Reflexão sobre o Filme “Entre Abelhas”

 

Quantas vezes você já escutou alguém falando “cinema nacional não presta”? Eu sempre escuto, e na maioria das vezes quem fala não conhece um terço dos filmes que são bons.

Tendo em vista isso e aproveitando o Dia do Cinema Brasileiro que é comemorado hoje, 19 de junho, indico a vocês um filme muito interessante que nem todo mundo conhece e aborda a depressão. Quem reclama que o cinema nacional acaba sempre caindo na mesmice com seus excessos de comédias, vai se surpreender.

Estou falando do filme nacional Entre Abelhas (2015), estrelado por Fábio Porchat e dirigido por Ian SBF (ambos criadores do Porta dos Fundos). O filme é poderoso e fala sobre depressão sem falar sobre depressão.

Depressão não é só se sentir triste. É uma doença perigosa e que precisa ser tratada. Pessoas com depressão fazem mal a si e aos próximos. Depressão não é frescura. Nos tempos de hoje, com todo mundo conectado, é muito mais fácil se sentir sozinho.

Sem entrar em pormenores, considero o filme uma interessante metáfora da depressão, transtorno no qual o sofrimento por vezes torna-se tão intenso que é como se o mundo e as pessoas não mais existissem. Imerso em seu próprio sofrimento, o depressivo não consegue olhar além de si. Este é exatamente o caso de Bruno (interpretado por Fábio Porchat). Recém-separado de sua esposa, com quem viveu alguns anos, o personagem encontra-se num doloroso processo de luto. E é justamente no meio deste turbilhão que tem início a sua cegueira. A situação de Bruno também pode ser interpretada como uma metáfora da solidão nas cidades (grandes ou pequenas), nas quais as pessoas são, de certa maneira, invisíveis umas para as outras.

Muitas vezes, querendo ajudar, as pessoas dizem: “Um dia passa”, “o tempo vai curar”, “deixa isso para lá”, porém, são palavras que não acrescentam em nada e, dependendo da situação, podem até ser prejudiciais. Incentivar a procura por um profissional é o melhor que se pode fazer. Lembre-se: qualquer pessoa pode ter depressão.