O Brasil e cultura de corrupção

Infelizmente, a corrupção é um tema recorrente para nós brasileiros. Numa sucessão de escândalos, temos visto nos noticiários alguns dos principais líderes políticos dos últimos 20 anos irem para cadeia.

A mais recente, foi a notícia da prisão do até então governador Luiz Fernando Pezão, citado em delações premiadas e que chegou a ter o mandato cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral em 2017.

Mas a extensão deste tipo de comportamento vai muito além das manchetes nos portais de notícia, pois o fenômeno da corrupção está presente em nosso cotidiano, nas relações sociais mais básicas. Lamentavelmente, a corrupção faz parte da cultura das nações e, portanto, isto não é exclusividade da cultura brasileira. No entanto, as evidências de que vivemos em uma cultura que promove um contexto social altamente suscetível à corrupção são muito fortes.

Há alguns anos foi estruturado um grupo de pesquisa internacional em psicologia social transcultural, o Conexão Brasil, que teve como objetivo estudar o impacto que fatores relevantes da cultura brasileira exercem sobre processos psicológicos.

Em uma tentativa de avaliar como o contexto cultural pode afetar o endosso à corrupção, foi desenvolvido alguns estudos experimentais que foram publicados no Journal of Cross-Cultural Psychology no artigo intitulado “Cultura de Corrupção? Os efeitos do priming de imagens de corrupção em um contexto altamente corrupto”. Neste trabalho, foi examinado como pistas situacionais influenciam as intenções de endosso à corrupção entre brasileiros.

Os resultados do estudo destacaram que símbolos culturais, dentro de um contexto cultural específico, podem ser conectados a diferentes padrões comportamentais. Além disso, eles constituem uma evidência positiva de que existem símbolos culturais, reconhecidos claramente pelos brasileiros, que produzem um aumento da aprovação de comportamentos corruptos. Isto é coerente com a ideia de que o compartilhamento de tais símbolos, permissivos a comportamentos assemelhados à corrupção, cria um contexto social potencializador deste tipo de ato – com implicações negativas profundas.

Esses resultados nos trazem uma compreensão importante de como a psicologia do brasileiro recebe influência de sua cultura de socialização no que se refere à corrupção.

Assim, do ponto de vista prático, quando nos preocupamos em combater a corrupção, na verdade o que devemos atacar vai muito além do controle e punição, por parte dos órgãos estatais competentes, de agentes públicos ou privados envolvidos em crimes e corrupção. Isto é necessário, mas não suficiente.

A ação anticorrupção em nossa cultura deve passar pela alteração da permissividade cultural, produzindo uma cultura forte na coibição a este tipo de comportamento. Enquanto os cidadãos brasileiros não agirem cotidianamente na busca de coibir, diante de pessoas próximas, atos corriqueiros considerados como normais ou de consequência minimizada, tais como o desvio de verba no condomínio residencial ou o estacionamento no local irregular, as bases para a mudança cultural não serão lançadas.

Nossos estudos também indicam que precisamos modificar a norma social que favorece comportamentos corruptos, e uma forma de atingir isto é promover e divulgar a grande maioria de cidadãos que com suas ações diárias rejeitam a corrupção e não aceitam este comportamento negativo em suas vidas.

Como podemos evitar de contaminar ou sermos contaminados pelo comportamento social, de que a corrupção é natural no nosso cotidiano? Estamos no caminho certo no combate ao problema? E como nossos próximos governantes devem agir para diminuir a cultura da corrupção no Rio de Janeiro e no Brasil?

Dê a sua opinião sobre essas questões aqui no Blog!

 

Fonte: sbponline.org.br; journals.sagepub.com

Bullying: qual o limite da brincadeira?

O bullying se tornou uma das maiores causas de suicídio entre jovens. Como combater?

Mallory Grossman, 12 anos, era uma menina como qualquer outra na escola de ensino fundamental de Copeland, Estados Unidos. Em 2016, Mallory começa a receber mensagens de texto nas redes sociais. Algumas a chamavam de “fracassada” e debochavam da sua aparência. Outras diziam que ela não tinha amigos e que era melhor ela tirar sua própria vida. Depois de meses sofrendo essas ofensas, também conhecidas como bullying, Mallory comete suicídio.

Esse é mais um caso do mal que cresce diariamente causando danos irreparáveis: o bullying. Em luto, os pais de Mallory acreditam que a escola também é responsável pela morte. Foi aberta uma ação judicial por eles acusando a escola de não tomar uma atitude mais enérgica para que o bullying não acontecesse. Além disso, eles afirmam que a escola, como medida preventiva, sugeriu que Mallory fizesse seus lanches em uma sala isolada de outros alunos.

Limites

Fica a pergunta: até onde vai a brincadeira? Onde ela passa a ser agressão? De acordo com uma pesquisa da Plan realizada entre alunos de escolas, as causas mais comum para crianças e jovens se agredirem verbalmente são: “porque querem ser populares”, “por brincadeira” e “porque querem dominar o grupo”. Os resultados também revelam que “os maus-tratos entre colegas no ambiente escolar podem ocorrer porque o agressor é mais forte do que a vítima, a vítima não reage, a vítima é diferente, os agressores não são punidos pela escola, sentem-se provocados e acham que as vítimas merecem.”

Esse ano, em São Paulo, o suicídio de dois alunos do tradicional Colégio Bandeirantes, na Zona Sul, comoveu pais, alunos e ex-alunos da escola. Os casos aconteceram no intervalo de dez dias com dois estudantes do ensino médio que, segundo relatos, não se conheciam. Segundo relatos, um dos jovens sofria de depressão e seu ato teria sido premeditado, enquanto o outro teria feito, depois, de maneira impulsiva.

A partir disso, a escola organizou rodas de conversa, mediadas por professores, para que os alunos possam falar sobre suas experiências, ajudando no combate e prevenção de novos suicídios.

O problema se tornou tão grande nos últimos anos que medidas já estão sendo tomadas em diferentes esferas da sociedade. Na tentativa de combater o bullying nas escolas, a Comissão da Câmara de Deputados aprovou em julho de 2016 o Projeto de Lei 6504/13, que obriga as escolas brasileiras a realizarem campanha contra o bullying. As ações devem ser anuais em todas as escolas de ensino fundamental e médio, com duração de uma semana, sempre na primeira quinzena de abril.

Ainda falta um longo caminho no combate ao bullying e suas consequências, como o suicídio. Mas o importante é saber que estado e sociedade estão cada vez mais engajados em medidas preventivas.

E você? Onde você acha que o bullying começa? A escola deve ser responsabilizada? Deixe seu comentário!

Terapia Cognitivo-Comportamental

A palavra “psicologia” vem do grego “psique”, que significa “alma, espírito, mente”, mais a palavra “logos”, ou “estudos” em português. Ou seja: estudo da alma e da mente. Mas o que significa isso no dia a dia?

Em suma: o psicólogo trabalha no diagnóstico, prevenção e tratamentos de doenças mentais ou de personalidades. Para isso, ele busca identificar padrões do comportamento humano através da interação direta com o paciente e a observação dos casos.

Uma das vertentes da psicologia é a Terapia Cognitivo-Comportamental. Você conhece? Ela tem como princípio a seguinte teoria: a forma como cada um percebe e processa a realidade vai influenciar na forma como a pessoa se sente e comporta.

A partir daí, a TCC, como também é conhecida, passa a reestruturar e corrigir pensamentos distorcidos que possam afetar negativamente a vida do indivíduo. No início do tratamento, o foco é o aumento de consciência e percepção do paciente sobre os acontecimentos ao redor da sua vida, gerando, assim, uma mudança de comportamento.

Para isso, paciente e terapeuta trabalham como uma equipe. De que forma?
Avaliando as crenças do paciente e testando-as para confirmar se elas são reais ou apenas frutos de uma percepção distorcida.

Segundo Jürgen Margraf, psicólogo alemão autor de diversas obras sobre a TCC, a Terapia Cognitivo-Comportamental é voltada para a ação, e não apenas para a tomada de consciência, o que leva a uma compreensão mais profunda do problema. Desta forma, ela não se restringe à situação terapêutica, mas se estende ao dia a dia do indivíduo.

Além disso, estudos científicos desenvolvidos por Aaron Beck, psicólogo e um dos fundadores da Terapia Cognitiva, demonstram a eficácia da terapia a longo prazo para problemas como depressão, transtorno de ansiedade generalizada, ansiedade social, síndrome do pânico, transtorno obsessivo compulsivo e transtornos internalizados na infância.

E você? Já conhecia a TCC? Gostaria de saber mais sobre ela? Fala pra gente!