembro, o objetivo foi causar estranhamento aos usuários da rede social mais popular do mundo.
Quando os famosos fossem pesquisados, eles não seriam encontrados e apareceriam indisponíveis. Com isso, a campanha teve por finalidade causar um espanto e um alerta em mais de 100 milhões de pessoas.
Ao longo do dia, as celebridades retornam às suas contas, explicando o motivo do “sumiço”. Eles se uniram ao Centro de Valorização da Vida (CVV) e tiveram como intuito, também, quebrar o tabu em se falar de saúde mental. Além disso, eles relataram dados trágicos sobre o suicídio e a importância que as campanhas de prevenção têm em combater esse mal.
Mas ainda há muito a ser feito. A conscientização e a educação pública são cruciais. É importante lembrar que, para uma pessoa depressiva ou com algum transtorno mental, além dos tabus, a dificuldade em pedir ajuda é muito maior. Portanto, temos que estar atentos aos sinais e sempre que tiver alguma desconfiança converse e procure ajuda profissional.
https://joanasantiago.com.br/wp-content/uploads/2019/09/18-destaque-12.58.15.jpg334513Joana Santiagohttps://joanasantiago.com.br/wp-content/uploads/2016/04/JOANA-SANTIAGO-LOGO-300x120.jpgJoana Santiago2019-09-18 19:15:142019-09-29 22:38:12Suicídio ainda é um tabu
A internet potencializou a propagação de informação. Vivemos em um mundo inundado por notícias, de diferentes opiniões onde, nem sempre, nos deparamos com comentários positivos e bondosos, pelo contrário, muitas pessoas usam essa ferramenta para destilarem suas frustrações em cima de outras, e não fazem ideia de como seus comentários são recebidos, principalmente por uma pessoa com depressão.
Haters Gonna hate!
O indivíduo que vive atacando nas redes recebe o nome de hater, termo atribuído à pessoas que fazem uso da internet com intuito de fazer críticas, desde as mais leves, até as mais severas. Tal prática tem acarretado consequências severas, como o suicídio. O caso mais recente foi o de Alinne Araújo, estudante e influenciadora digital (em nosso post anterior comentamos o quadro de Alinne, que apresentava ansiedade e depressão). A estudante já estava com o casamento marcado, no entanto seu noivo mandou uma mensagem um dia antes cancelando tudo. Como tudo já estava pago, assim como a chegada de familiares, a jovem decidiu casar-se consigo mesma, o que acarretou um bombardeio de críticas em sua rede social.
A ação dos chamados haters podem servir de gatilho para atitudes intempestivas de pessoas depressivas. As redes sociais potencializam a perversão e o perverso tem prazer em ferir. Para as ciências da psiquê, a perversão vive no limite com a psicopatia e ambos encontram terreno nas redes sociais. Facebook, WhatsApp e Instagram aumentam a exposição ao cyberbullying, assim como o compartilhamento de comportamentos disfuncionais, como divulgação de métodos de suicídio e minimização dos perigos da anorexia.
Outra via que acentua a depressão na internet, principalmente com adolescentes, é a questão da comparação. O depressivo já está se sentindo menosprezado, ele começa a olhar o que os outros têm e essa comparação o adoece ainda mais.
A crítica pela crítica
Os haters são pessoas com dores não resolvidas ou que sentem prazer em machucar os outros. Quando a gente não gosta de uma coisa, simplesmente para de ver, não precisa denegrir.
No caso da Alinne foram milhares de pessoas caindo em cima e isso pode ser devastador. Muitas pessoas criticam para se sentirem bem diante de uma vida insatisfatória. Tudo na internet é muito rápido e ela deve ter entrado em pânico.
Resumindo, pensamentos e comportamentos suicidas começam quando indivíduos fragilizados se deparam com eventos estressantes. Eles ficam sobrecarregados com a situação e decidem, com base no seu modo de pensar tendencioso, que o suicídio é a única maneira razoável de parar a dor que estão sentindo. Determinar o que torna os eventos estressantes é difícil, porque todos lidam de maneiras diferentes e têm perspectivas diferentes. O que pode parecer bastante sem sentido para uma pessoa pode parecer devastador ou insuportável para outra.
Quando sentir que não tem forças para lidar com uma situação estressante, procure ajuda!
https://joanasantiago.com.br/wp-content/uploads/2019/09/11-destaque.jpg334513Joana Santiagohttps://joanasantiago.com.br/wp-content/uploads/2016/04/JOANA-SANTIAGO-LOGO-300x120.jpgJoana Santiago2019-09-12 00:00:472019-09-12 20:28:17Redes sociais, haters e o aumento de suicídios.
Em julho deste ano a depressão, ansiedade e suicídio voltaram a ser destaque na imprensa e nas redes sociais. O motivo foi o suicídio da influenciadora digital Aline Araújo, de 24 anos. Após ser abandonada pelo noivo um dia antes da cerimônia de casamento, ela anunciou que se casaria sozinha. No entanto, um dia após casar-se consigo mesma, ela se jogou do nono andar do prédio onde morava. Aline sofria de depressão e falava abertamente sobre isso no seu perfil do instagram @sejjesincera.
O suicídio de Aline reacendeu o debate sobre a prevenção e tratamento da depressão, e nesse mês de setembro vamos dar voz ao movimento mundial para conscientizar a população sobre a realidade do suicídio e para lembrar as pessoas que não deixem de procurar ajuda.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão atinge mais de 300 milhões de pessoas no mundo. A doença atinge ao menos 5,5% da população brasileira e cada vez mais, jovens e adolescentes da faixa etária entre 15 e 29 anos vem sendo diagnosticados com essa doença, que pode até causar a morte.
Os sintomas das doenças entre os mais jovens podem ser diferenciados e, por isso, é preciso ter bastante atenção com as especificidades. Além do quadro de depressão, Aline também comentava em seu perfil no Instagram sobre os seus problemas com a ansiedade e as crises desencadeadas por esse transtorno. Ainda segundo a OMS, distúrbios relacionados a ansiedade atingem 9,3% dos brasileiros.
As dificuldades emocionais, o isolamento típico, as mudanças hormonais, dúvidas sobre si, lugar no mundo, problemas com a autoestima e até mesmo certa tristeza e rebeldia podem confundir pais e professores com relação aos sinais da doença. Afinal muitos dos indícios da depressão entre jovens e adolescentes podem passar despercebidos, encarados como comportamentos esperados por pessoas destas idades. Se houver uma mudança repentina de atitudes, isso pode ser um indicador de que alguma coisa está errada.
A depressão pode interferir fortemente no desenvolvimento das pessoas nesta fase da vida. Esse período de transição pode ser realmente estressante para muitos e a depressão é uma doença que pode inabilitar de maneira arrebatadora.
Ela é um distúrbio usualmente percebido na fase adulta, mas a verdade é que, comumente, aqueles diagnosticados quando mais velhos apresentaram sintomas de depressão ainda jovens. Em geral é causada por fatores genéticos, ambientais e sociais. Portanto, não é somente pela predisposição que a pessoa sofrerá de depressão; certos estímulos também podem influenciar no aparecimento da doença.
Mas o diagnóstico não é simples e só pode ser dado por um profissional. Além disso, ainda temos que ficar alertas sobre a ansiedade, que é a porta de entrada para transtornos mentais mais sérios, como a própria depressão, e é justamente por isso que ela deve ser identificada e tratada o quanto antes.
Os fatores que levam uma pessoa a cometer suicídio variam, mas é a forma como podemos ajudar o que mais importa. No vídeo a seguir, a especialista no assunto Livia Vitenti explica como podemos ficar atentos a sinais de alerta, o que fazer caso alguém próximo precise de ajuda e onde buscar apoio.
O que fazer para ajudar uma pessoa sob risco de suicídio?
Conversar com a pessoa, ouvir o que ela tem a dizer e evitar julgamentos;
Acompanhar constantemente é outra indicação, é importante saber como a pessoa está se sentindo;
Buscar ajuda profissional de um psicólogo e
Proteger a pessoa, nos casos em que há risco imediato, não a deixando sozinha e longe de objetos que possam ser utilizados para provocar a própria morte.
A depressão se enquadra em um quadro de tristeza, insatisfação mais intensa e crônica, que se arrasta por dias e para ser diagnosticada é necessário apresentar pelo menos 14 dias seguidos dos sintomas de tristeza, humor deprimido e até irritabilidade.
Sinalizo aqui alguns ‘gatilhos’ que podem disparar o processo depressivo, que são acontecimentos negativos em nossa vida: perda de parentes próximos, endividamento, preocupação excessiva com trabalho e estudos, abandono e julgamentos (principalmente no tempo atual de superexposição).
O suicídio, infelizmente, tem crescido em diversas faixas etárias. Entre os adultos, um dos gatilhos pode ser algo corriqueiro: a depressão provocada pela demissão.
Mas como a demissão provoca depressão?
A demissão está psicologicamente associada a dois grandes medos que o ser humano tem na vida: o medo do fracasso e da rejeição. Aliado a isso, vem o fator “conhecimento público”. É certo que a profissão forma parte de nossa identidade. Basta vermos perfis de redes sociais, onde logo após o nome vemos a profissão de cada um. Sendo assim, a demissão, para algumas pessoas, parece diminuir seu valor como profissional diante das pessoas para as quais se esforçou para construir a imagem e reputação profissional.
Para piorar, há quem não consiga aguentar o sentimento de rejeição e fracasso causado pela demissão. O diretor dos ambulatórios do Instituto de Psiquiatria da USP, Rodrigo Leite, diz que os suicídios são um fenômeno diferente de outros transtornos mentais porque tem influência do ambiente. Assim, o impacto do desemprego é perigoso pois, além do fator monetário, existe a solidão, isolamento, perda de apoio social, crises familiares e sensação de impotência.
A faixa de idade e sexo com maior taxa de suicídio causado pelo desemprego é de homens entre 45 e 50 anos. O motivo: responsabilidade familiar e status social ameaçados. “A sensação de fracasso é maior. É todo um projeto de vida ruindo”, diz Leite.
“Os momentos de maior risco são os três primeiros meses. Depois disso, normalmente a pessoa se adapta, consegue uma solução, e a ideia de suicídio vai embora”. É o que afirma a coordenadora da Comissão de Combate ao Suicídio da Associação Brasileira de Psiquiatria, Alexandrina Meleiro. Além disso, há um fator importante para que o homem cometa mais suicídios devido à perda do emprego: diferente da mulher, ele é resistente à busca de ajuda psicológica.
Como o psicólogo pode ajudar na busca de uma saída no momento da demissão?
Se o indivíduo estiver vivendo sentimentos de medo, insegurança ou qualquer outro comportamento limitante, o psicólogo vai ajudar a eliminar crenças sabotadoras (como acreditar que foi rejeitado ou que não é bom o suficiente) e fortalecer sua mentalidade para construção de hábitos saudáveis.
Quer saber mais sobre o que o psicólogo pode fazer por você?
O bullying se tornou uma das maiores causas de suicídio entre jovens. Como combater?
Mallory Grossman, 12 anos, era uma menina como qualquer outra na escola de ensino fundamental de Copeland, Estados Unidos. Em 2016, Mallory começa a receber mensagens de texto nas redes sociais. Algumas a chamavam de “fracassada” e debochavam da sua aparência. Outras diziam que ela não tinha amigos e que era melhor ela tirar sua própria vida. Depois de meses sofrendo essas ofensas, também conhecidas como bullying, Mallory comete suicídio.
Esse é mais um caso do mal que cresce diariamente causando danos irreparáveis: o bullying. Em luto, os pais de Mallory acreditam que a escola também é responsável pela morte. Foi aberta uma ação judicial por eles acusando a escola de não tomar uma atitude mais enérgica para que o bullying não acontecesse. Além disso, eles afirmam que a escola, como medida preventiva, sugeriu que Mallory fizesse seus lanches em uma sala isolada de outros alunos.
Limites
Fica a pergunta: até onde vai a brincadeira? Onde ela passa a ser agressão? De acordo com uma pesquisa da Plan realizada entre alunos de escolas, as causas mais comum para crianças e jovens se agredirem verbalmente são: “porque querem ser populares”, “por brincadeira” e “porque querem dominar o grupo”. Os resultados também revelam que “os maus-tratos entre colegas no ambiente escolar podem ocorrer porque o agressor é mais forte do que a vítima, a vítima não reage, a vítima é diferente, os agressores não são punidos pela escola, sentem-se provocados e acham que as vítimas merecem.”
Esse ano, em São Paulo, o suicídio de dois alunos do tradicional Colégio Bandeirantes, na Zona Sul, comoveu pais, alunos e ex-alunos da escola. Os casos aconteceram no intervalo de dez dias com dois estudantes do ensino médio que, segundo relatos, não se conheciam. Segundo relatos, um dos jovens sofria de depressão e seu ato teria sido premeditado, enquanto o outro teria feito, depois, de maneira impulsiva.
A partir disso, a escola organizou rodas de conversa, mediadas por professores, para que os alunos possam falar sobre suas experiências, ajudando no combate e prevenção de novos suicídios.
O problema se tornou tão grande nos últimos anos que medidas já estão sendo tomadas em diferentes esferas da sociedade. Na tentativa de combater o bullying nas escolas, a Comissão da Câmara de Deputados aprovou em julho de 2016 o Projeto de Lei 6504/13, que obriga as escolas brasileiras a realizarem campanha contra o bullying. As ações devem ser anuais em todas as escolas de ensino fundamental e médio, com duração de uma semana, sempre na primeira quinzena de abril.
Ainda falta um longo caminho no combate ao bullying e suas consequências, como o suicídio. Mas o importante é saber que estado e sociedade estão cada vez mais engajados em medidas preventivas.
E você? Onde você acha que o bullying começa? A escola deve ser responsabilizada? Deixe seu comentário!
https://joanasantiago.com.br/wp-content/uploads/2018/09/20.destaque.png334513Joana Santiagohttps://joanasantiago.com.br/wp-content/uploads/2016/04/JOANA-SANTIAGO-LOGO-300x120.jpgJoana Santiago2018-09-20 14:00:052018-10-19 12:20:22Bullying: qual o limite da brincadeira?
Quais as causas quando alguém que parece ter tudo tira a própria vida?
Robin Williams, Aviici, Chester Bennington, Chris Cornell, Anthony Bourdain, Kate Spade, Dolores O’Riordan, Heath Ledger, Cory Monteith. O que esses famosos têm em comum além do talento em suas respectivas profissões? Todos eles se suicidaram.É comum se perguntar: por que pessoas como eles, ricos e famosos, teriam motivos para tirar a própria vida? A resposta é pertinente: a depressão.
No post anterior, revelamos que, segundo uma pesquisa realizada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), as maiores causas do suicídio são a depressão, transtorno afetivo bipolar, dependência química, esquizofrenia e transtornos da personalidade. A maior causa continua sendo a depressão, com 30% dos casos.
Para piorar, o risco de pessoas comuns copiarem famosos que se suicidaram já é conhecido e discutido pelas autoridades de saúde pública. A revista científica norte americana PLOS One revelou que, de acordo com um levantamento realizado, cinco meses depois do suicídio do ator Robin Williams houve 10% mais casos que o esperado para o período. E uma das causas pode ser a exposição errada e excessiva da mídia na cobertura do acontecimento. Tanto que a Organização Mundial da Saúde (OMS) e vários manuais de imprensa, aconselham veículos de comunicação a não entrarem em detalhes sobre os métodos usados pelas pessoas que se suicidaram. No caso do Robin Williams, pesquisadores afirmam que foram encontradas “evidências substanciais” de que vários veículos violaram essa diretriz.
“Quanto mais pessoas ficarem sabendo de detalhes específicos, haverá, potencialmente, mais casos de identificação (com a decisão de se suicidar).” É o que afirma David Fink da Escola de Saúde Pública da Universidade de Columbia. E a melhor forma de evitar que isso aconteça é através da informação.
No Brasil, o CVV, Centro de Valorização à Vida, presta desde 1962 um serviço voluntário e gratuito de apoio emocional e prevenção do suicídio para todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo e anonimato.
Uma das voluntárias, Eliane Mota, afirma que “O suicídio mata pelo menos 1 brasileiro a cada 45 minutos. É um problema sério e pouco falado, pois é cercado de tabus. É importante falarmos abertamente sobre o assunto, sem preconceitos, seja dentro de nossos lares, no ambiente de trabalho, nas escolas, igrejas e roda de amigos”.
O atendimento do CVV pode ser feito pelo telefone 188 (sem custo e 24 horas), pelos postos de atendimento físicos ou pelo chat do site www.cvv.org.br. São realizados mais de 2 milhões de atendimentos anuais, por aproximadamente 2.400 voluntários, localizados em 19 estados mais o Distrito Federal.
Você saberia identificar sinais de depressão em seus amigos e familiares? Fale comigo!
https://joanasantiago.com.br/wp-content/uploads/2018/09/14.destaque.png334513Joana Santiagohttps://joanasantiago.com.br/wp-content/uploads/2016/04/JOANA-SANTIAGO-LOGO-300x120.jpgJoana Santiago2018-09-14 11:00:402018-10-19 12:03:45Dinheiro, fama e sucesso. O suicídio no mundo dos famosos.
Tirar a própria vida é a atitude mais extrema que alguém pode tomar. Mas você sabia que grande parte dos casos de suicídio está ligada a transtornos mentais? Antes de mais nada, transtorno mental não significa loucura. Este tipo de distúrbio é detectado por um profissional de saúde mental através de padrões comportamentais. Esses transtornos causam sofrimento e incapacidade de agir de forma saudável no cotidiano.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de 90% dos casos de suicídio está relacionado a problemas como transtornos de humor, dependência alcoólica, esquizofrenia e transtornos de personalidade.
“Muitos acreditam que o suicídio resulta de uma escolha livre, como um exercício da liberdade entre escolher a vida ou a morte. Mas, na verdade, em quase 100% dos casos ele está associado a uma doença mental. Os dados da OMS mostram, por exemplo, que em apenas 3,2% dos casos não foi possível identificar um diagnóstico preciso entre as vítimas. Esses transtornos mentais alteram a percepção da realidade e podem interferir no livre-arbítrio”. É o que afirma o José Alberto Del Porto, pós-doutor pela University of Illinois at Chicago (EUA) e professor-titular da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Os principais tipos de transtornos mentais relacionados ao suicídio são:
Depressão e Transtorno afetivo bipolar (36% dos casos*)
Transtorno relacionado ao alcoolismo e substâncias (23% dos casos*)
Esquizofrenia (14% dos casos*)
Transtornos de personalidade (10% dos casos*)
*Segundo pesquisa realizada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) (disponível em inglês)
Todos nós podemos ajudar a combater o suicídio. As discussões sobre o suicídio e suas possíveis causas vêm ganhando cada vez mais espaço na sociedade. Foi assim que, em 2014, surgiu o Setembro Amarelo, um mês inteiro para desmistificar e tratar o assunto com lucidez. Afinal, a melhor forma de combate é a informação.
Você sabe como poderia ajudar alguém nessa situação? Tire suas dúvidas!
https://joanasantiago.com.br/wp-content/uploads/2018/09/06.destaque.png334513Joana Santiagohttps://joanasantiago.com.br/wp-content/uploads/2016/04/JOANA-SANTIAGO-LOGO-300x120.jpgJoana Santiago2018-09-06 13:36:242018-10-19 12:20:40Estudos afirmam: transtornos mentais são a maior causa de suicídio.
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O armazenamento técnico ou acesso é estritamente necessário para o propósito legítimo de habilitar o uso de um serviço específico explicitamente solicitado pelo assinante ou usuário, ou para o único propósito de realizar a transmissão de uma comunicação em uma rede de comunicações eletrônicas.
Preferências
O armazenamento ou acesso técnico é necessário para o propósito legítimo de armazenar preferências que não são solicitadas pelo assinante ou usuário.
Statistics
O armazenamento ou acesso técnico que é usado exclusivamente para fins estatísticos.O armazenamento técnico ou acesso que é usado exclusivamente para fins estatísticos anônimos. Sem intimação, acesso voluntário do seu provedor de serviços de internet ou registros adicionais de terceiros, as informações armazenadas ou recuperadas para este propósito, em geral, não podem ser usadas para identificá-lo.
Marketing
O armazenamento técnico ou acesso é necessário para criar perfis de usuários para enviar anúncios ou para rastrear o usuário em um site ou em vários sites para fins de marketing semelhantes.