Apesar de ser um problema de saúde pública, com tendência de crescimento nos próximos anos, pois acompanha a expansão de doenças como a depressão, o suicídio ainda é um tabu no Brasil. Dificuldade de obter dados, preconceito e medo de estimular a prática da fala, são fatores que dificultam a discussão e a prevenção.
Suicídio em nossa sociedade.
Ao longo dos séculos, por razões morais e religiosas, o suicídio foi considerado um dos piores pecados, talvez o pior que um ser humano pudesse cometer. Esse tabu, que tem raízes profundas em nossa cultura, se transformou em um problema e ocultou uma triste realidade: que pode afetar qualquer pessoa a qualquer momento da vida, independentemente do status socioeconômico, idade, raça, sexo ou religião. E também está intimamente ligado a transtornos mentais que tiram a liberdade de escolha de um indivíduo.
Transtornos mentais, como depressão, transtornos bipolares e de personalidade, dependência química e esquizofrenia, que quando somados e não diagnosticados ou tratados inadequadamente, representam aproximadamente 80% dos casos. As situações estressantes da vida, para esses indivíduos já fragilizados, como dificuldades financeiras e ou emocionais, também são um fator significativo e podem desencadear o suicídio.
Problema de saúde pública
Os números em si devem ser suficientes para convencer alguém de que a questão não deve ser vista como um tabu, mas considerada como realmente é: um sério problema de saúde pública. Só para se ter uma idéia de sua magnitude, de 2007 a 2016, foram registrados 106.374 mortes por suicídio no Brasil. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, 804.000 pessoas no mundo morreram dessa maneira. No Brasil, é a quarta maior causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos, sendo a terceira para homens nesse grupo e, entre as mulheres, a oitava. O suicídio também tem inúmeras repercussões, como o forte impacto que essa morte causa na vida de outras pessoas.
Campanhas de prevenção
Levando tudo isso em consideração, a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) está fazendo todo o possível para fornecer informações aos médicos, outros profissionais de saúde e para população. Apoiando campanhas como “Setembro Amarelo”, propondo que, durante a semana de 10 de setembro, tenhamos campanhas e ações para a prevenção do suicídio.
Esse ano, famosos como: Ana Maria Braga, Evaristo Costa, Juliana Paes, Fábio Porchat e outros desativaram suas contas do Instagram por um dia, 10 de setembro, o objetivo foi causar estranhamento aos usuários da rede social mais popular do mundo.
Quando os famosos fossem pesquisados, eles não seriam encontrados e apareceriam indisponíveis. Com isso, a campanha teve por finalidade causar um espanto e um alerta em mais de 100 milhões de pessoas.
Ao longo do dia, as celebridades retornam às suas contas, explicando o motivo do “sumiço”. Eles se uniram ao Centro de Valorização da Vida (CVV) e tiveram como intuito, também, quebrar o tabu em se falar de saúde mental. Além disso, eles relataram dados trágicos sobre o suicídio e a importância que as campanhas de prevenção têm em combater esse mal.
Mas ainda há muito a ser feito. A conscientização e a educação pública são cruciais. É importante lembrar que, para uma pessoa depressiva ou com algum transtorno mental, além dos tabus, a dificuldade em pedir ajuda é muito maior. Portanto, temos que estar atentos aos sinais e sempre que tiver alguma desconfiança converse e procure ajuda profissional.
Você sabe como poderia ajudar alguém nessa situação? Tire suas dúvidas!