O TAG é um dos motivos mais comuns de consultas médicas e a sua principal característica é a preocupação excessiva.

Nunca se falou tanto em ansiedade. Com a pandemia e o ritmo cada vez mais frenético das nossas vidas, a saúde emocional vai ficando de lado e as dificuldades aumentam. Assim, os casos de transtorno de ansiedade generalizada têm se tornado mais frequentes.

Sentir ansiedade, seja diante de momentos nunca vividos anteriormente, em um compromisso importante ou em uma espera por um sonho tão desejado é bem comum, mas, quando essa preocupação toma um tamanho exagerado é sinal de que algo está fora do controle. Ansiedade persistente e irreprimível merece atenção especial, pois ela pode ser Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG).

Mas o que é ansiedade generalizada?

O TAG é caracterizado pela ansiedade excessiva e preocupação exagerada com os eventos da vida cotidiana sem motivos óbvios. Pessoas com sintomas de transtorno de ansiedade generalizada tendem sempre a esperar um desastre e estão sempre extremamente preocupadas com saúde, dinheiro, família, trabalho ou escola.

Em pessoas com ansiedade generalizada, a preocupação geralmente é irreal ou desproporcional para a situação. A vida diária torna-se um constante estado de preocupação, medo e pânico. Eventualmente, a ansiedade domina o pensamento da pessoa, interferindo no funcionamento diário, incluindo o trabalho, a escola, as atividades sociais e os relacionamentos.

Principais sintomas:

O transtorno de ansiedade generalizada ocorre quando uma pessoa encontra dificuldade para controlar o medo, durante vários dias, por um período superior a seis meses. Além disso é preciso apresentar três ou mais sintomas da lista abaixo:

  • Preocupações e medos excessivos
  • Visão irreal de problemas
  • Inquietação ou sensação de estar sempre “nervoso”
  • Irritabilidade
  • Tensão muscular
  • Dores de cabeça
  • Sudorese
  • Dificuldade em manter a concentração
  • Náuseas ou queimação no estômago
  • Necessidade de ir ao banheiro com freqüência
  • Fadiga e sensação de cansaço constante
  • Dificuldade para dormir ou manter-se acordado
  • Surgimento de tremores e espasmos
  • Ficar facilmente assustado

Quais são as causas da ansiedade generalizada?

Não existe uma causa específica para a TAG, mas, sim, um conjunto de fatores que colabora para o seu aparecimento. Esses podem ser de origem genética, química (desequilíbrio hormonal no cérebro) ou dos estímulos do ambiente externo. A hereditariedade é um aspecto importante. Caso não haja possibilidade de hereditariedade, a ansiedade pode ter sido ocasionada por experiências que despertaram grande medo ou tristeza, como a morte de um parente, envolvimento em um acidente ou bullying na escola.

Como é feito o diagnóstico?

É importante não confundir o transtorno de ansiedade generalizada com os sentimentos comuns de medo e ansiedade. Para considerar um diagnóstico, os sintomas do transtorno de ansiedade generalizada devem estar presentes por, pelo menos, seis meses e causar desconforto ou prejudicar a rotina da pessoa e/ou seu relacionamento social, familiar e de trabalho.

O diagnóstico não deve ser feito com pressa, pois há risco de identificar errado os sintomas, o chamado “falso positivo”. A hipótese do TAG estar relacionado com outras doenças psiquiátricas – como depressão, transtorno obsessivo e transtorno de pânico – deve ser avaliada também.

Tem tratamento?

O transtorno de ansiedade generalizada tem tratamento e a escolha deve ser baseada na eficácia da terapia, segurança, efeitos colaterais e custo. Geralmente, o tratamento é feito combinando: Psicoterapia, a mais comum para o transtorno de ansiedade generalizada é a terapia cognitivo-comportamental, que se baseia em como a pessoa interpreta suas experiências. A terapia familiar também pode ser indicada quando houver necessidade de envolver pessoas do convívio próximo no tratamento.

Medicamentos, os mais utilizados são os ansiolíticos e antidepressivos da classe dos inibidores da recaptação de serotonina (IRS) e dos inibidores da recaptação de serotonina e noradrenalina (IRSN). Apenas médicos podem receitar esses medicamentos.

É importante procurar ajuda de um profissional o quanto antes para que não chegue, por exemplo, aos graus mais elevados. Se você já passou por situações parecidas, então é recomendada a procura com mais urgência, para que o tratamento seja iniciado o quanto antes.

Sou Joana Santiago – Psicóloga

Distúrbio que envolve impulsos recorrentes e irresistíveis de retirar pelos do corpo.

A tricotilomania é um tipo de transtorno compulsivo crônico, bem como o Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC), caracterizado pelo hábito de arrancar cabelos. Cerca de 2% da população tem essa condição, sendo que 90% dos pacientes são mulheres.

É um transtorno psicológico que tem como característica a mania incontrolável de arrancar fios de cabelo ou pêlos do corpo, como cílios, barba e sobrancelhas. O paciente com o problema, ao puxar os fios, é tomado por uma sensação de alívio e prazer imediatos. Ou seja, é uma ação feita por impulso que serve como uma libertação emocional.  

A doença pode ser motivada por diversos fatores, tanto emocionais quanto biológicos, e geralmente está associada à falta de controle dos impulsos, à ansiedade, estresse e ao transtorno obsessivo compulsivo (TOC). Em alguns casos, o transtorno pode evoluir para a Tricofagia, quando a pessoa, além de arrancar os fios, passa a comê-los.

O transtorno pode começar tanto na infância e adolescência quanto na fase adulta, e assim que for percebido é indicada a busca por tratamento. Apesar de não parecer uma condição debilitante à primeira vista, o hábito crônico de arrancar os cabelos pode levar as pessoas a se ausentarem do trabalho, cessarem interações sociais e desgostarem da aparência. 

Causas

Não existe uma causa única para a TTM. As pesquisas mostram que fatores genéticos, neurobiológicos e comportamentais podem estar envolvidos no aparecimento da desordem. O ligeiro aumento do número de casos observado numa mesma família sugere que possa ter caráter hereditário.

Estudos recentes levantam a possibilidade de que a tricotilomania ocorre por deficiência de alguns neurotransmissores relacionados com a impulsividade, entre eles, a serotonina, a noradrenalina e a dopamina.

Sintomas

O paciente com tricotilomania pode apresentar sintomas físicos, psicológicos e até comportamentais. Estar atento aos sintomas e sua intensidade são importantes para entender o problema e buscar por tratamento.

Veja alguns dos sintomas:

  • Falhas no couro cabeludo
  • Falha nas sobrancelhas, cílios ou outra parte do corpo com pelos
  • Se sentir aliviado ao arrancar um fio
  • Comportamento automático de arrancar os fios
  • Dificuldade de conseguir parar por completo de arrancar os fios
  • Ingerir os fios
  • Esconder a cabeça com lenços ou chapéus
  • Obstrução intestinal
  • Estresse
  • Ansiedade
  • Comportamento impulsivo

Embora a necessidade de arrancar os fios de cabelo resulte em alívio e em uma sensação de prazer, a pessoa passa a ter vergonha de suas ações quando os indicativos que possui essa condição (áreas no couro cabeludo sem cabelo) ficam claros. Ela teme ser descoberta e ser rotulada como “louca” ou “estranha”. 

No fundo, sabe que esse comportamento não é comum, mas não consegue combater a compulsão de puxar os fios. 

A variação de emoções é tamanha que a pessoa com esse transtorno vai ficando ansiosa, deprimida ou em pânico à medida que os sintomas se agravam. Ela trava uma luta frequente entre o desejo de arrancar os fios, o alívio após satisfazê-lo e o temor das consequências desse ato.

Sendo assim, essa condição também pode ocasionar a alopecia, condição de saúde de origem emocional que causa a queda de cabelo e o aparecimento de regiões calvas no couro cabeludo. Lesões e infecções de pele nas áreas afetadas são igualmente comuns. 

Diagnóstico

Tudo leva a crer que a tricotilomania seja um transtorno subdiagnosticado. Primeiro porque, por vergonha, culpa ou constrangimento, os pacientes demoram para procurar atendimento médico e, feito o diagnóstico, muitos nem sequer retornam para conversar sobre as possibilidades de tratamento. Segundo porque, até mesmo entre os profissionais de saúde, falta a informação necessária sobre a doença e suas características.

O diagnóstico baseia-se especialmente na avaliação clínica do paciente, considerando alguns critérios que levam em conta os sinais e sintomas da doença, tais como:

  • Comportamento recorrente de arrancar os cabelos, que resulta em perda capilar perceptível;
  • Sensação de tensão crescente, imediatamente antes de arrancar os cabelos ou quando o paciente tenta resistir ao impulso;
  • Prazer, satisfação ou alívio depois de arrancar os cabelos.

É importante também estabelecer o diagnóstico diferencial com outros transtornos mentais ou com possíveis moléstias dermatológicas que justifiquem as áreas de perda de cabelos que, em geral, são irregulares e ocorrem mais do lado da mão com lateralidade dominante.

Tricotilomania tem cura?

Quando o paciente reconhece o problema e procura por um tratamento especializado, as chances de cura aumentam. O tratamento é multidisciplinar, ou seja, envolve profissionais de diferentes especialidades (dermatologistas, psicólogos, psiquiatras, clínicos, por exemplo).

Embora o assunto ainda demande estudos clínicos e epidemiológicos, a combinação da terapia cognitivo-comportamental (TCC) com alguns medicamentos antidepressivos e estabilizadores do humor tem sido utilizada para controle do impulso e alívio dos sintomas da TTM.

A Terapia consiste em ajudar o paciente com os seguintes benefícios:

  1. Identificar disparadores do ato de arrancar os pelos;
  2. Compreender sua ansiedade
  3. Administrar os gatilhos para a ansiedade
  4. Administrar sentimentos que levam à arrancar os pelos ou cabelo
  5. Técnicas de autocontrole
  6. Estratégias para lidar com o impulso
  7. Desenvolvimento de novo repertório comportamental
  8. Diminuição dos sintomas

Basicamente, a proposta da terapia cognitivo-comportamental é ensinar o paciente a reconhecer pensamentos e sentimentos distorcidos e negativos (cognição) que funcionam como gatilhos e induzem o comportamento compulsivo e indesejável de arrancar os cabelos, a fim de substituí-los por hábitos novos e inofensivos. Essa técnica recebe o nome especial de “treinamento para a reversão de hábitos” (HRT, do inglês habit reversal training). Paralelamente, o paciente é estimulado a realizar exercícios de relaxamento que ajudam a reduzir a tensão e favorecem o controle dos impulsos e a modificação do comportamento.

Embora a ocorrência desse transtorno não pareça ser significativa, ele é, de fato, muito comum em graus variados. Por exemplo, adolescentes costumam experimentar sintomas mais leves, os quais podem ser tratados com a mudança de hábitos. Compartilhe-o com quem você acredita que pode se beneficiar desse conhecimento, especialmente pessoas próximas com ansiedade e/ou que vivenciam situações estressantes.

Sou Joana Santiago – Psicóloga