os adolescentes e as drogas

É normal as pessoas pensarem que adolescente usuário de drogas (alcóol, tabaco e outras ilícitas) são “filhos ruins”, que “não prestam” ou coisas do tipo. Mas essa visão é totalmente equivocada; e a percepção que o uso ou experimento de uma substância está relacionado a rebeldia da fase de vida do jovem, também não é correta.

A tendência de uso de forma perigosa, e até a dependência de substâncias, não é tão simples quanto parece ser, mais ainda no caso do jovem.

A fim de entender este comportamento e ter um diagnóstico o quanto antes, procurar ajuda de um psicólogo ou profissional da área de saúde é de suma importância.Colocar-se no lugar do adolescente, entender seu momento de vida e buscar o diálogo também facilita a aproximação e um futuro diagnóstico.

Entre tantos motivos e causas, listamos 5 exemplos que aproximam o jovem das drogas:

 

CURIOSIDADE

Muito natural nessa fase da vida, os adolescentes muitas vezes experimentam drogas por serem curiosos. Normalmente na vontade de saber “a onda que dá” e o que vão sentir ao usar tal substância, mesmo sabendo que as drogas são ruins, o jovem crê que nada de mal pode acontecer a ele. Buscar educar seu filho sobre as consequências das drogas e como uma vida saudável e sem drogas faz bem, pode acabar com essa “curiosidade”.

 

 ESTRESSE

Na adolescência os estudos tomam uma proporção maior e com isso o estresse aumenta demais, repentinamente. Agenda lotada de aulas, provas avançadas, preocupação em tirar nota boa, atividades extracurriculares; que junto a falta de habilidade em enfrentar esse momento de pressão, pode levar o adolescente a procurar um método de amenizar o estresse, voltando-se para as drogas.

 

TÉDIO

Uma das causas mais comuns que levam o adolescente a experimentar substâncias em geral é o tédio. Quando o jovem não tem interesses maiores ou motivação nesse momento da vida, ele fica entediado muito rápido e vê nas drogas algo novo a ser explorado. Procure elevar mais as responsabilidades do adolescente, lhe oferecer novas atividades, para que não fique com muito tempo livre.

 

 PERDA DE PESO

Adolescentes do sexo feminino, em muitos momentos, procuram perder peso para se sentirem mais bonitas e nessa busca acabam enxergando nas drogas uma forma rápida de chegar ao peso “ideal”. Neste período da vida, as jovens estão mais conscientes de sua sexualidade e seu corpo, podendo chegar ao ponto de fazer de tudo para atingir o “corpo perfeito” e atrair a atenção dos garotos. Em alguns casos, elas podem estar lutando contra um transtorno alimentar mais sério, como anorexia e/ou bulimia.

 

 GENÉTICA

Os adolescentes podem ser predispostos geneticamente ao experimento de substâncias e até se tornar dependentes. Se houver um histórico na família, isso pode ser levado em consideração, embora isso não signifique que todo jovem com algum familiar próximo que é dependente de substâncias será dependente também, indica apenas uma predisposição. Se houver alguma história na família de dependência, não hesite, seja honesto com o jovem e fale com ele sobre os riscos reais do abuso.

 

Fique sempre atento e mantenha uma aproximação ao adolescente, com diálogo, transparência e educação. Qualquer dúvida, entre em contato com um profissional e busque ajuda.

O abuso e a dependência de substâncias

Para uma melhor introdução ao tema, é preciso frisar que o uso de substâncias (como álcool, tabaco e drogas ilícitas) é responsável por 12% da mortalidade em todo mundo e também lidera as causas de morte passíveis de prevenção.

Olhando para o Brasil, de acordo com um levantamento realizado em 2012 (2º Levantamento Nacional de Álcool e Drogas – LENAD) a população masculina é a mais afetada. Estima-se que 10% dos homens brasileiros são dependentes de álcool, enquanto na população feminina esse percentual cai mais da metade, onde 3,5% das mulheres ainda são atingidas pelo transtorno. O abuso de substâncias ilícitas também é alarmante em terras tupiniquins.

Nosso país está em segundo lugar no mercado internacional no consumo de derivados da cocaína, ficamos atrás somente dos EUA.

Sabemos que nesse quadro as pessoas que abusam de substâncias ficam mais expostas a fatores de risco e com isso mais suscetíveis a desenvolver transtornos mentais e físicos. Diagnósticos de depressão são significativamente maiores entre os dependentes de álcool do que na população em geral, por exemplo.

Porém é importante frisar que a existência de problemas ligados ao uso de drogas em geral não evidencia a dependência em si. Para chegar a esse diagnóstico é preciso apresentar uma série de sintomas de gravidade variadas, por isso procurar ajuda de um profissional é o mais adequado nessa situação. Existem pessoas claramente dependentes, mas a maioria dos que fazem uso de substâncias estão num estágio entre o uso social (recreativo) e a dependência de fato, o que torna mais complexo chegar a um diagnóstico preciso.

É comum acharmos que somente pessoas já dependentes precisam de tratamento, o que é um equívoco. No tratamento para transtornos relacionados ao abuso de substâncias, o ideal deve ser “quanto antes melhor”, pois na medida que o tempo passa, o uso vai se tornando mais frequente, o problema se agrava e daí toma proporções gigantescas, afetando a vida social e financeira para o dependente e sua família.

Por isso não perca tempo, procure ajuda de um profissional e esclareça suas dúvidas.

Como é feito o diagnóstico de transtornos mentais

Diferente de outras áreas da medicina, a piscologia e psiquiatria não trata doenças e sim transtornos, pois os transtornos mentais e as alterações de comportamento não possuem um fator etiológico único. O diagnóstico em si é feito, principalmente, com base em dois manuais, o CID 10 (Classificação Internacional de Doenças – 10ª edição) e o DSM V (Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais – 5ª edição).

Entendendo um pouco a CID 10

Publicado pela OMS (Organização Mundial de Saúde), a CID é um dos principais manuais da medicina e é usada mundialmente para apresentar estatísticas de mortalidade e morbidade, dando suporte nas decisões da medicina em geral.

Este manual é revisto de forma periódica e hoje já está em sua edição de número 10.

A CID foi desenvolvida em 1993 e desde então traz atualizações que acontecem anualmente (de forma menor) e a cada três anos (trazendo mudanças maiores), com a chancela e publicação da OMS.

O transtorno mental e o DSM V

O DSM (Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais) foi criado em 1952 com o objetivo de definir como deve ser feito o diagnóstico dos transtornos mentais e de comportamento de forma universal.

Desde essa época o manual tem sido um dos mais usados no mundo no que diz respeito a diagnósticos de saúde mental.

Em sua versão mais atualizada (DSM V), publicada em 2013, o manual trouxe algumas mudanças importantes, além da inserção de novos diagnósticos como:

⦁ Transtorno de acumulação

⦁ Transtorno de compulsão alimentar periódica

⦁ Transtorno de escoriação (skin-picking)

⦁ Transtorno de hipersexualidade

⦁ Adicção a internet

Esse último diagnóstico é um distúrbio atual, caracterizado pelo uso da internet de forma compulsiva, onde o indivíduo chega ao ponto de prejudicar seriamente várias áreas da sua vida, tanto profissional, quanto social. Essas mudanças e adições no DSM V também nos mostra o quanto ele é atualizado e sofre revisões frequentes. Não à toa é usado por psicólogos, médicos e terapeutas renomados em todo mundo, pois contém informações úteis para todos os profissionais que atuam na área da saúde mental.

O DSM V (a mais nova versão do manual) traz outra atualização que merece destaque. Trata-se da seção de Transtornos de Uso de Substância, que agora conta com alguns padrões para diagnóstico de novas abstinências, como no caso da cafeína, por exemplo. Com tantas alterações e revisões, o manual é indispensável para os profissionais da área de saúde mental.

A família e o transtorno mental

Os transtornos mentais e do comportamento são problemas clinicamente significativos que se caracterizam por uma alteração de modos de agir, de lidar com o outro, de humor e/ou uma alteração de funções mentais.

A família é nossa base e a primeira referência de proteção e socialização de qualquer indivíduo. É ela que nos orienta sobre os primeiros passos nas relações sociais e afetivas. A presença do transtorno mental no ambiente familiar é um choque que causa mudanças nos hábitos e rotinas da família, visto que, junto com o diagnóstico podem surgir outros fatores relacionados, como o preconceito e a exclusão da pessoa em questão.

Além do baque com o diagnóstico, todos na família passarão por um período de adaptação, o que pode produzir sobrecarga, dúvidas, conflitos, medo e insegurança, acarretando em desgaste físico e mental.

O convívio com um familiar com transtorno mental propicia mais situações de:

⦁    Problemas de relacionamento
⦁    Estresse
⦁    Dependência
⦁    Recaídas
⦁    Extremismos comportamentais

A importância familiar nos casos de transtorno mental, vai além do cuidado e apoio ao paciente. A família se torna parte do tratamento, ajudando através de atitudes e gestos no convívio social, sanando dúvidas, acolhendo e até acompanhando o diagnosticado nas consultas ao psicólogo e/ou psiquiatra.

Um ambiente inadequado pode ser nocivo a quem tem sofrimento psicológico, intensificando os conflitos internos e, com isso, dificultando cada vez mais o progresso do tratamento.

O suporte da família é a base para uma boa condição emocional do paciente, tanto para prevenir crises repentinas, quanto para sua total recuperação. Agindo da forma correta, a família se torna o pilar de uma nova vida, colaborando na adequação ao tratamento e sua melhora. É válido ressaltar que, em diversos casos, parentes do indivíduo diagnosticado com transtorno mental também necessitam de apoio psicológico, pois é na psicoterapia que irão lidar com seus sentimentos e aprenderão a lidar com os problemas de relacionamento e estresse do dia a dia. Assim, não há sobrecarga para os familiares e nem para o paciente.

Cuide de si para cuidar do próximo!