Diante da ameaça do contágio, instabilidade financeira e privação da liberdade, restou uma sensação de perda, que está ligada com o processo de luto.

Com a mesma velocidade que o novo coronavírus se espalhou pelo mundo, o número de infectados e de mortes também acompanha esse crescimento. Infelizmente, o sentimento de vulnerabilidade toma conta de todos nós e mesmo que não seja com uma pessoa próxima, nos perguntamos: como vou encarar a dor pela perda de um ente querido nesse momento de quarentena?

O luto nada mais é do que uma resposta a algum vínculo que se rompe, deixa de existir e gera um estado de desamparo. Independentemente do tipo de perda, cada indivíduo vivencia essa condição dentro de seus próprios recursos e limitações.

A verdade é que podemos nos esforçar para definir o que é luto, mas nenhuma definição será perfeita, porque ele é extremamente particular e individual. Cada um elabora o sofrimento, a desestrutura, a ideia de fim, de modo singular.

A importância do apoio emocional

Sempre insistimos na importância dos rituais de despedida e de estar presente na vida do enlutado. As barreiras que vivemos agora, com o distanciamento físico imposto pela Covid-19, nos fizeram pensar – e agora?

Tudo é absolutamente novo mas, ao mesmo tempo, há coisas que não mudam: os rituais de despedida são essenciais, ainda que tenhamos de criar novos para esse momento de exceção. Estar presente fisicamente na vida do enlutado talvez não seja possível, mas o carinho, a atenção e a presença podem acontecer de outras formas. Mesmo que à distância, manifeste sua presença: ligar, enviar mensagens, mandar e-mails, serviços de entrega de comida (nas duas primeiras semanas é muito importante) e conversar por vídeo podem ser alternativas interessantes.

Na perda de alguém querido os sentimentos recorrentes são: ansiedade, confusão mental, sensação de impotência, altos e baixos de humor e sentir-se perdido. É muito importante nesse processo você acolher os sentimentos, não se culpar por senti-los e dar a atenção que eles precisam, expressar o que sente com pessoas próximas, buscar prazer nas pequenas coisas e procurar focar no presente (praticar meditação, dançar, brincar com as crianças, etc), controlar o que você pode controlar (lavei as mãos? passei álcool? coloquei a máscara?), organizar uma rotina diária que inclua atividades produtivas, de auto-cuidado e de relaxamento e praticar a compaixão.

Ser flexível é importante já que cada um vivencia e lida com esses sentimentos de forma diferente e, com isso, varia o tempo que cada um passa por este processo. Praticar a tolerância com quem compartilha a quarentena com você é essencial. Tenhamos esperança, sabemos que o mundo virou do avesso de repente, mas assim como no luto, acredito que um dia sairemos da tormenta, diferentes do que entramos e inevitavelmente transformados.

Em muitos casos é necessário ajuda profissional para promover a memória saudável – como uma saudade que não encerra o luto, mas o transforma numa compreensão superior – e para acolher a pessoa neste momento difícil. 

Fique bem, fique em casa!

Joana Santiago – psicóloga

Doenças psicossomáticas e sua relação com a quarentena
Como seu estresse pode realmente deixá-lo doente, principalmente nessa quarentena.

O termo psicossomático refere-se a sintomas físicos reais que surgem ou são influenciados pela mente e emoções, em vez de uma causa orgânica específica no corpo, como uma lesão ou infecção. 

Uma doença psicossomática se origina ou é agravada pelo estresse emocional e se manifesta no corpo como dor física e outros sintomas. A depressão também pode contribuir para doenças psicossomáticas, especialmente quando o sistema imunológico do corpo foi enfraquecido pelo estresse severo e/ou crônico que afeta algumas pessoas na quarentena.

É comum, no entanto, parecer que algumas situações são minimizadas quando ouvimos frases como “isso é psicológico” ou que é “apenas algo da sua cabeça”. Mas não é justamente na cabeça que reside o cérebro, responsável pelas funções do corpo?

É possível somatizar o estresse, o que começou como um conflito emocional pode virar doença ou sintoma. É o caso de problemas de estômago ou dores de cabeça que resultam de ansiedade. Há, ainda, casos de queda de cabelo.

Nesses casos, é preciso identificar a causa do problema, pois apenas a medicação não resolve, já que o fator que desencadeou a doença psicossomática continuará acontecendo. Isso se dá graças à ação do hipotálamo.

Essa glândula produz hormônios que controlam funções orgânicas. Quando alteradas pelas emoções e pelos sentimentos, elas acabam reagindo e acarretando doenças, entre elas problemas respiratórios, gastrointestinais, de pele ou mesmo circulatórios. É por isso que, muitas vezes, as pessoas tremem, têm dores de barriga ou rangem os dentes.

Como tratar doenças psicossomáticas

Ficar confinado pode afetar não só o emocional, como também o campo físico de uma pessoa. O contato social interfere na liberação de neurotransmissores como endorfinas, dopamina, serotonina e ocitocina, responsáveis pela sensação de bem-estar, de amor e empatia.

Pode parecer clichê, mas tentar ver o lado positivo ou ao menos evitar pensamentos ruins nesse momento são práticas fundamentais para enfrentar a quarentena de maneira saudável. Além de adotar uma rotina e hábitos novos, como mencionei no texto anterior – Cuide da sua saúde mental.

O diagnóstico muitas vezes é complicado devido à dificuldade de admitir que o problema pode não ser físico. Para prevenir uma doença psicossomática, autoconhecimento e vida saudável ajudam.

Ao identificar algum dos sintomas citados ou qualquer situação de estresse acima do normal, o ideal é procurar ajuda de um psicólogo para o tratamento começar logo. Em geral, a terapia é associada a hábitos que devem ser seguidos pela vida toda, tais como afastar-se ou mudar a postura em relação ao que desencadeia o problema.

E se você precisar de mais orientações, entre em contato comigo.

Joana Santiago — psicóloga

Saúde mental e quarentena
O descontrole emocional provoca descargas de hormônios que alteram o funcionamento do corpo e afetam a nossa imunidade.

À medida que a pandemia de coronavírus (COVID-19) varre o mundo, ela causa preocupação, medo e estresse generalizados, reações naturais e normais às mudanças e incertezas em que todos se encontram. A questão é, como cada um de nós enfrenta é como gerenciamos e reagimos à situação estressante que se desenvolve tão rapidamente em nossas vidas e comunidades.

A saúde emocional pede atenção em momentos de crise, principalmente, àqueles que já apresentavam um quadro emocional instável, que podem desencadear ansiedade e depressão. O stress pós-traumático pode acometer com qualquer pessoa, quando submetidos a uma situação como a que vivemos agora, e principalmente os profissionais da saúde que estão diretamente ligados a doença. Quem tem perfil obsessivo-compulsivo pode exacerbar os pensamentos e os rituais característicos. Além disso, agressividade, irritabilidade, insônia, uso abusivo de bebidas alcóolicas, inapetência ou comer compulsivamente são alguns dos quadros que também podem ocorrer.

Infelizmente essas são as respostas de nossa mente para a tão temida pandemia que se desenha no cenário mundial. Como estamos recebendo uma enxurrada de notícias, as pessoas se sentem inseguras e sem ter muita certeza do que pode realmente ser real, a sensação mais comum é a falta de controle, incerteza com os dias futuros e uma instabilidade relativa a tudo e a todos. Pessoas infectadas ou com suspeita podem, pelo desespero, apresentar comportamentos impulsivos e até evidenciar tendências suicidas.

Cuide da sua saúde mental

Divulgar nossos sentimentos nos ajuda a gerenciá-los, pois falar em voz alta diminui seu impacto sobre nós. Essa atitude também nos ajuda a nos conectar a compartilhar com outras pessoas que estão se sentindo da mesma maneira. Isso normaliza nossos sentimentos e nos ajuda a ter mais apoio. Neste momento, precisamos ser autênticos e gerenciar nossas próprias emoções. 

Enquanto pessoas infectadas estão de quarentena, muitos de nós, estamos em distanciamento social e ficaremos sozinhos mais do que estamos acostumados. Esse é um bom momento para conversar com parentes e aquele amigo com quem você não conversa há muito tempo. WhatsApp, ou melhor ainda, ligar e ouvir a voz das pessoas. Isso ajuda a quebrar a sensação de isolamento e de estar sozinho. Outras atividades, como ler um livro, escrever ou aprender um idioma podem ajudar. Além disso, considere a meditação para liberar a tensão. Nosso sistema imunológico agradece.

É certo que, vencemos o medo e a insegurança quando trabalhamos a nossa inteligência emocional a favor da razão. Esta fará com que você ultrapasse os obstáculos. Se estiver consciente dos cuidados e precauções, municiado de informações corretas, com toda certeza, você poderá encarar essa situação da maneira mais tranquila, sem pânico e sem desespero. E, o mais importante: sem contribuir para a disseminação das falsas notícias que só trazem angústia e alimentam os transtornos psíquicos de toda uma população.

Precisando de ajuda, entre em contato.

Páscoa na quarentena
Nesta Páscoa, estamos sendo convidados a renovar a vida como um todo!

A Páscoa tem um significado importante para diferentes religiões. E se por um lado, celebra a dor, o sofrimento – os judeus celebram para lembrar a libertação e êxodo do Egito, após 300 anos de escravidão – por outro comemora a passagem para uma vida nova, um recomeço (as religiões cristãs celebram a ressurreição de Jesus Cristo).

Neste ano, estamos sendo convidados a renovar a vida como um todo! O pós-coronavírus será um momento para valorizar o trivial: valorizar mais o toque humano, abraços e apertos de mão (os encontros presenciais); as pessoas da família, amizades e de maneira especial às pessoas idosas; a liberdade de caminhar pelas ruas, praças; e até mesmo a nossa rotina! Esse momento é de afastamento físico, mas não afetivo, porque podemos usar os meios de comunicação e as mídias sociais para nos conectar e celebrar a Páscoa.

É momento de estreitarmos os relacionamentos, especialmente em casa. Então podemos sim celebrar a Páscoa com maior relevância já que, mais do nunca, estamos sentindo a falta de estar com as pessoas. Todos estão reconhecendo que as pessoas são o que há de mais importante na vida. Essa Páscoa poderá ser a melhor de nossas vidas, pois a importância está em aproveitar momentos introspectivos como este para ressignificar o que realmente importa e nutrir a esperança de que é uma fase e que sairemos renovados em breve.

Desejo uma Páscoa com pensamentos positivos e confiantes!

Joana Santiago — psicóloga